domingo, 13 de julho de 2014

Uma festa escolar pouco conhecida em Portugal: Cortejo dos estudantes finalistas do Liceu Jaime Moniz, Funchal, no momento do transito do pátio do liceu para a sé catedral.
A festa dos finalistas integra números civis (banquete e baile) e religiosos (benção das capas). Não consegui apurar com rigor quando começou a realizar-se no Liceu do Funchal a benção católica das capas de estudante. Admito que nas décadas de 1940-1950, ou até um pouco antes, pois já era considerada uma cerimónia costumeira na década de 1960. Esta festa sofreu contestação por alturas da Revolução de 1974 mas nunca terá chegado a ser interdita ou suspensa, ao contrário do que aconteceu com a maioria dos costumes praticados nos liceus portugueses e nas universidades de Coimbra e do Porto.
Na atualidade, e com a colaboração do órgão de direção da escola, os finalistas realizam anualmente a sua festa de consagração e despedida. Os alunos vestem smoking preto com capa negra. As alunas vestem tailleur preto com capa. Entre o Liceu e a Sé desfilam com as capas nos braços, só as colocando nos ombros no momento da benção religiosa pelo bispo diocesano.
A partir do Liceu do Funchal este costume académico generalizou-se nas diversas escolas de ensino médio/técnico da ilha da Madeira e da ilha de Porto Santo. A comunicação social regista-a na Escola Secundária Francisco Franco e na Escola Profissional de Hotelaria e Turismo.
Esta tradição académica coloca-nos algumas questões de ordem protocolar. Não fica suficientemente explicada a entrada no templo com a capa no braço. A tradição de benzer a capa é desconhecida em Coimbra, pelo que não se pode assacar à UC a sua origem. Admito que possa ter origem católica francesa, mas sem provas bastantes. Com efeito, na França dos séculos XVII a XIX havia a tradição de se dar a benzer a sotaina no momento em que era vestida pela primeira vez: ou ao entrar para o seminário, sendo o portador estudante, ou no momento da prima tonsura, situação que graves e conservadores prelados como Montault (1898: 81) consideravam um "abuso" inaceitável.

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