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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Foto superior: comissão de estudantes do Liceu de Braga que organizou as celebrações do 1.º de Dezembro. Traje reformado, batina aberta, papillon, laço no ombro esquerdo (membros de tuna?).
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 412, de 12.01.1914

Bernardino Machada visita o STJ (1916)

Visita oficial do Presidente da República Bernardino Machado, do ministério presidido por Afonso Costa, e do Ministro da Justiça João Catanho de Menezes ao Supremo Tribunal de Justiça em inícios de 1916.
-Foto superior: o Conselheiro Presidente do STJ, Abel Pinho, o PGR e os conselheiros recebem os altos dignitários na porta principal com vestes talares (beca e capa);
-[segue-se o cortejo até à sala dos atos, sem dados sobre como foi organizado];
-Foto inferior: constituição da mesa de honra: preside Bernardino Machado (1º), tendo à direita o Presidente do Conselho de Ministros Afonso Costa (2º), à esquerda o Ministro da Justiça (3º), novamente à direita o Presidente do STJ (4º), etc.
[proferidos discursos oficiais: Abel Pinho, Presidente do STJ (1.º), PR Bernardino Machado (2.º)]
-cortejo de saída e cumprimentos de despedida.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 522, de 21.02.1916

Funeral de Veiga Beirão (1916)

VB (1)

VB (2): funeral do Dr. Francisco da Veiga Beirão (24.07.1841-11.11.1916), bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra (1862), lente do Instituto Comercial de Lisboa, especialista em Direito Comercial, político monárquico, Ministro da Justiça e advogado.
-estudantes de capa e batina desfilam no cortejo fúnebre levando as capas conforme usança nos bandos precatórios (peditórios na via pública) e nas arruadas das tunas estudantis;
-estudantes com as batinas desabotoadas, sinal óbvio de que a "tradição" que associa a carcela fechada ao luto ainda estava para nascer;
-presença de advogados com a toga profissional;
-não há confirmação de observação da rubrica específica do cerimonial judiciário.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 561, de 20.11.1916

Sessão solene de encerramento do ano académico na Escola de Guerra, Lisboa, com a presença do PR e do ministério (1916)

Sessão de encerramento do ano escolar na Escola de Guerra
Nas instituições académicas, parlamentares, judiciárias, e outras, era de tradição abrir e encerrar-se os trabalhos anuais com cerimónias públicas. No começo do ano declaravam-se solenemente abertos os trabalhos perante várias autoridades que serviam de testemunhas no ato. Podia haver cortejo, missa, juramentos, discursos, música. No final do ano, havia também lugar a um novo momento de reunião com presença de autoridades, declarando-se solenemente encerrados os trabalhos. Algumas instituições juntavam na mesma cerimónia os discursos, as visitas guiadas, um sarau cultural e a entrega de diplomas. Noutras, a sessão de encerramento corria em dia distinto do dia da formatura (colação dos graus). Na atualidade, em Portugal, caíram em desuso as cerimónias de encerramento do ano parlamentar e académico. Nos tribunais superiores de apelação realiza-se no final do ano uma sessão em sala e um almoço-convívio.

Programa:
-recepção e cumprimentos ao PR, 1.º Ministro, ministros e autoridades;
-constituição da mesa de honra (presidindo o PR Bernardino Machado);
-discursos oficiais (Director da Escola, PR);
-distribuição de prémios;
-juramento de fidelidade;
-cumprimentos de despedida aos altos dignitários.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 547, de 14.08.1916

Cortejo e cerimónias de homenagem a Luís de Camões, Lisboa, 1916
Em cima, o Presidente da República Bernardino Machado, o Presidente do Conselho de Ministros António José de Almeida e liceais lisboetas de capa e batina.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 539, de 19.06.1916

Estudantes do Liceu de Évora com Florbela Espanca (1917)

Grupo de estudantes finalistas do Liceu de Évora, dois alunos de capa e batina, um aluno com farda militar, três alunas com no novo traje académico de capa e tailleur preto criado em 1914-1915. Esta fotografia vem publicada por Rui Guedes, Fotobiografia [de] Florbela Espanca. Lisboa: Dom Quixote, 1999, p. 107, com identificação dos seguintes elementos: (esquerda para a direita) Francisco da Cunha Marques, Alice Mendes de Morais Sarmento, Florbela Espanca, Lídia Amélia Nogueira, José Rodrigues Candeias, Joaquim da Cruz Margalho. Florbela evocou o seu tempo de estudante no poema "Colegas do passado/Em vossas capas belas/Agoniza o luar das minhas ilusões (...)".
A fotografia foi tirada em 1917 e deve ser uma das raras que mostra o traje académico feminino na sua formulação primitiva: casaquinho feminino de três quartos, cintado, saia de funil pela meia perna, sapatos pretos, blusa branca, ausência de gravata. Esta fotografia não vem referenciada por Adília Zacarias e Isilda Mendes, Tuna académica do Liceu de Évora. 100 anos. História e tradições. 2012, nas páginas dedicadas ao traje académico (32-39). Na página 36, escreve-se "Não temos, até à década de [19]30, fotografias em que estejam alunas do Liceu trajadas".
O que a fotografia supra vem demonstrar é que o traje feminino rapidamente se divulgou a partir dos liceus de Lisboa e do Porto aos restantes liceus (1914 e ss.), traduzindo a força de um movimento espontâneo que passou completamente ao lado dos ministros da Instrução Pública e dos reitores dos liceus. Quando o Ministério da Instrução/Educação decide regulamentar o traje estudantil, versão feminina, fá-lo tardiamente, em 1924, e em artigos péssimos que revelam completo desconhecimento da função, importância, características e morfologia dos trajes corporativos.
Não vemos coberturas de cabeça nesta imagem, mas sabemos que o acessório mais usado nestes anos nos liceus de Lisboa e de Évora foi o tachinho ou barretina de pano preto, igual ao dos alunos do Colégio Militar, que tanto foi usado por alunos como por alunas. Por último, saliente-se que o processo de criação deste traje liceal (em meados da década de 1940 passará a universitário graças ao Orfeão da UP, quando o seu uso já estava generalizado na maior parte dos liceus portugueses) está perfeitamente inserido no contexto ocidental da época, coincidindo com as fardas desenhadas expressamente para as mulheres que exerceram tarefas colaborativas nas forças militares dos USA, Canadá, Grã-Bretanha e França durante a Grande Guerra (carteiro, enfermeira, condutora de ambulância, Cruz-Vermelha).

Porto, janeiro de 1917, festa realizada no Palácio da Bolsa a favor da Junta Patriótica do Norte. Crianças encenam um quadro vivo de Coimbra, com "tricanas e estudantes". Os figurantes apresentam-se de gorro e capa traçada por debaixo do braço direito, conforme o estilo predominante nas décadas de 1870-1880.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 569, de 15.01.1917
Comentários:

1-no imaginário colectivo provincial a imagem do estudante de Coimbra ainda predominante parece não ter assimilado o novo visual adoptado após a implantação da República, postura algo estranha, pois a Academia de Coimbra mostrava-se com alguma frequência em digressões da TAUC, do Orfeon, postais ilustrados, capas ilustradas de partituras e fotografias publicadas em revistas mundanas;
2-o quadro é fantasioso, na medida em que tenta dar um ar de Coimbra, um certo parecer daquilo que na realidade não é. As figuras femininas exibem chapéus que não correspondem aos usados mais frequentemente pelas raparigas de Coimbra. Em 1917 este tipo de xaile já só era usado por camponesas das aldeias e mulheres dos concelhos limítrofes de Coimbra. A pretensão de juntar estudantes de capa e batina com tricanas é um fétiche desinformado de algumas elites urbanas que mistura trajes corporativos (não vou chamar farda à capa e batina) com trajes das gentes do povo.
Se o quadro pretendia aludir a costumes da década de 1880, como parece ser o caso, então aí estamos em total desacordo, pois os chapelinhos das meninas não correspondem ao que se usava na cidade. A emergente indústria do turísmo começa a produzir os primeiros objectos kitschs materializados em peças de colecionismo de gosto duvidoso como o postal ilustrado e esculturas em barro policromado.


“O Sr. Doutor Café Filho passa sobre as capas dos universitários portuenses” (In Diário de uma viagem de Amizade, 1955).
O Presidente do Brasil, João Café Filho, acabara de receber o grau de Doutor Honoris Causa na Faculdade de Direito da UCoimbra (24.4.1955), tendo seguido viagem para o Norte.
Café Filho visitou a cidade do Porto em 25.4.1955. Esta fotografia, que mostra os estudantes a estender as capas à passagem de Café Filho (este está com uma capa nos ombros e uma pasta com fitas) foi tirada no terreiro da Sé, junto da porta principal do paço episcopal, edifício que nessa data era sede oficial da CMP, no momento em que o Presidente do Brasil se preparava para entrar. O Reitor da UP estava no interior do edifício da CMP, juntamente com outros convidados ilustres. Não consta do diário da viagem que Café Filho se tenha deslocada à UP.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Inauguração da Associação Cristã dos Estudantes (1918)

ACE (1): entrada principal do imóvel riscado por Raul Lino

ACE (2): Foto-reportagem sobre a inauguração oficial do [novo] edifício sede da ACE (Associação Cristã dos Estudantes), Coimbra, junho de 1918. Este evento fez acorrer a Coimbra um conjunto de notabilidades que na circunstância visitaram a Reitoria da Universidade de Coimbra. Os visitantes foram recebidos pelo Vice-Reitor Prof. Eusébio Barbosa Tamagnini de Matos Encarnação (1880-1972), que se tinha doutorado em 1904 na Fac. de Filosofia Natural e em 1911 transitara para Fac. de Ciências. O Vice-Reitor enverga o hábito talar masculino reformado em finais de 1915. Na foto inferior, grupo de estudantes brasileiros com capa e batina, um deles mantendo a carcela integralmente fechada.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 645, de 01.07.1918

Cerimónia de apresentação do novo PR e PM Sidónio Pais ao Congresso da República
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 649, de 29.07.1918

O Orfeon Académico de Coimbra em 1918, sendo regente o Padre Elias de Aguiar e membro do naipe dos 1.ºs tenores o jovem estudante de Medicina António Menano.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 639, de 29.04.1918

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Santa Cruz dos Estudantes (1918)

Aspecto do primeiro campo da Académica de Coimbra (hoje Académica-OAF) inaugurado em 1918 num lote de terra do Jardim da Sereia ou Jardim do Mosteiro de Santa Cruz, terraplanado para o efeito, e que contou com a módica quantia de 100 contos cedidos pelo governo de Sidónio Pais. Tanto dinheiro cedido ao desporto numa época de grave crise financeira só se pode explicar pelo facto de Sidónio ter sido antigo lente da Faculdade de Matemática e vice-reitor.
Aspecto do campo tal como foi inaugurado e se manteve até à década de 1940, em terra batida, sem bancadas e sem balneários. Era portanto um campo pobre, quando comparado com outros existentes na mesma época e que estão conservados como o do FCP na rua da Constituição. Está muito próximo daquilo que ainda hoje são os campos de futebol de aldeia, um terreiro com balizadas e com vedações de madeira à volta.
A Académica apresenta equipamento masculino à inglesa, botas de couro, meias altas, calções, camisola de mangas compridas e boné (mais tarde desaparecido). Parece já predominar a tendência para o preto e branco (calções pretos, camisola branca). O que não existe ainda é o emblema, trazendo os jogadores um escudo preto com listas a preto e branco cosido na camisola.
A falta de condições não evitou que os jogadores dessem o máximo por amor à camisola, deixando no campo unhas, pele, sangue e suor. O futebol começou a ser jogado pelos estudantes em Coimbra no ano de 1901, precisamente no terreiro da actual Praça da República. Nesses primeiros anos, os adeptos ora jogavam na Praça da República ora na Insua dos Bentos que era um grande terreiro de areão no sítio onde depois de fez o Parque da Cidade. Em fase progressiva de conquista de adeptos, em dezembro de 1911 iniciaram-se os treinos oficiais com vista à constituição de uma equipa permanente de estudantes (Universidade, Liceu, Agrária). A equipa, ainda sem nome, estreou-se no mês de janeiro de 1912. [como se pode constatar, o processo de formação da Académica foi idêntico ao do aparecimento da TAUC, a composição informal ou efémera deu lugar a grupos permanentes]. A Académica seria barbaramente extinta em 1974 e revitalizada com designações como Clube Académico de Coimbra e Académica-OAF. Por vezes confundida com o nome da AAC (remontante a 1861), a Académica é carinhosamente tratada por Briosa, nome que foi buscar à Academia. E nestas curiosas permutas, a Académica também daria à sua casa mãe, a AAC, o emblema.
Nas imagens vemos umas das primeiras lendas da modalidade, o estudante Augusto Fonseca.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Visita de Sidónio Pais a Santarém (1918)

PR em Santarém (1)

PR em Santarém (2)

PR em Santarém (3): visita oficial do Presidente da República Sidónio Pais a Santarém em inícios de 1918. Forte presença dos estudantes do Liceu envergando capa e batina. O Liceu de Santarém foi o terceiro a aderir ao uso oficialmente autorizado da capa e batina dos estudantes da Universidade de Coimbra (1.º Liceu de Coimbra, 2.º Liceu de Évora), e foi a primeira e a única instituição de ensino portuguesa a regulamentar com detalhe as peças e a morfologia do traje. A própria Universidade de Coimbra nunca regulamentou, descreveu ou desenhou o traje, limitando a exigir o cumprimento dos regulamentos em matéria de porte diário obrigatório e decência.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 629, de 11.03.1918

Comemorações do 9 de Abril pela Federação Académica de Lisboa, Instituto de Arroios para Reeducação dos Mutilados de Guerra. Presença do PR Canto e Castro.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 687, de 21.4.1919

Batalhão académico de Lisboa, constituído por estudantes dos liceus e Universidade para defesa da República.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 689, de 5.05.1919

"Teimosia universitária", caricatura de Rocha Vieira publicada na Ilustração Portuguesa n.º 684, de 31.03.1919 (suplemento). Os republicanos radicais olharam sempre a Universidade de Coimbra como uma instituição suspeita. Acusada de regalismo, de jesuitismo e de obscurantismo, nos clichés da época este estabelecimento de ensino superior foi frequentemente vista como anti-republicana. O que se pode dizer hoje é que nas vésperas da República as elites progressivas formadas na Universidade de Coimbra eram republicanas e que foram os juristas formados por aquele instituição que fizeram as leis basilares da 1.ª República. O mesmo aconteceu com as grandes reformas do ensino primário e superior levadas a cabo por antigos estudantes da Universidade de Coimbra como António José de Almeida e Ângelo Ribeiro da Fonseca.

O Batalhão Académico de Coimbra, que se formou e treinou em 1919 com estudantes da Universidade e do Liceu para combater pela República contra a Monarquia do Norte. Coimbra, fevereiro de 1919, adro do mosteiro de Santa Clara-a-Nova.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 678, de 17.02.1919

Alunos do Liceu Pedro Nunes, Lisboa, protagonizam actividades de limpeza e rega de jardins públicos. Presença da capa e batina numa altura em que o tacho (barretina militar) estava bastante divulgado entre os liceais de Lisboa e de Évora.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 691, de 19.05.1919

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

"A questão coimbrã", caricatura de Rocha Vieira publicada na Ilustração Portuguesa n.º 694, de 9.06.1919 (Suplemento) numa alusão à extinção da Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra e à determinação governamental da sua transferência compulsiva para a Universidade do Porto, em conformidade com o Decreto n.º 5.770, de 10.05.1919, publicado pelo colérico ministro da Instrução Pública Leonardo Coimbra. O referido diploma constituiu uma reacção a quente de Leonardo Coimbra que considerou uma afronta a forma como o Senado, a Faculdade de Letras e os estudantes rejeitaram a sua proposta de reforma do curso de Filosofia. O essencial desse projecto tinha vindo a lume no Decreto de 2.05.1919, o qual determinava que os cursos de Filosofia passavam a integrar diversas disciplinas de Matemática e Ciências Naturais e avocava ao Ministério o direito de livre escolha e nomeação dos professores. Despeitado e enfurecido, Leonardo Coimbra escreveu (ou mandou escrever) um chorrilho de insanidades contra a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mais exasperado ficou quando percebeu que o reitor da sua confiança, Coelho de Carvalho, entrara em choque frontal com a Academia. A caricatura de Rocha Vieira dá dos estudantes da Faculdade de Letras uma imagem pouco lisonjeira de alunos que vivem de especulações teóricas e seduzem sopeiras. Para o que aqui importa, o reitor odiado caíu, o governo caíu e Leonardo Coimbra conseguiu no imediato aquilo que queria: proferiu no Parlamento um bilioso discurso contra a Universidade de Coimbra que apenas contribuiu para enegrecer a imagem da instituição junto da opinião pública e tornou-se o primeiro director da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Vale a pena lembrar que o regime foi generoso com Leonardo Coimbra (1883.1936) que, sendo detentor do diploma do Curso Superior de Letras de Lisboa, nem sequer o grau de bacharel tinha. A sua nomeação política para director e professor da Faculdade de Letras da UP fez dele um "doutor de aviário", como se dizia na Coimbra desses crispados anos.

Lentes da Universidade de Coimbra com hábito talar e insígnias doutorais desfilem no cortejo de recepção ao rei D. Manuel II que se dirige da igreja da Sé Nova para o paço das escolas (novembro de 1908). Um pouco atrás da charamela vemos os lentes da Faculdade de Matemática, todos de abatina e calças compridas, com as cabeças cobertas. Mais ao longe vislumbramos o grupo dos lentes da Faculdade de Filosofia Natural (=Ciências Naturais), nos mesmos atavios, mas com a cabeça descoberta, atitude de gravíssima ofensa à etiqueta que o mestre de cerimónias parece ter deixado passar em claro. A rua Larga está inundada de curiosos, com o casario engalanado de colchas e festões.
Fonte: já editamos anteriormente fotos desta cerimónia, extraídas da Ilustração Portuguesa n.º 145, de 30.11.1908. O cliché supra é um negativo em chapa de vidro integrado no acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, cota PT/TT/EJJS/SF/008/02370, disponível em http://digitarq.dgarq.gov.pt
Aspectos a considerar na visualização desta imagem:

1 - o cortejo académico desfila na ordem inversa das precedências, com as escolas mais recentes na vanguarda e as mais antigas na rectaguarda;
2 - à época do evento, a Faculdade mais "recente" era a de Matemática, criada pelo reforma pombalina dos estudos superiores, em 1772;
3 - não sendo a mais antiga (na realidade a mais antiga de todas era a de Medicina), desfilava no fim a Faculdade de Teologia, que no cerimonial académico ocupa obrigatoriamente o primeiro lugar;
4-só após o Reitor é que tomava lugar no cortejo o chefe de Estado, debaixo de pálio de varas, sendo chamados a pegar nas ditas os decanos das faculdades e alguns dignitários como o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, o governador civil de Coimbra e quiçá o Presidente do Conselho de Ministros. Na época considerada, o cerimonial da casa real tinha tendência para colocar os governadores civis antes dos presidentes de câmara, opção que causava sempre os maiores melindres. Seja como for, no seu município um presidente de câmara precedia/precede todos os demais.

Em cima, grupo de estudantes da Escola Médico-Cirúrgica do Porto aguardam a chegada do rei D. Manuel II (finais de 1908). Vestem à "futrica" (=à civil) e alguns exibem pasta de luxo com fitas de seda em tons de amarelo e vermelho.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 145, de 30.11.1908
Complemente esta visualização com a documentação editada pela Reitoria da Universidade do Porto em ALUMNI, http://sigarra.upt.pt/