domingo, 25 de agosto de 2013

Retrato do príncipe Carlo Alberto Camillo Massimo, datado de 4.05.1905, na qualidade de oficial maior da casa papal.
Em teoria, os oficiais maiores, e particularmente os príncipes assistentes da Santa Sé, vestiam um traje renascentista de pano preto, com componentes de lã, veludo (guarnições) e seda. Era para todos os efeitos um traje civil de capa e espada. Porém, o que a fotografia de 1905 documenta é uma estranha mistura de elementos vestimentários de diferentes épocas, confirmando o quanto a evolução da moda na Santa Sé de oitocentos foi influenciada pelos costumes franceses, pela uniformologia militar e pelos figurinos de cena (teatro):
-calções pretos e sapatos de pele envernizada e guarnecidos de fivelas de prata, testemunhando a moda áulica do século XIX;
-mantéu talar forrado ou ferraiolo, reservado aos oficiais maiores;
-casaca preta de corte à francesa (século XIX);
-colete preto (estilo século XIX);
-gravata à francesa (século XVIII);
-banda de seda a tiracolo (século XIX);
-sobre a mesa, uma cobertura de cabeça (dúvidas quanto a ser gorra de pano ou bicórnio à francesa);
-sob o colete e a casaca (aqui sim) uma veste das décadas de 1520-1530, o pelote masculino, conhecido nos meios eclesiásticos por sotanella. Trata-se de um vestido masculino que teve variantes aberta e fechada, com e sem saio. Nesta variante comporta um saio plissado que não combina minimamente com a casaca civil do século XIX. Maurizio Bettoja, em Clerical dress in the city of the Rome in the 19 century, http://www.newliturgicalmovement.org/, refere-se explicitamente à sotanella quando trata da legenda do retrato do príncipe Domenico Napoleone Orsini (1868-1947), conquanto não chegue a explicar com clareza que o saio não era uma peça solta mas sim cosida em torno da cintura da sotanella.

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