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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Doutoramento honoris causa de Gago Coutinho e Sacadura Cabral pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sala de atos da antiga Escola Politécnica/Faculdade de Ciências. Preside António José de Almeida, Presidente da República. Os dois laureados receberam a borla e o capelo sobre as fardas da Marinha.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 876, de 2.12.1922

Sessão solene de homenagem na Academia das Ciências de Lisboa aos aviadores Gago Coutinho de Sacadura Cabral. Preside à mesa de honra António José de Almeida, então Presidente da República. Os membros da Academia vestem casaca civil com o grande colar da instituição.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 880, de 30.12.1922

Imposição do barrete cardinalício ao núncio Locatelli

O Presidente da República Portuguesa António José de Almeida impõe o barrete cardinalício ao núncio apostólico em Lisboa, cardeal Locatelli, na capela do palácio da Ajuda. AJA não se limitou a revitalizar uma tradição monárquica suspensa desde 1910. Com esta cerimónia pretendeu conferir visibilidade pública às relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé. Hoje em dia a imposição do barrete cardinalício pelos chefes de estado portugueses já não se pratica.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 881, de 6.01.1923

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sessão de homenagem aos poetas na Academia das Ciências (1923)

Sessão inaugural de homenagem aos poetas, Academia das Ciências de Lisboa, 27.1.1923.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 885, de 3.2.1923

Imagem expressiva no que respeita ao protocolo de estado. Pelos antigos regulamentos da Academia das Ciências de Lisboa preside a todos os atos em que se ache presente o chefe de Estado. É o caso, o Presidente da República Portuguesa António José de Almeida ocupa a cadeira presidencial. Senta-se à mão direita do Presidente o poderoso e influente Júlio Dantas (era então o big one em matéria de bibliotecas e arquivos públicos), ficando ao lado esquerdo o Prof. Doutor Pedro José da Cunha. Este professsor parece vestir hábito conimbricense com borla e capelo no azul celeste de Matemática. Seria então reitor da Universidade de Lisboa [não tenho a certeza] e catedrático de Matemática da sua Faculdade de Ciências. Ocupa o 4.º lugar, do lado direito, o Doutor António Luís Gomes, então reitor da Universidade de Coimbra (reitorado de 29.11.1921 a 27.1.1924). Era doutor pela Faculdade de Direito da UC (grau colado em 18.12,1892), mas não membro do corpo docente da instituição, pelo que se apresenta (e bem) em hábito talar e insígnias. António Luís Gomes confirma aqui a antiga tradição de os reitores conimbricenses usarem insígnias doutorais completas extramuros. Quanto a Pedro José da Cunha também usa insígnias completas, embora se tenha verificado na UL pelo menos até à década de 1960 e por influência de Coimbra reitores a usar borla solo, costume que foi praticado inclusive por professores que fizeram o seu percurso completo na instituição, caso de Marcello Caetano.
Sucede, e isto tem interesse em matéria de estudo de protocolo, que o Presidente da República senta na mesa de honra o reitor da UL primeiro do que o de Coimbra, gafe protocolar no mínimo estranha pois o PR era na altura assessorado por um chefe de protocolo que, se não soubesse grande coisa do assunto, sabia pelo menos organizar pelo critério da antiguidade. Em segundo lugar, à esquerda, o general e poeta Cristóvão Aires, e na extrema direita o general Almeida Lima.

Honoris causa de Joffre, Diaz e Dorien (1921)

Final da cerimónia pública de atribuição do doutoramento honoris causa em Matemática pela Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra ao Marechal Joseph-Jacques Joffre, ao Generalíssimo de Itália Armando Diaz e ao General Sir Smith Dorien. Escadarias da Via Latina, pátio das Escolas, 15.4.1921.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 793, de 30.4.1921

Comentários:
1) tratou-se do primeiro honoris causa conferido segundo os estilos do antigo cerimonial conimbricense, com as devidas adaptações (sem missa, sem juramento de fé, colação feita em pé frente ao reitor);
2) contrariamente à narrativa mais consensualizada, não foi o primeiro d.h.c. concedido pela UC, uma vez que os primeiros rituais deste género foram realizados em 1916 por professores da jovem Faculdade de Letras e atribuídos a professores dessa mesma escola;
3) a cerimónia foi pensada e conduzida pelo Reitor Interino, Prof. Doutor Joaquim de Oliveira Guimarães, que com sagacidade e prudência conseguiu revitalizar o cerimonial conimbricense, desvinculando assim a UC da posição de vigilância e de rédea curta em que era trazida nos últimos anos pelos titulares da pasta da Instrução;
4) fica provado que os chamados "doutoramentos políticos" são muito anteriores ao honoris conferido pela Faculdade de Direito ao Generalíssimo Francisco Franco;
5) nesta cerimónia não foi apenas agraciado Joffre. Tratou-se de um d.h.c. triplo, que reuniu no mesmo espaço e tempo Joffre, Diaz e Dorien;
6) o Ministro da Instrução Pública Júlio Martins esteve presente mas não desempenhou nenhum protagonismo protocolar, nem o poderia ter desempenhado em face dos costumes académicos;
7) Joffre está no centro da fotografia e veste a sua farda de general. Quer isto dizer que a UC aceitou atribuir as insígnias e colar os graus com os homenageados vestidos com os seus grandes uniformes militares. Esta bizarria não vingou e ainda bem pois o uniforme militar não tem equivalência ao hábito talar, nem sequer se podendo invocar a contrario revogados artigos do Regulamento da Polícia Académica de 25.11.1839 que dispunham sobre o assunto mas apenas para estudantes;
8) nesta cerimónia proferiu todos os elogios o jovem doutorado Diogo Pacheco de Amorim.

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