Virtual Memories

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Combinações estranhas: Frei Anthony Dominic Fahy (Irlanda, 1805; Argentina, 1871), notável filantropo oitocenista famoso por tentar minorar as fomes que avassalaram as populações da Irlanda. Radicou-se na Argentina em 1843. Hábito talar composto por túnica com carcela frontal aberta até meio do peito e capa de colarinho raso. A cobertura de cabeça é um cartolão de feltro.
Fonte: http://www.larkinclan.eu.argentina.htm

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ato solene de abertura de curso em Alcalà de Henares (2011)

Alcalà (1): preparação para a formação do cortejo académico. Mestre de cerimónias com vara de prata e oficiais, cujo traje de gala é o roupão preto orlado de veludo e um barrete com pluma.

Alcalà (2): o cortejo académico em marcha, charanga e oficiais com mestre de cerimónias

Alcalà (3): grupo de professores junto da catedral, momentos antes da formação do cortejo

ALcalà (4): cortejo académico, professores de Letras e Engenharia

Alcalà (5): cortejo público, professores de Medicina e Ciências

Alcalà (6): sala de atos, doutorais, paraninfo, catédra e tribunas. Uma das mais notáveis salas de atos académicos da Península Ibérica, com teto mourico.

Alcalà (7): lição magistral/classe magistral/lição inaugural/oração de sapiência/lectio na antiga cátedra da Universidad de Alcalà, que foi sede da atual Complutense

Alcalà (8), a Presidenta da Comunidad de Madrid declara oficialmente abertos os cursos das universidades de Madrid em nome d'El-Rei. Aspeto do paraninfo onde tomam assento as autoridades académicas e civis. Atrás o doutoral, com docentes de Letras, Direito e Ciências.

PROGRAMA
1-Ato religioso na catedral magistral de Alcalà
2-Cortejo académico entre a catedral e o Colegio de San Ildefonso
3-Discursos de balanço administrativo e financeiro
4-Lição inaugural/classe magistral
5-Abertura solene
6-Encerramento

Fonte: «Acto solemne de apertura del curso académico 2011-2012 de las universidades publicas de la Comunidad de Madrid, Universidad de Alcalà de Henares», 7.9.2011, fotografias da autoria de Miguel Chamorro Valencia, publicadas no blog http://miguelchamorrovalencia.blogspot.com/, cuja reprodução foi expressamente autorizada.

Imagens dos Açores (1889)

Duas mulheres com capote e capelo, cidade da Horta (?)
Tem interesse em visualizar mais fotografias de trajes tradicionais açorianos?: pesquise em "Azores/Dabney/Albuns", o famoso álbum da Família Dabney realizado por volta de 1890-91, depositado no New Bedford Wahaling Museum, acessível em formato digital, http://www.fliker.com/photos/nbwm/sets/72157617176677294/detail/

Mulher com capote em capelo em marcha. Variante insular do capote e capelo comum às ilhas do Faial e do Pico, com uso continuado até à década de 1960. Capote em merino preto ou azul ferrete, embainhado, roda abundante e pregueado, ostentando na parte superior cabeção. Cobertura de cabeça (capelo) armada com duas partes de papelão e barba de baleia, revestido o exterior do mesmo pano do capote e o interior com forro de outro tecido. Os modelos aristocráticos eram talhados em pano de seda.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mulher com pote de cedro à cabeça numa rua da Horta, ilha do Faial. Os potes de aduelas de cedro, ligados por aros de vime, eram fabricados localmente e usados para acondicionar/transportar vinho, água natural e água salobra colhida nos poços de maré destinada à lavagem da roupa, culinária, limpeza e rega das sementeiras.

Vista do Monte Brasil e da baía de Angra do Heroísmo. Para as gentes das ilhas de baixo, até à década de 1970 Angra era a rainha da civilização. Lá se ia a negócios e em demanda de serviços especializados de saúde. Paragem obrigatória nos paços do concelho e veneração ao obelisco da memória a D. Pedro IV e aos bravos do liberalismo constitucional. E muito cuidado com a praça Velha à noite pois que andava frequentada de gente duvidosa, dizia-se. O meio de transporte mais utilizado era o barco. Nalgum tempo, os barcos à vela. Nas décadas de 1950-1960 o Carvalho Araújo (ativo entre 1930-1970), o Lima, o Cedros (1954-1970) e o Arnel. Entre os anos de 1960-1980 o Terra Alta, de calado de madeira, que dançava nas ondas, o Ponta Delgada (1962-1984), e os pequenotes Espírito Santo e Santo Amaro (1897-1986).
Não é possível referenciar aqui todos esses barcos que das memórias dos mais avoengos ainda povoaram a nossa infância. Um deles foi o Ribeirense  (1928-1956) de que ouvi contar histórias terríveis de certa viagem de aproximação à costa da Terceira, com pipas soltas a rolar no porão, o barco arrastado contra o Monte Brasil, os passageiros aos gritos de "Sr. Esprito Santo valei-nos", o porto-pipas ali à distância de uma esperança.
Não cabe tudo na memória. Tirei datas e aconselho a leitura da obra bem documentada do falecido Prof. Manuel Gaspar, As boias de correio no mar dos açores. 2 volumes. Ponta Delgada: Núcleo Filatélico O Milhafre, 2000.

Interior da igreja de Santa Bárbara, Ponta Delgada

Nave central da igreja matriz de Ponta Delgada, zona do transepto e altar-mor, com dois coretos laterais onde estavam instalados órgãos de tubos. A matriz de Ponta Delgada é um hino à talha barroca de fábrica local. Nem toda chegou a ser folheada a ouro, creio que por falta de verbas necessárias à continuação das obras.

João de Medeiros 
Bom dia
Uma joia esta foto, apenas uma dúvida, não sei se poderá exclarecer. Parece que o arco triunfal da entrada da Capela-mor ainda está na pedra, anterior a ser forrado com talha, estarei certo, ou então a mesma teria sido retirada temporariamente para reparação, já que também é muito antiga, porque se o mesmo arco for também manuelino, como acho que será seria muito mais valioso que estivesse a descoberto.
Outra questão é sobre a talha do retábulo do altar-mor, já me disseram, não sei é se é informação correta, que por baixo daquela pintura de branco existe folheamento a ouro a ser verdade a actual pintura é um crime.

João de Medeiros, 28 de Fevereiro de 2012 01:41

COMMENT:
Prezado João Medeiros
Temo não puder ajudar, como aliás gostaria. Conheço a matriz de passagem, dos meus 3 anos do Liceu (1983-85) e de lá ter cantado en passant em 1987 com o Coro da Capela da Universidade de Coimbra. O arco cruzeiro parece efetivamente nu de talha no positivo da chapa. Parece-me muito pouco aceitável que o arco tenha sido recoberto de talha barroca numa fase tão tardia, ou seja, após 1889, quando se está no auge do naturalismo e dos revivalismos estéticos: mourisco, neogótico. São Miguel não ficou imune às aflorações neos. Basta revisitar a capela gótica que José do Canto encomendou para a lagoa das Furnas e percorrer alguns dos jazigos do cemitério de S. Joaquim.
A não ser que a talha do arco cruzeiro tenha vindo de igreja desafectada do culto ou mesmo demolida, como aconteceu com a paroquial de São João Batista da Ilha do Pico que recebeu no século XIX a talha e os retábulos da igreja do convento da Glória da cidade da Horta.
Seria importante localizar e estudar os livros da fábrica da matriz de Ponta Delgada, e até os da junta de paróquia, para apurar encomendas e despesas correlacionadas com o embelezamento artístico deste templo. Na pesquisa a efetuar, seria importante percorrer as páginas de O Açoriano Oriental, na esperança de que noticie obras na matriz.
Que havia artesãos de talha, pintores de arte sacra e fabricantes de órgãos de fole em Ponta Delgada no entardecer do século XIX disso não tenho dúvidas. Por 1990 encontrei nos documentos da igreja paroquial de S. João Batista da Ilha do Pico uma rubrica de despesa relativa à encomenda de um órgão que foi fabricado por um organeiro estabelecido em Ponta Delgada. O encomendante foi o culto e dinâmico padre Garcia da Rosa que ainda hoje é lembrado na memória oral.
Quanto à possibilidade de o revestimento a branco ser um repinte sobre folheado de ouro, manifesto as minhas dúvidas. À luz da mentalidade da época e dos valores subjacentes à hierarquia das artes e das matérias primas, seria "passar de cavalo para burro". Repare que nos casos conhecidos de degradação do ouro de lei as comissões fabriqueiras e os párocos sempre apostaram no repinte a ouro (ou imitação de dourado). A confirmar o que digo, são do conhecimento geral situações em que altares inteiros foram criminosamente pintados com falso ouro, detetando-se hoje em dia a oxidação da tinta que degenerou num verdete execrável, quando o ouro de lei cambiava para o vinoso.
Bom, se há dúvidas sobre as cores originais dos altares revestidos de branco, eis aqui uma magnífica oportunidade de comissão fabriqueira e da secretaria regional da Cultura contratarem uma equipa de peritos para realizar negativos fotográficos e recolha de pigmentos para análises químicas.
AMNunes, 28.2.2012

João de Medeiros
Bom dia

Realmente o arco nesta foto está nú e vê-se que é um arco Manuelino, só que mais um pormenor,
o tecto abóbada da capela-mor também está nu tal como se encontra hoje, com o aranhiço em pedra tão característico do início século XVI e já esteve todo coberto por gesso com uma pintura o que demonstra que foi coberto depois desta data, portanto não me admira nada que o arco tenha sido coberto posteriormente à foto, muito provávelmente com talha vinda de algum convento, como é o caso do Altar de Nossa Senhora do Rosário desta mesma igreja veio da Igreja do Colégio dos Jesuitas de Ponta Delgada, ou os altares das capelas laterais que vieram da Igreja do Convento da Graça, os próprios tectos em pedra destas capelas laterais já estiveram cobertos de gesso e com pinturas, apenas nos anos 70 e início de 80 do século XX foram os mesmos descobertos e restaurados, portanto não me admira mesmo nada que a talha deste arco tenha vindo de outra igreja, se reparar a talha deste arco é de cor diferente da outra que lhe fica por cima junto ao vitral de S. Sebastião.
Agora que o arco estava nu quando esta foto foi tirada, disto não temos qualquer dúvida.
Só uma pergunta, por acaso tem alguma foto antiga da Igreja de Nossa Senhora das Neves da Relva, freguesia aqui próxima à cidade de Ponta Delgada?
João Medeiros, 29 de Fevereiro de 2012 04:23

COMMENT
Prezado João Medeiros
Fico sensibilizado com os ensinamentos que me oferta. A extinção dos conventos (que começou ainda com D. Pedro IV nos Açores) abriu as portas à delapidação do património sacro. Supreendente a "dança" dos altares que referencia para Ponta Delgada.
Quanto à tonalidade distinta do revestimento do arco, importaria apurar cientificamente se: a) é pintura do período barroco, tendo vindo as tábuas de outro templo no final do século XIX? b) é pintura aplicada no final do século XIX por dourador contratado? c) o que se pode concluir sobre a madeira (cedro das ilhas, jacarandá do Brasil, madeira cortada no século XVIII)? d) as operações de lifting realizadas na matriz de Ponta Delgada inscreve-se na ideologia restauracionista do Estado Novo protagonizada pela extinta Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais?
Relativamente à igreja da Relva, infelizmente não disponho de fotos antigas.
AMNunes, 29.2.2012

João de Medeiros disse...
Bom dia mais uma vez
Eu estive a investigar e falei com o Padre Pedro Maria e com o Padre Nemésio, actualmente são padres na Matriz de Ponta Delgada.
Há uma explicação, que se poderá ter como verdadeira, este arco em madeira está despido de qualquer pintura, apenas a talha na própria madeira, o que difere é da outra talha que ficva por cima deste arco que também está despida de pintura é também apenas madeira só que mais escura do que o arco.
Então o que terá acontecido?
Ora no início do século XX foram construidos dois altares nesta Igreja Matriz, precisamente os primeiros dois laterais que encontramos ao entrar na Igreja um de Nossa Senhora de Fátima e o outro de Santo António.
Foram construídos por um entalhador da Ribeira Grande, que nas primeiras duas décadas do séc. XX fez muitos altares nesta Ilha, e era muito habilidoso, um grande entalhador e construia a talha no mesmo estilo do séc. XVIII, por isso qualquer pessoa mesmo entendida em arte que entre na Igreja Matriz de Ponta Delgada que não saiba deste pormenor irá classificar estes altares como sendo do séc. XVIII, o que não é verdade, são sim do início do séc. XX, sendo então muito provável que o arco em madeira tenha sido construido pelo mesmo no início do séc. passado. Segundo o Padre Pedro Maria, que é natural da Matriz de Ponta Delgada, diz que aquele mesmo arco esteve no início do séc. XX guardado num armazém de uma empresa de Ponta Delgada, portanto das duas uma, ou o mesmo foi construção do referido entalhador da Ribeira Grande e esteve guardado até ser montado mais tarde, ou então seria do séc. XVIII e ter sido retirado para reparação e ter levado muitos anos fora da Igreja, o facto é que na altura da foto o arco manuelino está descoberto.
Gostaria de pedir-lhe se achar por bem autorização para publicar estas fotos no facebook, se achar por bem, claro.
Outra questão, eu tenho algumas fotos antigas da Igreja de Nossa Senhora das Neves da Relva antigas, não tão antigas como estas, são dos anos 40 e 50 do séc. XX e algumas actuais, se quiser poderei enviá-las junto com algum pequeno resumo histórico se quiser publicar neste blogue.
Diz que estas fotos estão online na Biblioteca Nacional, como chegamos a elas?
2 de Março de 2012 05:07

COMMENT
Meu Caro João Medeiros
estou esmagado com tamanhos conhecimentos.
A informação (apenas oral ou também suportada por documentos do arquivo da matriz?) sobre o modus faciendi do entalhador tardo-barroco da Ribeira Grande é consistente. Já agora, este gosto tardio de feição barroca não é assim tão insólito nas ilhas, espaço onde a teatralização da morte e do culto manteve alguma da pompa barroca (vejam-se os mantos lavrados do Santo Cristo dos Milagres e do Bom Jesus Milagroso, bem como o aparato processional ainda hoje sobrevivente, de que só encontramos paralelo no sul de Espanha durante o Corpus Christi e as cerimónias pascais).
Pode publicar as fotografias no todo ou em parte.
Fui confirmar os dados relativos à obra, que se encontra em ROUNDELL, Julia Ane Elisabeth - A visit to de Azores... London, 1889, http://purl.pt/17167/1/P111.html
Embora o tema de fundo do blog seja o património simbólico académico, facilmente se compreende que mantenho relações de boa vizinhança com a cultura religiosa pois os dois campos estão profundamente imbricados. As minhas incursões são frequentes às insígnias e indumentária religiosa, nomeadamente católica romana. Aceito a sua oferta de publicação de informação sobre a Igreja da Relva, pedindo-lhe apenas o favor de me enviar o seu contato de email para formalizarmos a recepção. Por razões meramente técnicas, pedia-lhe que o texto viesse num ficheiro e as fotos separadas uma a uma.
AMNunes, 3.3.2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O cais velho de Ponta Delgada com as suas arcadas, portas da cidade e torreão da matriz. No período do Estado Novo a zona ribeirinha seria profundamente transformada, replicando a uma escala regional o Terreiro do Paço (praça Gonçalo Velho) e soluções estéticas comprometidas com as práticas arquitetónicas dos regimes fascistas. Nesse aspeto, a marginal Infante D. Henrique ficaria como um documento pétreo, posicionado entre o ecletismo revivalista e um certo delírio monumentalista (veja-se a colunata da Alfândega). Num futuro roteiro português da arquitetura do Estado Novo (rota da arquitetura do Estado Novo), haverá que juntar a marginal de Ponta Delgada às cidades universitárias de Coimbra e Lisboa e ao centro histórico da Covilhã (e alguma coisa da marginal do Funchal), criando visitas multimédia em rede.

Vila Franca do Campo, carreiro e carro de bois de um rodado com sebe de vimes fixada em fueiros talhados a podão. Os carros de bois eram então o principal meio de transporte de mercadorias e produtos agrícolas em todas as ilhas. Os rodados aqueciam a temperaturas elevadas, fazendo-se então ouvir a característica chiadeira, pelo que precisavam de ser untados com sebo de boi.

Povoado das Furnas, ilha de S. Miguel. Para quem visitava as Furnas pela primeira vez, primeiro o choque, depois o deslumbramento. Um cheiro intenso a enxofre. Água fervilhante e fumarolas a sair das entranhas da terra. Ribeiros de água quente. Inhames a crescer em terrnos encharcados. Vegetação luxuriante. Águas minerais com diversos sabores. Habitantes que cozinhavam em pequenas caldeiras vulcânicas no interior das próprias casas. Vimes para cestos que eram cozidos nas caldeiras. Comida cozinhada debaixo do chão em vapor lento. Isto não vai explodir? Não vamos morrer intoxicados? Complacentes, os moradores continuam a assegurar que tudo está bem.

Furnas, Ilha de s. Miguel, caldeira vulcânica a céu aberto.

Campos agrícolas entre Ponta Delgada e as Furnas: camponeses junto a burras de milho maíz

Cidade de Ponta Delgada/ou arredores, Açores: homens e crianças recolhem água fresca em fonte pública com bilhas de barro e pipos de madeira. Carrinho puxado por carneiro. Criança com arco de brincar. Nota: esta indumentária masculina nada tem que ver com os trajes habitualmente apresentados pelos grupos folclóricos.
Brindo o meu caro Prof. João Vasconcelos e Costa com estas imagens dos Açores, presentes na obra de Mrs. Charles Roundell, A visite to the Azores with a chapter on Madeira. London: Bickers & Son, 1889.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Cobertura da visita oficial de Afonso XIII a Portugal (1903)

Visita de Afonso XIII (1)

Visita de Afonso XIII (2)

Visita de Afonso XIII (3)

Visita de Afonso XIII (4)

Visita de Afonso XIII (5): já noticiámos anteriormente a foto-reportagem da visita do rei de Espanha, Afonso XIII, a Portugal no inverno de 1903 com base nas páginas da revista Ilustração Portuguesa. O presente relato foi fixado pelos redatores d'O Occidente n.º 899, de 20.12.1903, que teve continuidade na edição seguinte.