quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Hintze Ribeiro de capa e batina (1869-1870)

Fotografias do advogado e estadista Ernesto Rudolfo Hintze Ribeiro (Ponta Delgada, 1849; Lisboa, 1907), publicadas pela revista Brasil-Portugal n.º 206, de 18.8.1907.
Em três imagens do acervo familiar, Hintze é representado de capa e batina. A imagem de meio corpo a 3/4, sentado, com a pasta de quintanista no regaço, segue a prática instituída pelas casas fotográficas que tinham começado a comercializar cartas fotográficas de curso (orlas de curso, em Espanha) e álbuns de cursos. As duas fotografias em pose ereta são documentos relevantíssimos para a iconografia do hábito talar em Portugal. O jovem estudante de Direito faz-se fotografar em estúdio com a pasta de luxo, capa, batina de modelo comum (hábito curto ou abatina), mas deixando ver os calções e as meias altas que desde o Edital [reitoral] de 10.10.1863 praticamente só eram envergados nos dias de matrícula e nas grandes cerimónias.
É possível que um número diminuto de estudantes, entre os quais se contaria Hintze, usasse ainda o traje de abatina com calções. O cliché de 1869 pode ter sido tirado no ínício do ano letivo de 1869-1870, uma vez que Hintze concluíu o bacharelo de Direito em 11.7.1870 e colou o respetivo grau (=formatura, ritual que se realizava nas salas de aula de cada uma das faculdades) em 22.5.1871. Seguiram-se a licenciatura a 8.2.1872 (este grau era obrigatoriamente colado na capela da Universidade), a arguição das conclusões magnas (dias 1 e 2.7.1872), tendo colado o grau de Doutor em Direito Civil a 14.7.1872.
Nas fotografias de estudante é visível a corrente do relógio de bolso. A corrente prendia num dos botões da carcela da batina e o relógio propriamente dito (conhecido na gíria por "cebola") metia-se num bolsinho da batina rasgado à altura do peito.

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