quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Estudante de Bordéus, ca. 1900, com bengala e a gorra (faluche) trazida dos festejos comemorativos da Universidade de Bolonha (Bolonha, 1888).
A gorra, de tecido preto, apresenta um distintivo, não se consegue perceber bem se bordado, se metálico. Não está ainda suficientemente estudado no presente o fenómeno ocidental que alimentou o gosto estudantil pelos emblemas, distintivos e crachás desde finais do século XIX.

Onde: trata-se de um movimento de radicação internacional que abrange os estudantes das américas (norte, central, sul), de Portugal, de Itália, da Bélgica, de França.
Quem usa: estudantes de todos os graus de ensino, de instituições públicas e privadas, mas com maior incidência nos níveis médio/secundário e superior.
Em que peças de indumentária: os distintivos são usados em boinas e gorras (Itália, Bélgica, França), capas (tunas de Espanha, Portugal, goliardias italianas), diversos tipos de casacos e em equipamentos desportivos corporativos, mochilas, etc.
Quem controla a produção e os lucros: a economia de produção e distribuição dos distintivos não é geralmente controlada pelas instituições académicas. Os lucros revertem no essencial, em todos os países onde este negócio está implantado, para estabelecimentos de venda de vestuário, uniformes e trofeús. Exceções conhecidas: associações de estudantes que autorizam a exploração de uma logo-marca em cadernos, lápis, mochilas; mochilas, blusões, camisolas, T-shirts, chinelos de quarto, bonés, cujo fabrico é controlado pelas universidades dos USA.
Que tipos de distintivos são produzidos: anéis com e sem gema, emblemas de pano estampados e bordados, alfinetes de lapela e gravata, botões de punho, crachás, pin's, porta-chaves, entre outros.
Que materiais e técnicas são empregues: bordado à máquina, estampagem, fundição em molde, esmaltado [sobre tecidos, prata, cobre, prata dourada].
Quem cria/inventa os distintivos: a) criados pelas próprias casas comerciais, caso da afamada Casa Mourgeon, de Paris, que a partir de 1925 inventou diversos emblemas para gorras académicas; b) inventados ad hoc por grupos de estudantes, tunas, comissões de cursos, dirigentes de associações de estudantes, sem discussão nem aprovação oficial pelos órgãos de governo dos estabelecimentos de ensino; c) símbolos/distintivos/cores propostas por comissões de docentes, discutidas e aprovadas oficialmente pelos órgãos académicos legitimados para tal nos estatutos/regulamentos; d) antigos símbolos, que já se encontravam em uso em universidades e escolas superiores de fundação anterior ao século XX.
Fiabilidade dos distintivos académicos: ressalvando os distintivos clássicos que simbolizam os ramos dos saberes, na maior parte das situações conhecidas os distintivos em circulação não respeitam os critérios de conceção e design a que deverão obedecer, em concreto normas heraldísticas e referenciais greco-romanos (mitologia). Daí que, por exemplo, no caso dos estudantes franceses, tenhamos inventonas do tipo: sapinho (estudante eleito para órgão académico); porco (estudante que frequentou ou ministrou praxes), cabeça de vaca (anos chumbados), camelo com patas no ar (estudante comprometido amorosamente), garrafinha (estudante beberrão), flor de lis (estudante monárquico). Os estudantes adoram estas invenções, não raro naifs, como acontecia com a clássica tatuagem dos soldados da guerra colonial: um coração tosco atravessado por uma seta e por junto a frase "Amor de mãe". Donde a dúvida: estamos perante distintivos académicos ou estamos perante distintivos de uso comum a diversos grupos/entidades que também são partilhados por estudantes?
Para os cépticos e para os que acham que o estudo dos distintivos académicos é coisa de somenos, cite-se Guy Daniel que defendeu na Universidade de L'Ille, en 1990, uma tese de doutoramento intitulada "La faluche, histoire, décryptage et analyse...".

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