quarta-feira, 6 de junho de 2012

Retrato do cardeal Giovanni Salviatti (1490-1553), óleo sobre tela realizado por Pier Francesco Foschi (1502-1567). Acervo do Pushkin Museum (Rússia).
O que veste?

-barrete quadrangular de tecido preto encorpado, admitindo-se que possa ser de pano de seda talhado em quatro partes unidas por costuras e reforçadas por entretela e forro. É seguramente um modelo intermédio, situado entre o barrete dos doutores e humanistas do Renascimento e o barrete quadrangular armado em cartão forrado que para os finais do século XVI começa a ostentar cristas sobre a copa e pompom;
-toga preta talar, com meias mangas de entretalhos verticais, sem bandas nem cabeção (tivera estes elementos e seria uma garnacha), sobreposta a sotaina longa de mangas estreitas, a afunilar na direção dos punhos (como era próprio da maior parte das sotainas e batinas, modo de talhar e coser que se manteve em uso até bem dobrado o meio do século XIX).

Donde o concluir-se que no século XVI não havia na Europa uma distinção clara era vestes talares eclesiásticas e vestes talares judiciárias. Coexistiam diversos modelos e os clérigos, humanistas e universitários ora vestiam uns ora vestiam outros. Idêntica conclusão autoriza a releitura das constituições sinodais quinhentistas. Identificam-se as cores proibidas mas os prelados diocesanos nunca dizem qual seja o modelo de trajo em uso. Evidentemente que os trajes em uso eram os trajes que comummente os alfaiates confecionavam para os clérigos, humanistas e universitários e jurisconsultos numa determinada época. Só a partir do século XIX, por direta influência da uniformologia militar e dos procedimentos de monitorização dos regulamentos das instituições de internamento, é que os trajes profissionais começam a ser detalhadamente descritos (feitio, dimensões, n.º de botões e de bolsos, etc.).

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