terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Memória da Agrária (3)
Pavilhões funcionais do picadeiro e dos estábulos da Escola Prática Central de Agricultura de Coimbra, instituição sucedida pela ESA de Coimbra.
A identidade ESA, hodiernamente integrada do Instituto Politécnico de Coimbra, marcou profundamente o imaginário local, seja em termos de construção de práticas culturais específicas, seja pelas relações de boa vizinhança mantidas com os estudantes da universidade local. A Agrária deu à Académica bons futebolistas e tem sido desde as origens uma "eterna" convidada de honra do cortejo alegórico da Queima das Fitas.
De acordo com os dados disponíveis, as raízes da Escola Prática Central de Agricultura entroncam na Quinta Regional de Sintra que foi criada por Decreto de 10.9.1862. Esta escola foi transferida para o lugar da Bencanta, na margem sul do Mondego em 1886-1887. Em 1891 a escola estabelecida em Coimbra foi "desdobrada", originando a Escola de Regentes Agrícolas Morais Soares, de Santarém.
Os estudantes da Universidade de Coimbra, conhecidos por "sacas de carvão", chamavam aos seus vizinhos da Agrária "broeiros" (=comedores de broa), "charruas" e "esterqueiros", tendo estabelecido que de meio da ponte de Santa Clara para sul não exercia a Academia qualquer praxe, pois que ali era a raia praxística dos charruas. Território delimitado, e relacionando-se bem com os estudantes da Agrária, os universitários não deixavam de soltar entre dentes o célebre "Santa Clara menos bem canta".
Por regulamento, e também porque havia internato, um charrua tinha no enxoval duas fatiotas. O traje de trabalho, composto por botas de couro de cano alto, calças de ganga, "blusa" de ganga e boné, à "farmer" (lenço vermelho ao pescoço). O traje de festa, de pano escuro, semelhante ao dos lavradores abastados, que nalguns casos era completado com capote.
Muito cedo, e por influência da cultura universitária, os primeiros cursos adotaram uma pasta de ganga e fitas em branco (a cor do leite) e verde (a cor da erva).
Esquecidos os antigos trajes, na década de 1980 os estudantes da ESA usaram capa e batina. Por 1990-1991 aprovaram um traje de equitação, tendo sido um dos mentores o Luís de Matos que viria a dar em mágico afamado.
Fonte: O Occidente n.º 920, de 20.7.1904

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