terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um aspecto da batina talar ordinária
A batina talar romana ordinária é uma veste de corpo único, ao contrário das vestes talares eclesiásticas e judiciárias dos séculos XV e XVI que eram duplas (veste de baixo e sobreveste). O modelo clássico da batina ordinária, em lã preta, tinha as seguintes características:

-corte de base em 5 panos (1 costas, 2 frentes direita e esquerda, 2 mangas);
-duas mangas em forma de tubos que nas batinas dos séculos XVII e XVIII afunilavam entre o cotovelo e o punho, sem sobremanga nem canhão nos punhos, e eram encurvadas;
-colarinho raso, relativamente baixo (1 a 1,5cm de altura) nas batinas de oitocentos e total ausência de colarinho nos modelos confeccionados nos séculos XVII e XVIII;
-fixação do saio posterior pela linha da cintura com três machos, 1 central e 2 lateriais;
-dois bolsos verticais com cerca de 17 a 20 cm de altura metidos nas costuras lateriais, que podiam ter fundilhos ou ser falsos;
-carcela vertical dianteira munida de caseado e botõezinhos forrados a fio bordado ou a tecido (jamais botões de massa);
-bainha pespontada a toda a volta e reforçada com entretela;
-forro interior pleno nas mangas, corpo e saio (nas actuais forram-se mangas e corpo).
Excepções:
-a batina podia ser avivada nas orlas, caseado, botões e pespontos;
-nos modelos portuguses do século XVIII fixados em retratos de clérigos notamos a presença de um canhão que dobra por fora do punho (tal e qual como na camisa de punhos), ainda hoje aplicado em algumas becas de juiz;
-podia levar um bolso sobre o peito esquerdo, escondido por dentro, que servia para guardar o relógio de bolso ou cebola de grilhão;
-em alguns modelos portugueses, em vez de três machos metidos no saio, usava-se 1 macho central e 2 generosas pregas laterais.
Esta batina vestia-se de ordinário com chapéu de feltro dobrado em três (tricórnio), volta branca (colarinho), cabeção de abas, calções, meias altas e sapatos pretos ornados de fivela de latão amarelo ou de prata.
Esta é que era considerada a batina ordinária ou comum de um corpo antes de se ter popularizado a vistosa batina romana, mais conhecida por zimarra (samarra, chamarra, simar, zimarre) que não é chamarra nenhuma mas sim uma batina de ostentação. A chamarra era a sobreveste da loba, havendo quem lhe chamasse opa, o que não está mal visto, pois não tinha mangas ou se as tivesse eram largueironas. O que a batina ordinária não podia ter era cauda, pois tal adereço era reservado à batina coral.
Fonte: Retrato de Monsignor James Andrew Corcoran (1820-1889), http://digitalgallery.nypl.org/

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