quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cortejo burlesco da Serração da Velha
Em diversas comunidades tradicionais rurais e urbanas portuguesas e brasileiras foram mantidos até à primeira metade do século XIX os antigos autos populares de julgamento do tempo e de um bode expiatório que encarnava os males da comunidade. As designações variavam (enterro do bacalhau, julgamento do bacalhau, serração da velha, queima do judas, queima do galheiro, queima do João, e nos estudantes, queima das fitas, enterro da gata, enterro da bicha), mas a estrutura judicário-punitiva era a mesma, com replições em Espanha (entierro de la sardiña), França, Itália e Bélgica. Um tribunal popular, convenientemente trajado e ensaiado, que entrava num terreiro em carros de aparato (replicação do cerimonial régio) e conduzia o condenado até ao local da execução (replicação dos procedimentos do direito criminal infamante baseado na teatralização pública de penas corporais violentas).
A imagem, desenhada por Manuel Macedo, foi publicada na revista O Occidente n.º 8, de 15.4.1878. Escreveu o texto Pinheiro Chagas que não fazia a mínima ideia do que estava a tratar e perorou banalidades e pseudo-periodizações da história, dando a serração por extinta quando o chavivari continuava vigorosíssimo nas comunidades tradicionais.

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