domingo, 10 de julho de 2011



As Mamudas (II)

Fachada principal da BGUC, escultor António Duarte, 1956.

A intenção inicial seria representar as Artes Liberais, o Trivium e o Quadrivium. Verdadeiros "mister dinamite", misto de Arnold Schwarzenegger e Silvester Stallone avant la lettre, simbolizam o delírio monumentalista que se tinha apossada das obras públicas e do discurso sobre os edifícios públicos na época áurea dos regimes autoritários e totalitários.

A retórica higienista associada ao vigor físico e às capacidades da chamada "raça portuguesa" estava em flagrante conflito com a realidade social, genética e alimentar da população portuguesa continental e insular. Passava-se fome, a dieta alimentar era desiquilibrada, havia doenças não debeladas e a ameaça do raquitismo obrigava à ingestão de frascos de óleo de fígado de bacalhau nas escolas de ensino primário. Na maior parte das províncias a população masculina e feminina era de baixa estatura, os homens a rondar 1,60m a 1,65m de altura, as mulheres com cerca de 1,50m a 1,55m de altura. Em certas localidades estes portugueses baixinhos eram conhecidos por ratinhos. Mais de 50% da população nascia e vivia nos campos. A gestação não era medicamente acompanhada e os partos decorriam em casa, registado-se elevadas taxas de mortalidade infantil e carências de suplementos vitamínicos.

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