Virtual Memories

domingo, 2 de maio de 2010


Bioco e mantilha de Vejer ("cobijado"). Quadro de Francisco Prieto Santos existente no Museo Provincial de Cádiz


Veger de la Frontera, ensaio de reconstituição e aproveitamento de um antigo traje feminino de ostentação social como marca referencial. Uma escultura em bronze foi entretanto produzida e assente em local de destaque no povoado, tal como já aconteceu em Miranda do Douro com a capa de honras


Coca e mantilha ou "cobijado" das mulheres de Vejer de la Frontera
Neste exemplar reconstituído, as semelhanças com o antigo manto das mulheres da Ilha Terceira, Açores, é no mínimo impressionante

Enfermeiras dos EUA, comitiva de recepção a Maud MacCarthy, cidade de Washigton, 14 de Março de 1924


Enfermeiras da marinha dos EUA, foto de 1918

Enfermeira da marinha dos EUA, anos da Grande Guerra
Tailleur com capote azul-escuro. Na mesma altura, nos liceus portuguesas, as estudantes mobilizam-se e inventam um traje semelhante ao da fotografia


Uniforme de enfermeira da marinha, EUA, período da Grande Guerra

Fonte: http://www.history.navy.mil.photos/pers-us/uspers-b/jb-bowmn.htm


Enfermeiras britânicas que prestaram serviço na Bélgica em 1914
A Grande Guerra exerceu uma influência decisiva na metamorfose da moda feminina urbana. Os corpos de enfermeiras da marinha e da Cruz Vermelha, nos EUA, no Canadá, na Grã-Bretanha, adoptaram fardamentos de corte geométrico e linhas funcionais onde a influência dos uniformes militares é bem patente


Cartaz de propaganda feminista de inícios do século XX, circulado na Irlanda, onde estão identificadas várias profissões que as mulheres ambicionavam exercitar


Grupo das primeiras nove mulheres formadas pela University of Ireland em 1884


Cegonha, ave associada a Esculápio


Asclépia


Esculápio, gravura reconstitutiva globalmente correcta. Mostra o bastão com a serpente enroscada e Telésforo (Convalescença)

Esculápio, British Museum
A figurinha de Telesforo encontra-se mutilada


Esculápio
Asclepius ou Esculápio é a divindade tutelar da Medicina. Filho de Apolo, foi iniciado nas artes médicas pelo Centauro Quíron. Teve culto na Grécia e no Império Romano, tendo sido substituído por diversos santos católicos.
Esculápio é tradicionalmente representado como um adulto masculino, barbado, apoiado num bastão de madeira no qual está enroscada uma serpente. Esta serpente, que simboliza a regeneração do paciente, é a Coluber Asclepii de escamas amarelas. O bastão resultará do galho ou raminho medicinal que a serpente trazia na boca quando foi encontrada por Esculápio na tentativa de encontrar cura para a esposa. Nalgumas figurações, Esculápio está rodeado por Higyeia, Panaceia, Iaso e Telesforo. De acordo com o mito, Quíron entregou ao deus da Medicina uma faca (instrumentos cirúrgicos), plantas medicinais (mezinhas), terra (terapia) e palavras rituais (comunicação).
Saberes que representa: Faculdade de Medicina, Medicina, artes médicas em geral
Plantas associadas: todas as plantas medicinais da orla mediterrânea, a asclépia
Animais associados: serpente amarela. No caso específico de Coimbra, acresce à serpente uma cegonha (ternura, tratamento humanizado, nascimentos)
Emblema: prevalece a mesma regra para todos os cursos e disciplinas na Univ. de Coimbra, ou seja, os atributos da alegoria são inscritos num medalhão oval que tem no interior uma pilha de livros da ciência representada, sobre estes o barrete doutoral na cor da respectiva Faculdade e ao lado os distintivos. No caso de Medicina, o bastão de esculápio com a serpente enroscada e uma cegonha de pé. Na orla do medalhão, identificam-se em latim, por abreviaturas, o nome da instituição (esquerda), o nome da Faculdade (direita) e o nome do curso ou cadeira (rebordo inferior)
Erro frequente: confusão entre o bastão de Esculápio e o caduceu de Mercúrio, por desconhecimento da Marinha dos EUA, erro que remonta aos finais da Primeira Guerra Mundial e se encontra bastante mundializado

Panakeia


Iaso, vaso cerâmico


Higyeia ou Salus, trabalho romano


Higyeia, cópia romana de original grego

Higyeia, cópia romana, Palazzo Corsini, Roma


Higyeia, Hermitage
Filha do deus da Medicina, Esculápio, Higyeia ou Hígia auxiliava o pai no tratamento dos doentes. Era figurada como uma mulher jovem, trazendo enroscada no braço esquerdo uma serpente e na mão direita uma taça de remédios. Por vezes era representada em conjunto com Esculápio, Iaso (Remédio), Panakeia (Cura) e o pequeno Telesphoro (Recuperação, Convalescença). Em Roma, Higyeia foi assimilada à divindade Salus (Saúde).
Ramos do saber que representa: Faculdade de Farmácia, disciplinas dos currícula de Farmácia, Higiene, Saúde Pública, Prevenção
Plantas associadas: todas as plantas medicinais da orla mediterrânea
Animais associados: serpente
Atributos: taça (ou almofariz com pilão) e serpente enroscada
Erro mais frequente: transposição da serpente enroscada em palmeira, típica das placas de sinalização das farmácias junto à via pública

Hermes com características do Anubis egípcio (Museus do Vaticano)


Mercúrio, trabalho de Artus Quellinus, Amesterdão, séc. XVII


Hermes, Museu Arqueológico de Instambul


Hermes/Mercúrio coordena a condução do corpo de Sarpedon, auxiliado por dois entes alados, Hypnos (Sono) e Thanatos (Morte).
Vaso das colecções do Metropolitan, New York


Hermes/Mercúrio
Divindade do panteão greco-romano, filho de Zeus e de Maia. Foi considerado um deus agro-pastoril, tendo conquistado campos de abrangência como a ginástica e os ginásios, os caminhos e encruzilhadas, os transportes, os ladrões habilidosos, a transmissão de mensagens, o comércio e a eloquência. Competia-lhe assegurar a condução das almas no mundo inferior, para tanto iluminando o submundo com o caduceu cintilante e pagando a Caronte o óbulo para que a barca atravessasse o Estígio em direcção aos portões do Hades.
Na Grécia era representado como um homem adulto, barbado, envergando túnica, chapéu rural de abas, sandálias aladas de tamareira e mirtilo, bolsinha de teres e haveres e rabdos (bastão) ou kerykeion (caduceu). Nas estátuas romanas é figurado preferencialmente nu, com chapéu alado, sandálias e caduceu.
Ramos do saber: patrono da Faculdade de Economia, cursos de Economia, comércio, contabilidade, gestão
Plantas associadas: mirtilo, tamareira, medronheiro
Animais associados: bode ou carneiro (funções agro-pastoris), galo (vigilância e zelo no trabalho e nos negócios; luta e esforço físico), duas serpentes (tréguas ou paz)
Atributos: sandálias aladas (rapidez na decisão e execução), chapéu alado, bolsa de valores (negócios), caduceu.
Os atributos de Hermes/Mercúrio não costumam ocorrer na iconografia académica coimbrã, não propriamente por desconhecimento da mitologia clássica mas porque quando se fundou a Faculdade de Economia na década de 1970 os seus alunos importaram a iconografia que se encontrava consagrada desde a década de 1950 na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. O elemento figurativo mais bizarro desta replicação é o cifrão ($), que após 2001 passou a euro (€), que parece constituir um non sense na cultura académica conimbricense. Só assim não seria se o € remetesse para a bolsinha dos valores de Mercúrio ou para a moeda que era obrigação pagar-se a Caronte. Provado que esta ligação inexiste, de onde vem então a ideia do $? Até prova em contrário, quem inventou este "emblema" foi o primeiro curso da FEUP, em plena década de 1950, inspirado nos álbuns do Tio Patinhas. O Uncle Sroog é um boneco de origem escocesa, criado em 1947 por Carl Blarks. No segundo álbum da série Patinhas, editado em 1948, com o título Foxy Relation, o Tio Patinhas aparece referenciado como o pato mais rico do mundo. A metáfora rapidamente foi apropriada pela indústria de entretenimento dos EUA que passou a assimilar a imagem do multimilionário Patinhas à economia americana em expansão no após Segunda Guerra Mundial. Mesmo que esta justificação tenha outras nuances, fotografias de alunos da FEUP mostram o emblema e gigantescos bonecos do Patinhos em carros da Queima das Fitas. Para os norte-americanos, o caduceu de Mercúrio simboliza desde a Primeira Guerra Mundial a "Medicina", confusão que os europeus consideram bárbara e os americanos assumem com enorme descontracção.