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domingo, 2 de maio de 2010
Uniforme de enfermeira da marinha, EUA, período da Grande Guerra
Fonte: http://www.history.navy.mil.photos/pers-us/uspers-b/jb-bowmn.htm
Enfermeiras britânicas que prestaram serviço na Bélgica em 1914
A Grande Guerra exerceu uma influência decisiva na metamorfose da moda feminina urbana. Os corpos de enfermeiras da marinha e da Cruz Vermelha, nos EUA, no Canadá, na Grã-Bretanha, adoptaram fardamentos de corte geométrico e linhas funcionais onde a influência dos uniformes militares é bem patente
Esculápio
Asclepius ou Esculápio é a divindade tutelar da Medicina. Filho de Apolo, foi iniciado nas artes médicas pelo Centauro Quíron. Teve culto na Grécia e no Império Romano, tendo sido substituído por diversos santos católicos.
Esculápio é tradicionalmente representado como um adulto masculino, barbado, apoiado num bastão de madeira no qual está enroscada uma serpente. Esta serpente, que simboliza a regeneração do paciente, é a Coluber Asclepii de escamas amarelas. O bastão resultará do galho ou raminho medicinal que a serpente trazia na boca quando foi encontrada por Esculápio na tentativa de encontrar cura para a esposa. Nalgumas figurações, Esculápio está rodeado por Higyeia, Panaceia, Iaso e Telesforo. De acordo com o mito, Quíron entregou ao deus da Medicina uma faca (instrumentos cirúrgicos), plantas medicinais (mezinhas), terra (terapia) e palavras rituais (comunicação).
Saberes que representa: Faculdade de Medicina, Medicina, artes médicas em geral
Plantas associadas: todas as plantas medicinais da orla mediterrânea, a asclépia
Animais associados: serpente amarela. No caso específico de Coimbra, acresce à serpente uma cegonha (ternura, tratamento humanizado, nascimentos)
Emblema: prevalece a mesma regra para todos os cursos e disciplinas na Univ. de Coimbra, ou seja, os atributos da alegoria são inscritos num medalhão oval que tem no interior uma pilha de livros da ciência representada, sobre estes o barrete doutoral na cor da respectiva Faculdade e ao lado os distintivos. No caso de Medicina, o bastão de esculápio com a serpente enroscada e uma cegonha de pé. Na orla do medalhão, identificam-se em latim, por abreviaturas, o nome da instituição (esquerda), o nome da Faculdade (direita) e o nome do curso ou cadeira (rebordo inferior)
Erro frequente: confusão entre o bastão de Esculápio e o caduceu de Mercúrio, por desconhecimento da Marinha dos EUA, erro que remonta aos finais da Primeira Guerra Mundial e se encontra bastante mundializado
Higyeia, Hermitage
Filha do deus da Medicina, Esculápio, Higyeia ou Hígia auxiliava o pai no tratamento dos doentes. Era figurada como uma mulher jovem, trazendo enroscada no braço esquerdo uma serpente e na mão direita uma taça de remédios. Por vezes era representada em conjunto com Esculápio, Iaso (Remédio), Panakeia (Cura) e o pequeno Telesphoro (Recuperação, Convalescença). Em Roma, Higyeia foi assimilada à divindade Salus (Saúde).
Ramos do saber que representa: Faculdade de Farmácia, disciplinas dos currícula de Farmácia, Higiene, Saúde Pública, Prevenção
Plantas associadas: todas as plantas medicinais da orla mediterrânea
Animais associados: serpente
Atributos: taça (ou almofariz com pilão) e serpente enroscada
Erro mais frequente: transposição da serpente enroscada em palmeira, típica das placas de sinalização das farmácias junto à via pública
Hermes/Mercúrio
Divindade do panteão greco-romano, filho de Zeus e de Maia. Foi considerado um deus agro-pastoril, tendo conquistado campos de abrangência como a ginástica e os ginásios, os caminhos e encruzilhadas, os transportes, os ladrões habilidosos, a transmissão de mensagens, o comércio e a eloquência. Competia-lhe assegurar a condução das almas no mundo inferior, para tanto iluminando o submundo com o caduceu cintilante e pagando a Caronte o óbulo para que a barca atravessasse o Estígio em direcção aos portões do Hades.
Na Grécia era representado como um homem adulto, barbado, envergando túnica, chapéu rural de abas, sandálias aladas de tamareira e mirtilo, bolsinha de teres e haveres e rabdos (bastão) ou kerykeion (caduceu). Nas estátuas romanas é figurado preferencialmente nu, com chapéu alado, sandálias e caduceu.
Ramos do saber: patrono da Faculdade de Economia, cursos de Economia, comércio, contabilidade, gestão
Plantas associadas: mirtilo, tamareira, medronheiro
Animais associados: bode ou carneiro (funções agro-pastoris), galo (vigilância e zelo no trabalho e nos negócios; luta e esforço físico), duas serpentes (tréguas ou paz)
Atributos: sandálias aladas (rapidez na decisão e execução), chapéu alado, bolsa de valores (negócios), caduceu.
Os atributos de Hermes/Mercúrio não costumam ocorrer na iconografia académica coimbrã, não propriamente por desconhecimento da mitologia clássica mas porque quando se fundou a Faculdade de Economia na década de 1970 os seus alunos importaram a iconografia que se encontrava consagrada desde a década de 1950 na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. O elemento figurativo mais bizarro desta replicação é o cifrão ($), que após 2001 passou a euro (€), que parece constituir um non sense na cultura académica conimbricense. Só assim não seria se o € remetesse para a bolsinha dos valores de Mercúrio ou para a moeda que era obrigação pagar-se a Caronte. Provado que esta ligação inexiste, de onde vem então a ideia do $? Até prova em contrário, quem inventou este "emblema" foi o primeiro curso da FEUP, em plena década de 1950, inspirado nos álbuns do Tio Patinhas. O Uncle Sroog é um boneco de origem escocesa, criado em 1947 por Carl Blarks. No segundo álbum da série Patinhas, editado em 1948, com o título Foxy Relation, o Tio Patinhas aparece referenciado como o pato mais rico do mundo. A metáfora rapidamente foi apropriada pela indústria de entretenimento dos EUA que passou a assimilar a imagem do multimilionário Patinhas à economia americana em expansão no após Segunda Guerra Mundial. Mesmo que esta justificação tenha outras nuances, fotografias de alunos da FEUP mostram o emblema e gigantescos bonecos do Patinhos em carros da Queima das Fitas. Para os norte-americanos, o caduceu de Mercúrio simboliza desde a Primeira Guerra Mundial a "Medicina", confusão que os europeus consideram bárbara e os americanos assumem com enorme descontracção.