Virtual Memories
sábado, 1 de maio de 2010
Artemisa, figuração grega arcaica, inspirada pela arte sacra egípcia.
Neste vaso do Museu Arqueológico de Florença, Artemisa é uma caçadora alada que segura animais selvagens (corso e pantera).
Filha de Zeus e de Latona, Artemisa ou Diana (Roma) era a deusa da caça, dos animais domésticos e selvagens e dos partos. Envergava habitualmente uma túnica e era identificada pelo porte de aljava, arco e flecha. Podia ter o penteado ornamentado com uma Lua. Na arte grega, Artemisa aparece numa biga puxada por cavalos selvagens.
Ramos do saber que representa: Zoologia, morfologia animal, Ecologia, "história natural"
Atributos: arco e flecha de prata, oferecidos por Zeus e forjados por seu irmão Hefesto
Plantas associadas: artemísia ou absinto
Animais associados: parelha de cavalos selvagens, corso e urso, dois cães de fila
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Urania (relevo de um sarcófago romano, Museu do Louvre)
Musa que representa a Astronomia e a Matemática. A mitologia hesita entre considerá-la filha de Zeus ou de Urano. Tradicionalmente Urania é figurada como uma graciosa alegoria feminina, envergando vestes compridas. As suas roupas reflectem o azul da abóbada celeste, podendo ser em azul e branco. Traz a fronte ornada com um diadema de estrelas, motivo que por vezes ocorre nas vestes. Tem na mão ou junto aos pés um globo, livros espalhados pelo chão, e na outra mão um grande compasso.
Foi às representações de Urania, popularizadas na arte ocidental desde o Renascimento, que o Marquês de Pombal foi buscar a ideia do azul-claro e branco para a Faculdade Matemática instituída em 1772. Anteriormente, as disciplinas de Aritmética, de Astronomia e de Geometria eram leccionadas no âmbito do quadrivium na Faculdade de Artes Liberais. Embora confundida com a alegoria de Urania, a Astromonia era representada desde a Idade Média por uma mulher ostentando na mão um telescópio primitivo. Também feminina, os atributos da Geometria eram um compasso e uma régua de grandes dimensões. A Aritmética costumava trazer nas mãos um ábaco em forma de corda sulcada de contas.
Hephaestus ou Vulcanus, deus greco-romano filho de Júpiter
Conhecido por coxear, Vulcano era representado como um ferreiro na forja a preparar elmos, espadas, grevas, o capacetes, escudos ou os raios de Júpiter. Divindade do fogo e dos metais, trazia a cabeça ornada de louros e nas mãos um malho de ferro e uma tenaz. Nos vasos cerâmicos gregos tanto aparece montado num burro como a ser transportado numa biga alada.
Ramos do saber que simboliza: Geologia, Vulcanologia, Tecnologia, Metalurgia
Atributos: malho de ferreiro e tenaz
Planta sagrada: foeniculum vulgare (funcheira do Mediterrâneo), planta a um tempo medicinal, gastronómica e usada como archote no acto do transporte do fogo sagrado
Animais sagrados associados: cão grego que guardava a entrada do seu próprio templo; burro grego em cujo lombo era figurado; dois grous, animais usados para ornamentar a sua biga (cauda, asas, cabeças)
terça-feira, 27 de abril de 2010
Zamora, pormenor do capelo e capuz da capa alistana
Usança velha nos rituais fúnebres ibéricos, o capuz é deitado pela cabeça. O mesmo acontecia em Portugal nos actos fúnebres soleníssimos, a começar pelas misericórdias cujos irmãos cobriam as cabeças com os capuzes dos balandraus. Já que se fala em velhas usanças, andaremos longe da verdade se quisermos ver nos gigantescos e desabados chapeirões das mulheres de Ovar e de Aveiro sobreviências dos chapéus de "nojo çarrado"?
Zamora, exemplar da capa alistana em contexto de promoção turística
A utilização de peças de indumentária como instrumentos de promoção turística tem forte impacto visual, ajuda a promover os produtos locais, reforça a identidade e estimula a imaginação.
Na década de 1980 vimos exemplares do capote e capelo expostos em lojas comerciais da cidade de Ponta Delgada e mais recentemente notámos capotes alentejanos (versão adulta e infantil) em lojas de Vila Viçosa.
Zamora, capa tradicional de Aliste ou capa alistana em burel pardo com capelo e capuz.
Patenteia enormes semelhanças com a capa de honras de Miranda do Douro, apesar da confecção menos elaborada.
Exemplar da colecção do Museo del Traje (Madrid), disponível em http://museodeltraje.mcu.es/index.jsp?id=47&ruta=4,17,47&reference=MTO5132
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Equipa feminina de basketeball do Connecticut Agricultural College (actual Univ. of Connecticut), 1902. O distintivo da equipa é uma enorma letra de tecido recortada e pregada na camisola.
Conforme se pode aduzir pela visualização dos motivos adoptados em emblemas e pines por estudantes da Itália, França, Bélgica, Espanha e Portugal, a origem mais próxima deste costume parece radicar em distintivos militares e desportivos que os estudantes começaram a generalizar após a Grande Guerra de 1914-1918. Outra influência plausível poderá vir da arte sacra católica onde os santos e beatos eram figurados com determinados atributos (ex: a visão, Santa Luzia com os olhos numa taça).
Os referidos distintivos não seguem as normas heraldísticas nem estão minimamente em conformidade com a emblematística das universidades históricas onde existiam alegorias greco-latinas das faculdades e a partir dos respectivos atributos se minimizavam emblemas. Claro que uma coisa é a norma proposta pelas elites, outra coisa são as vivências. E aqui, se formos espreitar iluminuras medievais e pórticos de catedrais, logo veremos o quanto os saberes e as artes liberais cediam ao imaginário folclórico.
Univ. de Chicago, equipa feminina de baseball, fotografia tirada em 1902
Com interesse, o equipamento desportivo (camisola e saia-balão). O emblema da equipa, ainda muito rudimentar, segue o exemplo adoptado desde 1872 pelas equipas masculinas de futebol britânico: letras pintadas ou cosidas no peito da camisola.