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sábado, 13 de março de 2010

Vida na USAL


Estudantes salmantinos com indumentária de finais do século XVI, inícios de seiscentos. Trecho de uma pintura de Martín de Cervera na Biblioteca General (1614).
Em Novembro de 2009 foi criado o Canal USAL en YouTube que tem como missão registar e divulgar cerimónias e eventos correlacionados com a vida da Alma Mater Salmantinensis.
Aguns exemplos desta presença:
-Acto Solemne de Apertura de Curso (vendo-se o Reitor de Coimbra), http://diarium.usal.es/fgarcia/tag/usal/;
-Doctorado Honoris Causa de Ricardo Lagos Escobar (Presidente do Chile, 2009), http://www.youtube.com/watch?v=BKzWO5QByVI;
-Entrega de la Medalla USAL y Premios (2009), http://www.com/watch?v=BKzWO5QByVI;
-Solemne Acto de Toma de Possesión del Rector Daniel Hernández Ruipérez (2009), http://www.com/watch?v=BKzWO5QByVI.
Em diferentes registos servem ainda para reforçar a imagem e o prestígio da USAL instituições como:
-Museo Internacional del Estudiante, http://www.museodelestudiante.com/.
Analisando a gestão da imagem institucional da USAL e a sua presença na internet e nos novos meios de comunicação, pode concluir-se que a Alma Mater Salmantinsis ocupa um lugar de excelência no mapa das universidades ocidentais e na geo-referenciação dos membros do Coimbra Group.
De referir como pontos fortes: cerimonial diferenciado no contexto académico ibérico; pluralidade de ocorrências cerimonialísticas e festivas; capacidade de dinamização do centro histórico da cidade de Salamanca (excelente a nível dos cortejos públicos e da animação proporcionada pela tuna); articulação com projectos turísticos benéficos para a cidade; relação positiva com o património material e imaterial herdado dos séculos anteriores; produção de normativos protocolares escritos e sua divulgação no sítio web; promoção de estudos sobre insígnias, cores académicas, hábito talar e cerimónias (desempenho excelente); iniciativas de revitalização do património simbólico (chirimia/charamela, formatura de licenciados); adopção de políticas vocacionadas para a preservação e uso esclarecido e responsável; respeito pelos símbolos e heráldica herdados;
De referir como aspectos menos conseguidos: ausência de articulação com os membros do Coimbra Group; falta de consistência do ritual de formatura, cujo vazio pode facilmente abrir as portas à graduation ceremony americana ou à confusão entre colação do grau de licenciado e eventos de entrega de diplomas inspirados na cerimónia dos Óscars;
Grandes desafios: adequar os projectos existentes às recomendações da UNESCO para a salvaguarda do património cultural e simbólico.


Imposição do barrete doutoral em humanidades ante o olhar atento do chefe de protocolo
A murça doutoral espanhola, igual em todas as universidades desde 1850, comporta um comprido e estreito capuz que os doutores dobram por dentro do forro. À semelhança de países como a Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha, a toga é usada com papillon branco, costume que também chegou a ocorrer nas Médico-Cirúrgicas portuguesas. Com efeito, nas togas académicas que admitem porte de gravata, o papillon branco é o ornato de grande gala e não a gravata vulgar, à semelhança do que acontece aliás com as normas de uso da grande casaca preta civil.


Imposição do barrete doutoral em Direito


Os candidatos à laurea durante a laudatio


Composição do paraninfo


Trecho final do cortejo, vendo-se o reitor com murça e barrete negros


Outro aspecto do cortejo académico no pátio das escolas menores

Universidade de Salamanca: cortejo académico de doutoramento honoris causa em trânsito entre o pátio das escolas menores e a sala de actos grandes. Na vanguarda a charamela, depois os bedeis com a maças, o mestre-de-cerimónias (chefe de protocolo), o claustro doutoral e após ele o reitor.
Conjunto de 14 fotografias alusivas ao acto solene de colação do grau de doutor honoris causa a J. Ayala (Univ. da Califórnia) e a Luis Villa Gil (reitor da Universidad a Distancia/Madrid), que teve lugar em 19.06.2009.
A Alma Mater Salmantina é uma das instituições europeias medievais cujo cerimonial mais se aproximava do paradigma conimbricense. Entre finais do século XVIII e 1850 perdeu grande parte do seu património vestimentário, insigniário e ritualístico, com a abolição das touradas associadas aos doutoramentos, o desaparecimento do passeio doutoral na via pública, a abolição do antigo hábito talar e do barrete seiscentista ou mesmo o fim da histórica formação instrumental (charamela/chirimias). Ao longo da primeira metade do século XX, a USAL chegaria mesmo a perder o direito de criar doutores, cujo monopólio reverteu a favor da Complutense.
Na actualidade, a USAL tem vindo a promover um conjunto de iniciativas de revitalização do seu património cerimonialístico e de afirmação da sua imagem institucional:
-Acto solene de Apertura de Curso (Abertura Solene);
-Acto solene de Tomada de Posse do Reitor;
-Entrega da medalha USAL e prémios;
-Investidura de novos doutores;
-Doutoramentos Honoris Causa;
-Tentativa de revitalização da formatura de licenciados;
-Promoção de estudos sobre cerimonial académico através da Asociación para el estudio del protocolo universitário;
-Divulgação de fotografias de actos académicos no site oficial;
-Divulgação de cerimónias no youtube;
-Celebração do dia do patrono;
-Revitalização da charamela;
-Afirmação internacional através da partilha de imagens no sítio do Museo Internacional del Estudiante, visitado anualmente por milhares de cibernautas.
Resultado? A USAL gere o seu património histórico com excelentes resultados internos e externos. Aprendeu a falar a linguagem dos media e usa com manifesto proveito tecnologias audivisuais como o youtube.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vida em Genève

Conferimento da laurea honoris causa a diversos convidados de renome. O Bispo Desmond Tutu

Discurso do reitor Jean-Dominique Vassali na Catedral S. Pierre


Guarda de alabardeiros com trajes e armas reconstituídos conforme documentos de 1602

Docentes de diversas especialidades científicas


Membros do corpo docente da Unige


O cortejo académico, vindo-se docentes com insígnias de modelo espanhol e conimbricense


Aspecto do cortejo académico com docentes representantes de universidades da Noruega e da Polónia
Nas universidades da Europa continental as cerimónias académicas estavam associadas a cortejos festivos nas ruas e praças das cidades. A partir do século XVIII o emburguesamento triunfante anatematizou o cerimonial académico e obrigou a maior parte das instituições ao abolicionismo radical e ao confinamento intramuros. Na actualidade, o Acordo de Bolonha tem vindo a trazer de volta à rua algumas das velhas universidades. Aqui fica o exemplo de Geneva.


O huissier e alguns dos laureandos, entre os quais o Bispo Tutu


O huissier (bedel) com a massa de prata


Universidade de Geneva, início do cortejo público das comemorações do Dies Academicus de 5 de Junho de 2009
A Unige foi fundada em 1559. Comporta diversas unidades científicas, entre as quais a Faculdade de Teologia Protestante. Integra o Coimbra Group.
Não existe traje académico conhecido para os estudantes. Os membros do corpo docente vestem uma toga talar preta, pregueada no peito, com amplos mangões e guarnição de veludo na cor da especialidade científica (traje comum a outras universidades). A gorra seiscentista está caída em desuso. O reitor distingue-se pelo porte de um grande colar. Não são conhecidas cerimónias de formatura para licenciados e mestres. Não detectámos fotografias para a posse do reitor. A festividade anual mais importante é o Dies Academicus, data rememorativa da fundação protestante. Consiste num cortejo público entre a Unige e a Catedral de Saint-Pierre, com discursos e eventuais atribuições de diplomas de doutoramentos honoris causa.

domingo, 7 de março de 2010

Vida em Bristol


Três formandas, 2009


Cerimónia de tomada de posse de Winston Churchil como chanceler da Univ. de Bristol em 13.12.1929
Membro do Coimbra Group, a Univ. de Bristol foi fundada em 1909, tendo herdado o património do University College of Bristol (1876-1909). A instituição realiza anualmente eventos de formatura, investidura de membros do corpo docente e doutoramentos honoris causa.
Os trajes e insígnias sincretizam a herança de Oxford e Cambridge. O ritual de formatura configura uma adaptação do acto oxfordiano, aqui com recuperação do rito feudo-vassálico da investidura nas mãos do reitor.
Outras imagens associadas ao 1.º centenário (1909-2009): http://www.bristol.ac.uk/centenary/timeline.

Vida em Edinburgh



Inauguration do novo reitor de Edinburgh, Iain Macwhirter, em 4.03.2009

Cortejo festivo do novo reitor de Edinburgh Alexander Fleming, levado em sedia gestatoria pelos estudantes. O passeio reitoral em sedia é uma tradição universitária praticada por universidades escocesas como Saint Andrews e Edinburgh. Em Saint Andrews os estudantes utilizam a a sedia e por vezes uma charrete. Com o fim desta tradição na Casa Real britânica e no Vaticano (a sedia terá sido usada pela última vez no pontificado de João Paulo I), a raridade desta velha usança faz dela uma espécie de ex-libris do mundo universitário.


Discurso de tomada de posse de Alexander Fleming como reitor (19.02.1952)


Elisabeth Svenden, doutora honoris causa em 25.10.2009

Botões de punho em prata

Anel feminino em prata


Univ. de Edinburgh, anel masculino em ouro com figuração do selo e dizeres em língua inglesa inscritos em listel.
À semelhança da tradição das universidades britânicas, o anel de licenciado associado aos cursos da Univ. de Coimbra também não deveria comportar gema, costume que choca com tudo quanto vem disposto nos antigos estatutos.

Vida em Galway

Anel de formatura (graduation ring).
A utilização de anéis em ouro, com e sem sinete gravado, em ouro e gema numa determinada cor, remonta pelo menos ao Império Romano. Na tradição europeia, os anéis encontram-se associados a actos de investidura em determinados cargos, traduzindo compromissos de fidelidade e conferindo pública visbilidade aos actos de autenticação de documentos solenes.
Foram usados por monarcas, papas, cardeais, bispos, reitores, docentes das universidades históricas e notários.
Eram obrigatórios nos actos de colação do grau de doutor nas universidades católicas estabelecidas em Roma, em Coimbra, Salamanca e Oxford. No caso específico de Coimbra, o anel doutoral tem base em ouro e pedra na cor da especialidade científica. Nesta universidade portuguesa a tradição estatutária não especificava anel para bacharéis nem para licenciados, costume que se afirma nas ourivesarias de Coimbra pela década de 1950. A fábrica nem sempre respeita os motivos heraldísticos, o que confere a estes "anéis de curso" um ar vincadamente kitsch. Significa isto que em vez do bastão e serpente de Esculápio, podemos deparar com caveiras, dentes ou até com o caduceu de Mercúrio (erro iconográfico propalado pelos serviços médicos do exército dos EUA). Ou em lugar do caduceu de Mercúrio (Economia) podemos ver o símbolo do euro (€). O mais certo é a taça e a serpente de Higeia (Farmácia) andarem confundidas com a palmeiras das antigas boticas. E não surpreenderá que a graciosa borboleta de Psiché (Psicologia) ceda pleno foro à letra do alfabeto grego. No limite, tamanha arbitrariedade não convence e pode mesmo desacreditar os respectivos portadores. O mesmo vale para os códigos cromáticos aplicados às gemas, que em certas instituições são totalmente aleatórios. Aliás, o porte do anel não está associado ao rito de colação do grau, podendo ser estes artefactos ser fabricados, comprados e usados livremente.
Nos últimos vinte anos o chamado anel de curso generalizou-se em quase todas as universidades e politécnicos portugueses, confirmando assim a tendência observada em diversas instituições de ensino (públicas, privadas, militares, confessionais, tipo management school) um pouco por todo o continente americano.