domingo, 27 de junho de 2010

O Mariquelo de Salamanca


Fotografia do músico e "alpinista" Ángel Rufino de Haro nos céus de Salamanca
Na manhã do dia 1 de Novembro de 1755 os habitantes da Península Ibérica tinham acorrido em força às igrejas para celebrar os defuntos. Foi então que um violento tremor de terra sacudiu e derribou a velha cidade de Lisboa. Um tsunami entrou pela baixa, agravando ainda mais o cenário dantesco.
Lisboa sofreu, mas não foi a única localidade da Península Ibérica a sentir os efeitos do terramoto. Notícias da destruição são conhecidas para os Açores, Coimbra ou mesmo povoados espanhóis. No dia do terramoto, a catedral nova de Salamanca estava cheia de devotos. O edifício "dançou", pelo que conezia e crentes julgaram não sair dali com vida. A catedral não desabou mas a torre sineira ficou inclinada. Pisa não é caso único na Europa.
De 1755 em diante, determinaram os cónegos do cabido da catedral nova que um membro da família Mariquelo (que guardava o edifício e nele habitava) deveria subir ao ponto mais alto da torre a 31 de outubro para verificar se a estrutura se mantinha estável.
A tradição foi mantida ininterruptamente pelos Mariquelo até à década de 1970, altura em que ficou interrompida por falta de descendentes. Consta dos relatos que o Mariquelo subia as escadas interiores até à base da cúpula. Daí para cima trepava pelo exterior, agarrando-se a saliências de pedra e a sarrafos de ferro. Narram-se proezas de alguns que trepavam até ao ponto mais alto do agullhão de ferro, abriam os braços, rufavam a caixa e tocavam a flauta. Este é um dos aspectos mais curiosos da tradição, o inspector da torre leva às costas um tambor e uma flauta que deve tocar no topo da torre sineira.
Nos últimos anos a tradição foi assumida pelo folclorista Ángel Rufino de Haro que todos os anos, a 31 de Outubro, faz a escalada da torre e termina executando uma charrada. Em 2009 os cónegos do cabido salmantinense exigiram que a escalada fosse só até à base da cúpula.
Ángel de Haro é uma figura de referência em Espanha. Participa em inúmeras festividades tradicionais e já esteve em Lisboa, cuja Sé subiu até ao nível da rosácea.
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