domingo, 9 de maio de 2010


Uniforme escolar masculino do Colégio D. Pedro II, Rio de Janeiro, 1855
Estabelecido por Decreto de 2 de Dezembro de 1837, o D. Pedro II foi o primeiro estabelecimento destinado a formar alunos do ensino secundário no Brasil oitocentista. O pimeiro uniforme de gala remonta a 1855, reflectindo o gosto da aristocracia e da burguesia endinheirada pela uniformologia militar.
O papel dos uniformes escolares no ensino básico e secundário e as estratégias de afirmação da imagem dos colégios, infantários e liceus brasileiros através da imposição regulamentar de fardas foi alvo de um extenso levantamento iconográfico: Furio Lonza (e outros) - História do uniforme escolar no Brasil. Ministério da Cultura/Rhodia, 2005. Não sendo um trabalho de uniformologia em sentido estrito, nem de história do ensino, a pesquisa documenta a presença de uniformes escolares no Brasil desde a indepência até aos inícios do século XXI. Divide-se em 9 capítulos e contém um glossário útil e bibliografia de apoio. As 232 páginas de texto, imagens e legendas percorrem-se sem esforço, graças a um estilo de escrita muito coloquial.
Reflexões sobre as reformas de ensino, a militância política, os regimes políticos, as sugestões da moda, a contracultura, a evolução e os apelos da indústria textil, os posicionamentos das elites, a busca de poder e de estatuto social, a concorrência entre o ensino público e o ensino privado e os conflitos de classe entre afortunados e desafortunados, tudo isto é carreado para o debate num estilo fluente e convidativo.
O trabalho de campo foi apoiado por empresas do pronto-a-vestir interessadas em alargar o seu campo de acção junto das escolas e colégios brasileiros onde os uniformes estão profundamente implantados. Nas páginas finais, o estilista Daniel Maia deixa um conjunto de sugestões baseadas num estilo juvenil descontraído.
Não se conhece iniciativa semelhante para Portugal onde os uniformes escolares são considerados um não assunto nas escolas superiores de educação e nas faculdades de psicologia. Ao nível do Museu Nacional do Traje também não temos notícia de nenhuma iniciativa correlacionada com a temática.
Agradeço à Prof. Maria Lúcia Bettega o envio de um exemplar desta obra

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