domingo, 7 de março de 2010

Vida em Galway

Anel de formatura (graduation ring).
A utilização de anéis em ouro, com e sem sinete gravado, em ouro e gema numa determinada cor, remonta pelo menos ao Império Romano. Na tradição europeia, os anéis encontram-se associados a actos de investidura em determinados cargos, traduzindo compromissos de fidelidade e conferindo pública visbilidade aos actos de autenticação de documentos solenes.
Foram usados por monarcas, papas, cardeais, bispos, reitores, docentes das universidades históricas e notários.
Eram obrigatórios nos actos de colação do grau de doutor nas universidades católicas estabelecidas em Roma, em Coimbra, Salamanca e Oxford. No caso específico de Coimbra, o anel doutoral tem base em ouro e pedra na cor da especialidade científica. Nesta universidade portuguesa a tradição estatutária não especificava anel para bacharéis nem para licenciados, costume que se afirma nas ourivesarias de Coimbra pela década de 1950. A fábrica nem sempre respeita os motivos heraldísticos, o que confere a estes "anéis de curso" um ar vincadamente kitsch. Significa isto que em vez do bastão e serpente de Esculápio, podemos deparar com caveiras, dentes ou até com o caduceu de Mercúrio (erro iconográfico propalado pelos serviços médicos do exército dos EUA). Ou em lugar do caduceu de Mercúrio (Economia) podemos ver o símbolo do euro (€). O mais certo é a taça e a serpente de Higeia (Farmácia) andarem confundidas com a palmeiras das antigas boticas. E não surpreenderá que a graciosa borboleta de Psiché (Psicologia) ceda pleno foro à letra do alfabeto grego. No limite, tamanha arbitrariedade não convence e pode mesmo desacreditar os respectivos portadores. O mesmo vale para os códigos cromáticos aplicados às gemas, que em certas instituições são totalmente aleatórios. Aliás, o porte do anel não está associado ao rito de colação do grau, podendo ser estes artefactos ser fabricados, comprados e usados livremente.
Nos últimos vinte anos o chamado anel de curso generalizou-se em quase todas as universidades e politécnicos portugueses, confirmando assim a tendência observada em diversas instituições de ensino (públicas, privadas, militares, confessionais, tipo management school) um pouco por todo o continente americano.

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