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sábado, 24 de janeiro de 2009


Peças de uma "ropa"
Esquema de corte e peças medidas em varas castelhanas (1v=85cm) de uma "ropa de letrado", de acordo com Juan de Alcega, "Libro de geometria, pratica y traça", Madrid, 1589, cuja configuração é bastante próxima do gabão.


Veste de letrado
"Ropa" ou gabão de letrado, desenho reconstitutivo a partir das peças desenhadas por Juan de Alcega em 1589.


Funeral de Isabel I
Indumentária oficial de luto do Rei de Armas William Segar no cortejo fúnebre da Rainha Isabel I de Inglaterra, em 1603. Nesta e noutras gravuras do acervo da Biblioteca Britânica alusivas ao funeral de estado, diversos oficiais envergam uma veste talar do tipo gabão com o capuz lançado pela cabeça.


Estudantes com gabão
O gabão, vareiro ou varino, é uma veste masculina amplamente usada na Europa desde a Idade Média. No século XVI era envergado por letrados ibéricos e em cerimónias fúnebres, com o longo capuz deitado pela cabeça.
Em Portugal, o gabão comprido, munido de mangas, romeira e capuz, usou-se em quase toda a faixa altlântica até depois da Grande Guerra de 1914-1918. Nas comunidades piscatórias da Póvoa de Varzim, Aveiro, Ílhavo e Nazaré, apresentava pequenas variantes, sendo habitualmente confeccionado com panos de lã castanha. Versões mais ricas, em lã preta, com pespontos e alamares, ocorriam na Murtosa, Aveiro, Coimbra e Lisboa.
Nos inícios do século XX, os "gabões de Aveiro" eram confeccionados em série pela Casa das Tesouras, localizada nos números 51 a 55 da Rua da Escola Politécnica em Lisboa, conforme anunciava um bilhete postal ilustrado da época (Cf. "A publicidade em Portugal através do bilhete postal ilustrado", Ecosoluções, 1998, p. 56). Foi com um gabão ou varino típico da Beira Litoral, veste apenas acessível a pessoas de posses, que um dos regicidas investiu sobre a família real em Fevereiro de 1908.
Diversas acções culturais foram desencadeadas desde finais do século XX para revitalizar o gabão:
a) adopção como traje académico unissexo pelos alunos da Universidade de Aveiro, em preto, que o usam sobre fato civil de tipo high school;
b) adopção como traje institucional de grupos vocacionados para o estudo, consumo e divulgação da gastronomia regional portuguesa: Confraria Gastronómica de São Gonçalo (Aveiro, castanho), Confraria Gastronómica do Bacalhau (Ílhavo), Confraria dos Gastrónomos do Minho, Confraria O Moliceiro (Murtosa, em preto), e Confraria dos Nabos e Companhia (Carapelhos);
c) reconstituição, divulgação e musealização por diversos grupos folclóricos activos na Póvoa de Varzim, Murtosa, Aveiro, Ílhavo, Águeda, Coimbra e Nazaré.
Imagem extraída do endereço http://conselhosalgado.web.ua.pt/salina4htm.


Estudantes de Saragoça
Turma de alunos do curso preparatório de Direito e Letras, Zaragoza, ano lectivo de 1888-1890. As coberturas de cabeça oscilam entre o boné de pala (igual ao da Escola Agrária de Coimbra) e o chapéu de coco. Sobre o fato civil, o capote marca generosa presença. Não é fácil de responder se o capote foi considerado como traje académico na Espanha de oitocentos. O traje académico histórico foi oficialmente abolido pelo governo central em 1834 e em 1849 o governo promulgou medidas que instigavam os alunos a frequentarem as aulas em casaca burguesa preta, cartola e certamente capote. Assumido por diversas gerações académicas, e em diferentes universidades e seminários católicos, o capote nunca chegou a usar-se de forma generalizada, nunca foi internamente reconhecido pelas reitorias e nunca ocupou qualquer espaço no imaginário das tunas académicas espanholas. No presente, a memória deste traje parece ter-se esvaído.
Fotografia do acervo do Museo Internacional del Estudiante.


Colegiais em Salamanca
Fotografia de 1889, do acervo do Museo Internacional del Estudiante, fixa alguns alunos com capote escuro e sombreiro de feltro de tipo equitação. Este chapéu, praticamente idêntico ao português de equitação, é conhecido no sul de espanha pelas designações de "cordobés", "sevillano" e "mazzantini". Em Portugal foi adoptado pelos alunos da Escola Superior Agrária de Santarém, que o usam com versões masculina e feminina do traje de equitação. O docente veste uma toga com apliques de veludo e folho de ombros, ornato que se aproxima da beca portuguesa. O barrete hexagonal é idêntico ao usado pelos advogados espanhóis.


Alunos de Vich
Seminaristas de Vich, Espanha, com fato preto, cartola e capote. Fotografia de 1947 recolhida e divulgada pelo Museo Internacional del Estudiante. De salientar as semelhanças entre esta cartola de feltro e o modelo conimbricense tradicionalmente exibido em cortejos alegóricos de Queima de Fitas, que praticamente desapareceu desde 1969. A cartola que se usa de forma generalizada em Coimbra desde 1980 é de tipo portuense, de ilharga baixa, forrada de tecido e com aba arqueada. As cartolas de fábrica artesanal local eram altas, forradas de papel de lustro e com aba de saturno (plana), sendo ainda mais altas e forradas de preto as dos alunos veteranos.


Alunos de Vich
Estudantes do Seminário de Vich, Espanha, com capote castanho e cartola. Pintura de Julio Moisés, divulgada pelo Museo Internacional del Estudiante.

Capote masculino
O capote integrou a indumentária urbana dos burgueses ocidentais entre finais do século XVIII e os inícios do século XX. Intimanente associado à toilette masculina oitocentista, e não raro completado por acessórios como as luvas, a bengala e a cartola, seria apropriado pela indústria de entretenimento para a composição de certos heróis popularizados como Drácula da versão hollywoodesca.
Não sendo originariamente um trajo académico, em Espanha o capote e cartola foram usados por estudantes universitários e seminaristas de Vich. Em Portugal, nos finais do século XX, o capote seria alvo de revitalização por estudantes e confrarias gastronómicas.
Exemplos de revitalização do património vestimentário, enquadráveis nas orientações internacionais propaladas pela Unesco e pelo ICCROM:
a) adopção como traje estudantil politécnico português, com experiências positivas em Beja, Portalegre e Bragança;
b) adopção, seguida de ampla divulgação na internet e em encontros periódicos, pelas Confraria Gastronómica da Panela ao Lume (Guimarães) e Confraria do Queijo da Serra da Estrela (Oliveira do Hospital).


Capote e cartola
Indumentária masculina urbana europeia do primeiro quartel do século XIX. A casaca preta à francesa tende a generalizar-se após a Revolução de 1789 em cidades como Paris, Londres e Nova York. Associada a esta indumentária masculina, generalizam-se a cartola de feltro preta e o capote, aqui com romeira, gola de pelo e alamares, mas sem mangas.
Em Portugal, o capote teve larga generalização nos meios rurais e urbanos. Na versão lisboeta, muito usada por mulheres, tinha mangas incorporadas e era conhecido por "josezinho". No Alentejo, originou uma variante rica, com dupla romeira (capote alentejano). Escritores, literatos e políticos como Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho, Almeida Garrett e José Estêvão usaram-no com gola de pelo e mangas. Na Ilha do Pico ou na aldeia de Rio de Onor assumia ares de capa de lã com romeira a descer aos cotovelos.
O capote de mangas e romeira não é propriamente muito antigo, derivando dos agasalhos militares do exército napoleónico. Por vezes aparece confundido com o gabão ou varino, peça de vestuário masculina oriunda da Idade Média usada nos funerais régios europeus, letrados ibéricos ("ropa") e gentes de posses, que em Portugal chegou ao primeiro quartel do século XX.


Rebuço de São Paulo
As mulheres da cidade de São Paulo, Brasil, usaram rebuço e manto ao longo do Antigo Regime, com sobrevivências desta indumentária assinaladas nas décadas de 1820-1830. À semelhança de Portugal continental, os rebuços, biocos e máscaras eram mal vistos pelas autoridades. Sem qualquer sucesso, o Princípe Regente D. João VI derminou a probição do uso desta veste em 30 de Agosto de 1810, medida retomada pelo governador civil do Algarve em 1892.
-http://www.fotoplus.com/dph/info17/i-manu.htm.


Bioco
Mulheres de Olhão, Algarve, com o antigo manto e bioco. Neste caso, a veste que cobre o corpo e ombros é uma espécie de capote com generosa romeira. Os biocos, cocas e rebuços foram alvo de desconfiança por parte das autoridades, em Portugal e no Brasil. Se os mantos, mantéus, capotes e mantilhas podiam acobertar pistolões, porros e mocas, a ocultação do rosto remetia para a delinquência clandestina. Daí que em 1810 D. João VI tenha proibido, sem sucesso, as damas de S. Paulo de usarem rebuço e mantilha. Daí que o governador civil de Faro, em 1892, tenha decretado a interdição do bioco e manto das algarvias, pelos vistos sem grande sucesso.
No caso dos estudantes de Coimbra, diversos alvarás e editais procuraram combater, sempre com escassos resultados, as máscaras e os rebuços. Com efeito, até bem entradote o século XIX, os escolares conimbricenses mantiveram o apego ao uso de máscaras fora da quadra carnavalesca. Entre os utentes pacíficos, havia sempre algum que incomodava as autoridades, pois que a coberto de máscara ou mascarilha proferia insultos e zurzia costados de populares. Mais temidos e detestados pelas autoridades eram uma tipologia de antigos mantéus estudantis, que em vez de estolas e cordão comportavam uma romeira em torno dos ombros. Em noites de frio, chuva e morrinha, o mantéu de romeira era o preferido dos escolares aventureiros que lançavam a dita peça pela cabeça, ficando inteiramente embuçados. E a coberto do rebuço, a violência não raro recrudescia. Em épocas mais recuadas, pelo século XVI, inícios do XVII, escolares houve que usaram mantéu com romeira e capuz, de remate semelhante ao gabão da Beira Litoral. Em bom rigor tratava-se de uma veste própria para luto, mas havia quem a envergasse no quotidiano e dela tirasse proveito para distribuir cacetada e pilhar capoeiras. Reminiscências deste passado brumoso e turbulento, na década de 1980 ainda se avistavam pela Alta de Coimbra em dias de "chuva futrica" estudantes com a capa deitada pela cabeça. O efeito visual era bizarro, lembrando justamente o bioco das olhanenses.
-http://www.olhao.web.pt/usos.htm;
-http://trajesdeportugal.blogspot.com/.


Capote e capelo
Mulher da cidade da Horta, Ilha do Faial, numa saída de missa em 1948 com o capote e capelo. Este modelo, com pequenas variantes (caso da Ilha de S. Miguel) foi usado em quase todas as ilhas desde o século XVI a ca. 1950. Entre 1948-1950, aproximadamente, foi derradeiramente avistado em dias de missa na Igreja de Santa Maria Madalena e na Igreja de São João Baptista da Ilha do Pico, território onde o gosto feminino terá favorecido o azul ferrete. O capote era confeccionado em lã ou merino, em tons de preto e de azul ferrete. Nas ilhas do Pico e Faial, a toda a volta do colarinho, o capote exibia um cabeção que caía em bico pelo dorso. Na Ilha de São Miguel, o capelo, também entretelado com cartão e armado com arames ou barbas de baleia, era ligeiramente diferente e independente do capote, na medida em que a ele estava fixado por colchetes e podia guardar-se no arquibanco doméstico em separado.
O capote e capelo avistado na cidade da Horta dera que falar em 1888, data em que dele saiu em Lisboa uma litografia de Manuel Macedo integrada no Álbum de Costumes Portugueses. O título da crónica anexa, assinada por Filaho de Almeida, é incorrecto e inapropriado ("O capuz-Trajo do Faial"). O cronista não se mostra nada compreensivo com este bizarro traje que considera herança das mulheres islâmicas e símbolo de estagnação cultural. Ainda assim, e esta é a parte mais aproveitável da crónica, informa que em 1888 trajes da mesma família ainda eram avistados em diversas localidades de Espanha, Beira Litoral, Beira Baixa, Algarve, Covilhã, Braga, paróquias de Trás-os-Montes e em Cernache do Bonjardim.


Coca e mantilha
Reconstituição da extinta coca e mantilha que se usou na cidade de Coimbra durante o Antigo Regime. Projecto e fotografia do Grupo Folclórico de Coimbra.


Coca e mantilha
Mulher da cidade de Coimbra com bioco e mantilha, num registo de 1814 por H. l'Éveque.


Mulher da Beira
Beirã com capote e coca. Nesta versão, que parece reportar-se à Região da Beira Baixa, a indumentária fixada não é exactamente a clássica coca e mantilha. O remate dianteiro do capelo aproxima-se do antigo bioco das mulheres do Algarve, de soluções usuais nas chamadas saias de ombros e em variantes da mantilha e coca avistadas em Portalegre e na Ilha Terceira. Um conjunto de três fotografias captadas no ano de 1944 em Fratel, Vila Velha de Ródão (José Leite de Vasconcelos, "Etnografia", VI, 1983, p. 508) parece confirmar a origem desta recolha. Admitimos que este modelo fosse conhecido noutros povoados da Beira, à semelhança da coca de arco e mantilha/manto que se usou em locais tão distantes como Viana do Castelo, Porto, Monsanto e Angra do Heroísmo.
(gavura publicada na "Cyclopaedia of useful knowledge", integra o acervo da Biblioteca Pública de Nova York)


Flamenga com mantilha
Mulher da Flandres com coca e mantilha (manto). Gravura oitocentista ("Costumes anciens et modernes", 1859-1860) do avervo da Biblioteca Pública de Nova York, baseada em documento do século XVI. Neste caso, a mantilha e a coca apresentam forro claro, distinto do panejamento exterior. A coca, ou calote entretelada, é gigantesca, remantando em bico (conforme a variante de Coimbra), e estreitado na direcção dos braços.

Holandesa com mantilha
Gravura divulgada na obra "Costumes anciens et modernes", 1859-1860, actualmente integrada no acervo da Biblioteca de Nova York, representa uma mulher dos Países-Baixos no século XVI. O traje não teria nada de extraordinário, não fora o estarmos em presença da mesma veste que se usou em diversas regiões de Portugal até aos séculos XIX-XX. Em Coimbra, era conhecida por "coca e mantilha", em Monsanto da Beira-Baixa por "mantilha" e na Ilha Terceira por "manto". O manto ou mantilha era quase sempre em tecidos pretos ou azuis escuros, sendo a coca armada sobre cartão e aros de barba de baleia (Açores). A coca podia ser em forma de concha ou abrir sobre a testa com um bico que a dama repuxava com a mão para cobrir ou embiocar o rosto. O manto podia cair a direito, como as capas e capotes, ou ser ajustado na cintura, como acontecia na Ilha Terceira. Nos Açores, entre 1958-1950 avistaram-se e fotografaram-se os derradeiros mantos e capelos em dias de ver-a-Deus.

Reitor de Pádua
Desenho reconstitutivo de um reitor da Universidade de Pádua no século XVI, aqui com veste civil à base de calções de entretalhos, gibão, gorgeira de canudos, toga de brocado e barrete de cantos ("Costumes anciens et modernes", 1859-1860, acervo da Biblioteca de Nova York).


Doutor italiano
Reconstituição de um doutor da Lombardia, Itália, século XVI, presente na obra "Costumes anciens et modernes", 1859-1860 (Biblioteca de Nova York). Enverga toga talar forrada de pelo, com as mangas talhadas segundo a moda usal nos pelotes. Este tipo de toga manteve-se em uso como agasalho de Inverno entre os eclesiásticos polacos pelo menos até à década de 1960. Existem fotografias que mostram o futuro papa João Paulo II com um derivado, de tipo viatório, forrado de pelo. O emprego de pelo nos forros e orlas das vestes masculinas era muito comum em Itália, Rússia, Alemanha, Suiça e Grã-Bretanha. Neste último país, as togas profissionais dos presidentes de câmara continham a manter os antigos debruns.


Jurista
Advogado ou doutor em Direito, Itália, século XVI, com gorra e toga talar de brocado. Reconsituição oitocentista in "Costumes anciens et modernes", 1859-1860, integra o acervo da Biblioteca Pública (Digital) de Nova York.


Escolar chinês
Figuração de um estudante chinês com túnica tradicional e chapéu cónico de franjas de seda e borla superior. Gravura impressa na obra de Gérard Edlinck, "Nouveau mémoires sur l'État present en Chine", 1701, integra as colecções da Biblioteca Pública (Digital) de Nova York.

domingo, 18 de janeiro de 2009


GC & SC (1)


GC & SC (2)
As fotografias GC & SC 1 e 2, do acervo do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, documentam a cerimónia de atribuição do grau de doutor honoris causa ao Contra-Almirante Carlos Viegas Gago Coutinho (1869-1959), e ao Capitão de Mar-e-Guerra Artur Sacadura Freire Cabral (1880-1924), pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa no dia 6 de Maio de 1922.
Um apontamento de reportagem foi publicado nas páginas da revista Ilustração Portuguesa, de 2/12/1922. A cerimónia parece ter decorrido no edifício da Academia Politécnica. Entre os convidados ilustres figura o Presidente António José de Almeida. O orador está identificado como sendo o Prof. Eduardo Ismael dos Santos Andréa (1879-1937), que enverga hábito talar e insígnias de matriz coimbrã. Parece advinhar-se uma adaptação simplificada do cerimonial conimbricense.
A sagração universitária dos heróis militares fora lançada no final da Grande Guerra pelas universidades Católica de Louvaina (Clemenceau, Foch, Wilson) e Paris (Wilson) nos anos de 1918-1919. Em 1922 celebrava-se o centenário da independência do Brasil, ano em que os aviadores GC e SC se afadigaram na proeza de ligação aérea Lisboa/Rio de Janeiro. A viagem, testada entre 30 de Março e 17 de Junho desse ano, foi acompanhada pela imprensa e alimentada pela propaganda política da época. Considerados heróis nacionais, celebrados na iconografia, toponímica e escultura um pouco por todo o Portugal, GC e SC foram proclamados doutores honoris causa em Ciências pela Universidade de Lisboa. Na segunda fotografia, captada após a cerimónia, entrevê-se um passo do cortejo, com dados bem curiosos: os dois laureados ostentam as insígnias de cor azul celeste, nacionalizadas em 1918, sobre os respectivos uniformes militares, em reprodução da situação protagnizada no ano anterior no Porto e em Coimbra pelos heróis das potências aliadas. Na vanguarda avistam-se dois docentes com a toga preta talar herdada da Médico-Cirúrgica, ambos com lacinho branco e fita peitoral. O passeio, aparentemente insólito, remete para o clássico triunfo dos generais romanos, que em Coimbra continua a constituir um momento alto do cerimonial.
Ainda no mesmo ano, a 24 de Outubro, a Faculdade Técnica da Universidade do Porto (=Engenharia) mimoseou GC e SC com idêntica cerimónia. Presume-se que ambos tenham comparecido com as respectivas fardas militares. Quanto às insígnias, é possível que tenham recebido borla e capelo naquilo que poderá ter sido um dos primeiros momentos de visibilidade cromática do castanho-tijolo de engenharia. A ter sido assim, valeria a pena descortinar as origens e fundamentação desta cor e, concomitantemente, averiguar se as insígnias foram confeccionadas localmente.