sábado, 22 de agosto de 2009

II - Património vestimentário e insigniário conimbricense
O hábito talar e as insígnias doutorais de Bernardino Machado

Juntar os fios à meada
Não andarei longe da verdade se escrever que as longas horas dedicadas aos trajes e insígnias da UC têm a ver com o meu gosto pelo mundo da etnografia e com o facto de entre 1984-1985 ter integrado o Grupo Folclórico Ilha Verde, com sede na Escola Secundária Domingos Rebelo, em Ponta Delgada[1].
O ensaiador percebia de coreografias, de músicas e de trajes populares, chamando a atenção para características como figurinos, têxteis, bordados e contextos de uso. Foi com este tipo de bagagem que cheguei a Coimbra em Outubro de 1985. Ainda em finais desse mesmo mês pude visualizar um estudante a cruzar a Praça D. Dinis vestido de preto, com casaca um pouco abaixo do joelho e aquilo que parecia ser uma capa de lã enrolada e deitada num dos ombros.
Não escondo o impacto negativo que me causou esta imagem. Então aquilo é que era a capa e batina da UC!? Não deixei de me perguntar se estaria em presença de um estudante, de um empregado de café chic, de um jogador de bilhar ou de um noivo aburguesado. Para quem está familiarizado com a cultura académica e situa as vivências estudantis num registo afectuoso e mitológico, o traje académico masculino e feminino não é racionalizado. É o que é e parece ser muito bonito.
Para quem vinha de fora como eu, o conjunto vestimentário que se dava a ver era vulgar e inferior em feitio e tecidos à maior parte dos trajes profissionais e trajes populares domingueiros portugueses do meu conhecimento. Alguns dias mais tarde pude ver o chamado fato feminino e a impressão negativa ainda foi maior. Ficava por explicar o fundamento da distinção vestimentária masculino/feminino, que não existe nas universidades históricas anglo-saxónicas nem nas profissões judiciárias, bem como o estranho favor tributado a um tailleur de corte e tecido do pronto-a-vestir, inferior a muitos trajes femininos populares portugueses. Basta dizer que no domínio dos acessórios, o traje camponês feminino conhecia o colete desde os séculos XVII e XVIII, enquanto que a estudante de Coimbra nem sequer o usava, ou que as mulheres persas e indianas tinham antecido as ocidentais no acesso à calça comprida.
Ainda nesse mesmo ano assisti à cerimónia de abertura solene e a doutoramentos honoris causa, o que me proporcionou o ensejo de observar e fotografar os eventos. Reconhecendo a singularidade deste tipo de rituais, pareceu-me neles vislumbrar traços de familiaridade com festividades bem conhecidas como os Impérios do Divinino Espírito Santo e o Santo Cristo dos Milagres. Seguiram-se leituras e recolha de iconografia. Em 1988 a Directora do Museu Nacional do Traje[2] solicitou à Presidente da Associação Académica de Coimbra[3] a indicação de colaboradores para uma comissão de apoio à história do traje académico que permitisse a realização de uma exposição/reconstituição a inaugurar em 1990 a propósito das comemorações dos 700 da UC.
Fui indicado para integrar a comissão, conjuntamente com outro estudante[4], tendo-se seguido um trabalho intensivo de recolha de fontes impressas, testemunhos orais e iconografia dispersa. Do traje resvalou-se quase naturalmente para as insígnias. Foram percorridas igrejas, Biblioteca Municipal de Coimbra, Biblioteca-Geral da UC, Museu Académico e Biblioteca do Seminário de Coimbra. A partir da primeira visita ao Seminário de Coimbra (Outubro de 1989) tornou-se decisiva a colaboração do Cónego Dr. António Brito Cardoso. As sugestões deste clérigo abarcaram retratos a óleo, peças do guarda-roupa do Seminário, fotografias e informação sobre os trajes dos colégios católicos de Roma, cidade onde Brito Cardoso havia estudado. Demorados exercícios comparativos entre os antigos estatutos da UC, estatutos do Seminário de Coimbra e constituições sinodais conduziram-me a uma imagem bastante consistente do que teriam sido as vestes universitárias anteriores a meados do século XIX. O facto de alguns alfaiates de Coimbra ainda confeccionarem a antiga beca judiciária de dois corpos sobrepostos revelar-se-ia uma fonte comparativa de primacial importância.
Relativamente à UC, em diversos momentos, procedeu-se à recolha de testemunhos prestados pelos doutores Luís Guilherme Mendonça de Albuquerque (1917-1992), Aníbal Pinto de Castro e Maria Helena da Rocha Pereira, bem como pelo Secretário-Geral Dr. José Carlos Luzio Vaz.
Cheguei mesmo a deslocar-me a reuniões de trabalho no Museu Nacional do Traje levando sacos com batinas, capelos, ferraiolos, barretes, faixas, tudo emprestado por clérigos do Seminário de Coimbra[5].
Entre finais de 1989 e inícios de 1990 a Directora do Museu Nacional do Traje fez saber que a exposição não se poderia realizar por falta de orçamento. Sugeriu-se então a transferência do projecto para o Museu Académico, acreditando-se na sua viabilização pela comissão das comemorações dos 700 anos da UC. Diversas reuniões de trabalho tiveram lugar no Museu Académico ao longo do primeiro semestre de 1990, com representantes do Museu[6], Reitoria[7], Associação Académica[8] e os dois investigadores que haviam transitado da equipa inicial. Uma estilista estabelecida localmente chegou a produzir esquissos para alguns dos manequins que constavam das memórias descritivas aprovadas.
Nada se chegaria a concretizar. Em Março de 1990 foi possível editar um pequeno álbum ilustrado com amostragens da iconografia recolhida e durante uma comunicação ao Congresso de História do 7º Centenário da UC tive como presidente de mesa o Cónego Doutor Isaías da Rosa Pereira. Rosa Pereira era um reputado paleógrafo, canonista e estudioso da Inquisição. Estudara em Louvaina e em Salamanca. Possuía bons conhecimentos de vestimentária eclesiástica e na qualidade de apresentador e de moderador formulou observações da maior importância para a contextualização do tema. Viria a visitá-lo em Lisboa, em Julho de 1990, e a pernoitar na sua casa. Deste intercâmbio frutuoso nasceu também a possibilidade de visualizar o guarda-roupa privativo do Cónego Rosa Pereira, muito rico em peças como sapatos de fivela de prata, batinas avivadas, ferraoiolo, capelo dos cónegos capitulares da Sé de Lisboa e murça de arminhos[9].
Em 1992 fui procurado pelo Administrador da UC para avaliar da possibilidade de se fazer implementar localmente uma oficina de confecção de insígnias doutorais. Ponderou-se na escolha de tecidos menos luxuosos, eventual simplificação do modelo, preços mais acessíveis e adopção da borla e capelo em verde para o reitor. Uma deslocação a casa da bordadeira Leocádia Machado, na companhia do Dr. José Lebreiro, abriu-nos as portas da oficina da última artesã conimbricense que sabia confeccionar as insígnias doutorais. A falta de bordadeiras-aprendizes, a dificuldade no acesso a tecidos de qualidade e algumas hesitações da Reitoria/Serviços Sociais da UC ditaram o falhanço do projecto. A título de consolo, restou uma entrevista à mestra-bordadeira, realizada em inícios de 1993 pelo Presidente do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro[10].
Depois de sair de Coimbra, beneficiando já de pesquisas em França e de informação disponibilizada via internet, continuei nas horas vagas a recolha de dados sobre o tema. De permeio, aconteceram passagens por museus de arte sacra, prospecção das vestes judiciárias, guarda-roupa da Sé de Braga (1997), vestimentária académica britânica e intercâmbio com instituições espanholas.
Em 2005, a convite do Pró-Reitor para a Cultura, Prof. Doutor João Gouveia Monteiro, assinei um texto sobre os percursos do Hábito Talar na Universidade de Coimbra, que por força da sua ligação ao projecto de candidatura patrimonial à Unesco, rematava com algumas recomendações imbricadas a iniciativas das áreas da museologia, salvaguarda e revitalização, comunicação e prestação de serviços pedagógico-educativos à comunidade.
Em 2007, uma deslocação ao Museu Bernardino Machado desencadearia uma insólita e desafiadora descoberta. A partir de uma capa, de uma casaca, de um capelo e de uma borla viaja-se ao interior de um património que há muito deveria estar estudado e musealizado na UC. E não é para isso que também servem os museus? Para propiciar o convite à cultura?

Roteiro patrimonial
As insígnias doutorais de matriz conimbricenses alimentaram diversos registos mnemónicos e artísticos, materializados na pintura a fresco e a óleo, no bronze, na cerâmica, na medalhística e na fotografia, testemunhando amplos campos de inspiração e de criação.
A medalhística produzida pelo imaginário conimbricense José Maria Cabral Antunes (1916-1986) aflorou em diversos momentos as insígnias doutorais. Com capelo pelos ombros foram produzidas medalhas dos seguintes vultos:

-1891-1967. Prof. Dr. João Porto. Primeiro Presidente da Sociedade. 1949;
-1867-1967. Doutor Mendes dos Remédios;
-1869-1969. A Eugénio de Castro;
-1886-1974. Prof. Doutor Bissaya Barreto[11].

Autor de busto do lente de Medicina e Reitor Máximo Correia, com capelo doutoral, Cabral Antunes realizou em 1984 para a Medalhística Lusa-Atenas um trabalho alusivo ao Doutoramento, integrado na série “tradições académicas de Coimbra”[12]. O rosto da medalha mostra o mestre-de-cerimónias com o bastão e o livro, o doutorando, um apresentante e o director de Faculdade no acto de imposição da borla. A representação refere-se ao ritual de investidura adoptado após 1910 (uma vez que antes a imposição era feita de joelhos), e no trio de lentes presentes salta à vista a ausência do reitor.
Os trajes de gala da UC e as insígnias doutorais ocorrem num grande painel cerâmico policromo realizado por Vasco Berardo em 1990 para o Centro Cultural D. Dinis, assente nos baixos do edifício do Colégio das Artes. Não deixando de lado figuras históricas como os reformadores D. Dinis, D. João III e o Marquês de Pombal, Berardo propõe figuras do préstito doutoral como o bedel, o archeiro, o pajem com a borla e o lente de Direito, criação reproduzida a cores em Manuel Augusto Rodrigues, A Universidade de Coimbra. Marcos da sua história, Coimbra, AUC, 1991, p. 335. Sem qualquer preocupação de rigor, a evocação de juristas ligados à UC e à história do direito português serviu de pretexto à recriação de hábitos talares por Almada Negreiros no pórtico da Faculdade de Direito da UL em 1958.
A produção fotográfica fixa as insígnias doutorais pelo menos desde finais da década de 1850. Na segunda metade da década de 1860, sensivelmente a partir de 1868-1869, surgem em Coimbra as cartas de curso, gigantescos cartões com fotografias de estudantes e lentes emolduradas em medalhões ovais. O mesmo tipo de produção repete-se noutras universidades e escolas ocidentais como a Faculdade de Medicina de São Salvador da Bahia. O Museu Académico de Coimbra é detentor de algumas cartas de curso e pelo menos duas foram reproduzidas na revista Serões, nº 33, de Março de 1908.
Nas décadas de 1880-1890 estiveram na moda os álbuns fotográficos de curso, que por vezes comportavam retratos de lentes com as insígnias doutorais, de que se conhecem exemplares no Museu Académico de Coimbra e na Biblioteca do Seminário de Coimbra. Em 1989, com os olhos postos nas comemorações dos 700 da fundação da UC e por força dos estudos solicitados pela directora do Museu Nacional do Traje, procedi à sinalização e reprodução em microfilme de documentação fotográfica da Biblioteca do Seminário de Coimbra, Museu Académico de Coimbra e Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, bem como de peças da colecção particular de Eduardo Proença Mamede. Todos os acervos compulsados se mostraram férteis em surpresas, sobretudo as colecções de postais ilustrados e o deslumbrante conteúdo do álbum Universidade de Coimbra. 1880-1881, de J. David, que o então Director Doutor Aníbal Pinto de Castro e a bibliotecária Dra. Graça Pericão colocaram ao nosso dispor.
O álbum referido, que fora pertença do estudioso de história local Octaviano Sá, continha registos dos lentes, hábito talar, insígnias, estudantes e Orfeon Académico, captados pelo fotógrafo francês David em Março de 1881, por ocasião dos festejos do Tricentenário de Luís de Camões. As fotografias recolhidas e seleccionadas originaram o modesto álbum A Alma Mater Conimbrigensis na fotografia antiga, Coimbra, Edição do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, 1990.
Alexandre Ramires, no catálogo Passado ao Espelho. Máquinas e imagens das vésperas e primórdios da Photographia, Coimbra, Museu de Física da Universidade de Coimbra, 2006, retoma imagens do álbum de J. David e na página 36 reproduz uma interessantíssima fotografia do lente Joaquim Augusto Simões de Carvalho que se doutorara em Philosophia Natural em 31 de Julho de 1842. A ser anterior a 1863, como tudo parece indicar, trata-se de um registo notável da ampla capa, de tipo ferraiolo, da loba, do capelo de dimensão reduzida e do barrete doutoral pousado sobre mesa anexa. O trabalho de revestimento da pega, que apenas tem dois bolbos, é bastante simples. As borlas que circundam a ilharga do barrete fogem à gramática ornamental consagrada, propondo uma rede à base de losangos. A solução aventada pela bordadeira local anónima parece bizarra, mas não terá sido caso único. As bordadeiras por vezes eram freiras ou discípulas de freiras que confeccionavam insígnias doutorais, prendinhas conventuais, reposteiros palacianos, enxovais, capelos de cónegos, artigos fúnebres e paramentaria religiosa. Do que parece trata-se aqui é de uma tentativa de aproximação ao chapéu de gala dos bispos e cardeais romanos, o galero, que no caso dos bispos tinham 12 borlas pendentes, e no caso dos cardeais 30[13]. Em abono desta hipótese, não deve excluir-se o facto de o galero verde de 12 borlas ter sido usado nos cerimoniais universitários pelos diversos bispos de Coimbra que ocuparam a cátedra reitoral como D. Francisco de Lemos[14].
Não é meu intuito inventariar os muitos registos fotográficos das insígnias doutorais conimbricenses. Revistas de grande tiragem, circulantes entre finais do século XIX e inícios do século XX, como O Occidente, a Illustração Portugueza e a Serões, fixaram nas suas páginas momentos da vida académica, recepções a chefes de estado e deslocações de legações de doutores a Lisboa.
O postal ilustrado, com profusa edição a partir de finais do século XIX abordou em diversos momentos as insígnias doutorais, situando-as no âmbito do “pitoresco” e dos “costumes locais”. Para um primeiro levantamento veja-se o trabalho pioneiro de Carlos Serra e Berta Duarte, O postal ilustrado. Contributo para a imagem de Coimbra. Exposição no Edifício Chiado. 28/6 a 15/7, Coimbra, Edição da Câmara Municipal de Coimbra, 1986[15]. Das muitas edições conhecidas, os autores do inventário mencionado elencam:

-Coimbra. No Jardim Botânico. Estátua de Brotero, da Papelaria Borges
-Préstito de um capello, da Papelaria Borges
-Coimbra. Doutor de Capello, da Papelaria Académica
-Trajes universitários. Lente. Coimbra, da Tabacaria Graça
-Coimbra. Trajo de um Doutor da Universidade, da Havaneza Central. Trata-se do Doutor Pedro Augusto Monteiro Castelo Branco (1822-1903), decano da Faculdade de Direito, que se doutorara em 14.12.1842 e insigniara em 26.06.1842
-postais do Enterro do Grau de Bacharel, da autoria de João Amaral, relativos aos festejos estudantis de 31 de Maio a 5 de Junho de 1905. A borla doutoral aparece em alguns postais de uma série de 10, como é o caso de A cerimónia do grau, Sic transit, Piada de um velho santo, A dor da moca e O crime de Abel.

Este tipo de levantamento implica o cruzamento de informação com as existências da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Gabinete de Relações Públicas da Universidade de Coimbra, Museu Académico de Coimbra, Imagoteca do CEIS20, Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa (http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/), acervo da Fototeca do Palácio Foz que foi integrado na Torre do Tombo, colecções da Biblioteca Virtual Gilberto Freyre (http://www.bvgf.fgf.org.br/), insígnias e retratos da Universidade de São Paulo/Brasil (http://www.usp.br/gr/reitores), e inventário patrimonial da Universidad de Sevilla (http://www.patrimonioartistico.us.es/). A elencar, pese embora destituída de informação iconográfica relevante é a galeria virtual dos antigos lentes da Faculdade de Direito de Coimbra (http://www.uc.pt/fduc/galeria_retratos).
A propaganda republicana recorreu a diversos materiais de época. Um retrato do doutor António Luís Gomes em capelo circulou em postal ilustrado. Há conhecimento de uma presença no postal Directório do Partido Republicano eleito em 1906, onde figura conjuntamente com Celestino de Almeida, Bernardino Machado, Afonso Costa e António José de Almeida, com novas ocorrências em Deputados republicanos eleitos em 1910[16]. Doutorado em Direito a 16.12.1892, António Luís Gomes recebeu insígnias a 18.12.1892 mas não ingressou no claustro docente conimbricense. Ulteriormente, de 1921 a 1924, exerceu o cargo de reitor, num período decisivo para a revitalização/reinvenção do cerimonial conimbricense[17].
A banda desenhada não foi totalmente alheia ao hábito talar e insígnias doutorais. Veja-se o desenho crítico de Carlos Botelho, alusivo às celebrações da fixação definitiva da UC, realizadas em 1937, editado em Ecos da Semana, de 12 de Dezembro de 1937, com reprodução em João Paiva Boléo (e outros), Coimbra na banda desenhada. Catálogo 2003, Porto, Edições Asa, 2003, p. 44. As comemorações da transferência joanina (1537-1937), celebradas sob a égide do Estado Novo, originaram algumas visões satíricas. Botelho figura os archeiros como pescadores e a Borla doutoral como um pincel ou apagador de cultura.
Em contexto ideológico explicíto, o pintor Manuel Lapa desenhou um Oliveira Salazar em hábito talar e borla e capelo, enquadrado pela Exposição de 1940 e pelo Castelo de Guimarães, para as páginas da História de Portugal para meninos preguiçosos, que Olavo d’Eça Leal fez publicar no ano de 1943.
Outra figuração de interesse, embora pouco credível, respeita à fundação da Real Academia das Ciências de Lisboa. José Garcês, autor de BD, sugere um grupo de academistas com toga e insígnias de Medicina no álbum assinado pelo guionista A. do Carmo Reis, História de Portugal em BD. A Restauração da Independência, 3º volume, Porto, Edições Asa, 1992, p. 47. A proposta não é credível, uma vez que a Academia das Ciências só teve traje institucional conhecido em 1856, com opção inequívoca pelo grande uniforme militar napoleónico.
No ano de 2007 ocorreu uma campanha de divulgação e classificação das chamadas “maravilhas de Portugal”, a que concorreu o Paço das Escolas Gerais de Coimbra. O concurso originou um livro infantil, com texto de Adelaide Duarte, ilustrações de Mimi e projecto pedagógico de Inspire: O Paço da Universidade de Coimbra. Era uma vez uma maravilha, nº 17, Lisboa, Tugaland Edições, 2007, com cd anexo. O conto integra uma borla, que a autora identifica erradamente por “capelo” nas páginas 14 e 33, com opção por uma figuração que tanto aceita o vernáculo como o barrete académico britânico.
Em escala bem mais reduzida, as insígnias doutorais motivaram incursões artísticas em campos como o fresco, o cartaz publicitário, programas festivos e capas de livros. A par das pinturas existentes nos tectos da Sala do Exame Privado e Capela de São Miguel, citados noutro local deste estudo, no edifício da Faculdade de Medicina, inaugurado em 26 de Maio de 1956, existe num dos átrios um grande fresco de Severo Portela Júnior onde figura um lente com borla e capelo.
A comissão escolar dos festejos do Enterro do Grau de Bacharel (1905) fez imprimir um avantajado cartaz onde está representada a contorno vermelho uma borla sob cuja sombra tutelar ajoelham os quintanistas de Direito[18]. O programa dos festejos do Enterro do Grau de Bacharel, com capas a azul claro, reproduzia o barrete doutoral de um dos postais concebidos por João Amaral. Do mesmo artista era o rosto da brochura Auto do Grau, da autoria do estudante António Gomes da Silva, com velho “grau” coberto por borla[19]. As festas académicas de 1905, na sua riqueza e prolixidade iconográficas, originaram pratos decorativos e publicidade a bolachas, onde a borla doutoral ocorre[20]. Como motivo de capa, a borla foi utilizada no livro de memórias do antigo estudante Diamantino Calisto, Costumes académicos de antanho. 1898-1950, Porto, Imprensa Moderna, 1950. Octaviano Sá, na obra Nos domínios de Minerva. Aspectos & episódios da vida coimbrã, Coimbra, Arménio Amado Editor, 1939, reproduz a preto e branco um belíssimo trabalho do artista D. Diogo de Reriz, intitulado Minerva super omnia, que na década de 1920 assinou diversos trabalhos em Coimbra.

Os caricaturistas activos nos séculos XIX e XX não foram propriamente amistosos com as insígnias doutorais conimbricenses, recorrentemente afloradas como símbolos de obscurantismo ou pedantismo cultural, imagem distorcida e paupera que tem persistido no tempo como cliché. Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) produziu duas imagens emblemáticas da Alma Mater Conimbrigensis. A primeira, intitulada A mãe dos bacharéis, data de Novembro de 1882 e foi editado no Álbum das Glórias[21]. Representa a instituição segundo os clichés liberais e republicanos circulantes, com ar de velha dama absolutista, cabeleira postiça à século XVIII, manto régio, saia em forma de borla, com as cores da monarquia constitucional, e uma alusão explícita ao suposto “foro académico”. Apesar de abolido oficialmente em 1834, e substituído por um regulamento disciplinar interno que os estudantes detestavam, chegou a 1910 a infundada crença na vigência do antigo foro académico.
A caricatura vinha acompanhada por um texto de José Ramalho Ortigão escrito em tom acentuadamente hostil. Um segundo desenho de Bordalo Pinheiro, com o título A cerimónia do capello, veio a lume no António Maria, Anno VIII, de 12 de Agosto de 1892, p. 560, e documenta o capelo de Bernardo Aires, que decorreu em 24 de Julho de 1892, desta feita em tom neutro. De salientar que os figurinos relativos ao doutor, ao bedel e ao archeiro são decalques de fotografias realizadas desde a década de 1970 pelo fotógrafo José Maria dos Santos.
Deve-se a Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920) uma caricatura de Bernardino Machado, intitulada Entre colunas… em Madrid, publicada no António Maria, Nº 452, Volume XII, de 18 de Novembro de 1898, com o lente em pose sobre uma borla.
Francisco Valença (1882-1969), inspirado pela reprovação do candidato a doutor José Dias Ferreira na Faculdade de Direito, no dia 28 de Fevereiro de 1907, esboçou a caricatura De Profundis. Na mesma circunstância, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro concebeu duas caricaturas que mostram a UC como um antro de jesuítas e um local de sobrevivência das práticas associadas ao Tribunal da Inquisição. Particularmente em RRR. A Universidade, o hábito talar e as insígnias da Faculdade de Direito surgem em A Paródia como símbolos repelentes, replicando em Portugal as caricaturas republicanas anticlericais da III República Francesa.
Já depois de 1974, João Abel Manta representou negativamente as insígnias doutorais de Direito nas caricaturas Recepção Académica e Salazar Jovem: João Abel Manta. Caricaturas Portuguesas dos anos de Salazar, 2ª edição, Porto, Campo das Letras, 1998[22].
O serviço de edição de selos postais dos CTT lançou ao longo do século XX selos alusivos a grandes vultos onde ocorrem representações da borla e capelo. Em 1944, a propósito dos “200 anos do nascimento de Félix de Avelar Brotero” foram postos em circulação quatro selos, sendo os de $50 e de 1$00 uma reprodução da estátua de mármore assente no Jardim Botânico de Coimbra.
Em 1952, os CTT assinalaram os “100 anos do nascimento do Prof. Doutor Gomes Teixeira” com selos de 1$00 e 2$30. O conhecido matemático e Reitor da UP figura de perfil com o capelo doutoral de Matemática pelos ombros. Francisco Gomes Teixeira (1851-1934), doutorara-se na Faculdade de Matemática de Coimbra em 18.07.1875 e impusera insígnias doutorais em 20.12.1876, tendo leccionado em Coimbra até 1884, ano em que transitou para a Academia Politécnica do Porto. Dele existe retrato a óleo com insígnias na UP.
Em 27 de Dezembro de 1974, a propósito dos “100 anos do nascimento de Egas Moniz”, foi editado um selo de 1$50, onde o médico e cientista figura com capelo amarelo. António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz doutorou-se na Faculdade de Medicina de Coimbra e ascendeu a lente catedrático da mesma escola em 16.04.1910, mas por decreto de 1.04.1911 passou a integrar o corpo docente da Faculdade de Medicina da UL. Egas Moniz é um dos académicos mais representados em diferentes selos postais portugueses. Volta a aparecer na série “Vultos da Medicina Portuguesa”, de 1999, num selo de 80$00, em borla e capelo.
Finalmente, a tiragem “Vultos da História da Cultura Portuguesa (1851-1901)”, de 2001, dedicou um selo de 85$00 a Carolina Michaelis. Doutora honoris causa pela Faculdade de Letras da UC em 1.07.1917, e membro do seu corpo docente, Michaelis é figurada com capa talar e borla e capelo (exemplares disponíveis on line em Selos de Portugal, http://paulosalvado.no.sapo.pt/indice.html-5k)[23].
As insígnias doutorais ocorrem ainda em emissões do Banco de Portugal na antiga moeda padrão, o escudo. É o caso da nota bancária de 1000$00, editada em sucessivas séries entre 2 de Agosto de 1983 e 3 de Março de 1994, com Joaquim Teófilo Braga (1843-1924) envergando capelo da Faculdade de Direito da UC. Este político republicano, investigador e docente do Curso Superior de Letras era formado pela Faculdade de Direito, tendo realizado nesta mesma instituição o seu doutoramento a 30 de Junho de 1868, a que se seguiu a cerimónia de imposição de insígnias no dia 26 de Julho de 1868.

As insígnias são de figuração abundante em trabalhos escultóricos.
Estátuas de vulto inteiro:

-estátua de mármore de Carrara de Félix da Silva de Avelar Brotero, da autoria do escultor António Soares dos Reis, assente no Jardim Botânico da UC em 1887. Representação naturalista, com o lente sentado na cátedra, hábito talar, capelo deitado pelos ombros e barrete no regaço. O original em gesso encontra-se no Museu Nacional de Soares dos Reis[24]. O vestuário talar revela anacronismos no talhe da capa e da casaca, pelo facto de a maqueta ter copiado vestes temporariamente cedidas pela UC em1883, quando as vestes envergadas por Brotero entre 1791-1807 eram a loba de dois corpos e o ferraiolo. Brotero (1744-1828), doutorado em Medicina pela Université de Reims, foi integrado no corpo docente da Faculdade de Philosophia Natural em 13 de Março de 1791, pelo que garantidamente usou o hábito talar comimbricense e as insígnias correspondentes;
-estátua de corpo inteiro de António de Oliveira Salazar, lente de Direito da UC e estadista, realizada ao longo de 1936 pelo escultor Francisco Franco (1885-1955) para o Pavilhão de Portugal na Exposição de Paris de 1937[25]. Trata-se de uma figura togada, introspectiva, com o capelo deitado pelos ombros e a borla na mão, destinada a sacralizar a imagem sapiencial do ditador de acordo com a propaganda do Estado Novo e o culto do chefe. Salazar não era doutorado pela UC. Tendo defendido provas escritas para assistente, Oliveira Salazar fora proclamado “doutor” pela Faculdade de Direito, em conformidade com as disposições da Lei nº 616, de 19 de Junho de 1916, e Decreto nº 3:370-C, de 15 de Setembro de 1917[26], no dia 10 de Maio de 1918. A maqueta, em tamanho natural, esteve exposta num dos pavilhões da Exposição o Mundo Português, evento realizado em Lisboa no ano de 1940[27]. Posteriormente foram realizadas reproduções. Uma versão em bronze foi inaugurada no pátio interno do Palácio Foz, sede do SNI, e removida para local incerto em 1974. João Medina informa da existência de outra réplica que esteve implantada no pátio do Liceu Salazar, de Lourenço Marques (Maputo), dinamitada no crepúsculo do regime[28]. A maqueta original, um gesso com 73cm de altura, encontra-se no Museu Henrique e Francisco Franco, na cidade do Funchal[29];
-estátua erecta de Doutor Júlio Henriques, por Barata Feyo, no Jardim Botânico da UC, inaugurada em 1950;
-um lente na cátedra, alto-relevo cerâmico de Jorge Barradas, integrado no painel da sala de leitura da Biblioteca Geral da UC. O trabalho data de 1955, tendo sido o edifício inaugurado em 29 de Maio de 1956. Estilização notável, opta por figurar o barrete doutoral no regaço do lente, proposta errada, pois quando os lentes se sentavam na cátedra para ler a lição tinham de estar com a cabeça coberta;
-estátua em bronze, de vulto, do Doutor Levy Maria Jordão. Trabalho da autoria do escultor António Duarte, data de 1954 e encontra-se assente no vestíbulo do Tribunal Judicial de Chaves. Conceituado penalista, Levy Maria Jordão formou-se na Faculdade de Direito da UC e ali concluiu o seu doutoramento em 19 de Junho de 1853. Não chegou a integrar o corpo docente da instituição. Retrato expressionista de grande impacto psicológico, omite o barrete doutoral e o hábito talar contém anacronismos vulgares a nível da capa, da calça comprida e da casaca burguesa, sabido que à data do doutoramento de Lévy Maria Jordão os lentes ainda usavam sapato de fivela, meias altas, calções, loba talar de dois corpos e ferraiolo de gala;
-estátua colossal em bronze, de Egas Moniz, realizada pelo escultor Euclides da Silva Vaz. No plinto figura a data de 1975. Assente no terreiro fronteiro ao Hospital de Santa Maria, Lisboa, apresenta o cientista em hábito talar e borla e capelo. A estátua erecta de Oliveira Salazar parece ter sido o modelo mais directo que serviu de inspiração a Euclides Vaz;
-estátua em pedra liós de “Avelar Brotero. Botânico. 1744-1828. Câmara Municipal de Lisboa. 1984”. Obra talhada num bloco único, foi assente num largo do Parque de Monsanto, Lisboa, junto à Av. Dr. Mário Moutinho. O retratado enverga batina talar de um corpo, capa e capelo. O trabalho apresenta anacronismos ao nível da batina, sapatos e capa. Trabalho da autoria do escultor António Duarte;
-estátua de vulto, em bronze, do Doutor Fernando Bissaia Barreto, lente da Faculdade de Medicina da UC, realizada pelo artista Vasco Berardo em 2000. Assente na rotunda fronteira ao Portugal dos Pequenitos, em Santa Clara, propõe um trabalho figurativo conforme as representações erectas consagradas ao longo do século XX.

São diversos os bustos em bronze dispersos pelo território português onde o capelo doutoral ocorre. Busto de Carolina Michaelis no jardim da Escola Secundária Carolina Michaelis, Porto, realizado pelo escultor José de Sousa Caldas; busto de Guilherme Moreira, assente no jardim municipal de Santa Maria da Feira, assinado por Henrique Moreira; busto de José Alberto dos Reis, no jardim fronteiro ao Tribunal de Celorico da Beira, pelo escultor António Duarte (1961)[30]; busto de Manuel Rodrigues Júnior, originariamente implantado nos passos perdidos do Tribunal de Santarém, da autoria do escultor António Duarte, que após 1974 viria a ser depositado no Museu Municipal de Santarém[31]; busto de João de Matos Antunes Varela, no Palácio da Justiça de Coimbra, realizado em 1966 por Cabral Antunes, busto de João de Matos Antunes Varela, realizado por Gustavo Bastos, no Palácio da Justiça do Porto (1967)[32]; Busto de António de Sena, no portal da Faculdade de Medicina da UC, trabalho realizado por alunos da Escola de Belas Artes do Porto[33].

A escultura sacra portuguesa documenta pelo menos quatro situações dignas de atenção. Temos conhecimento de um “Santo António Doutor Evangélico”, com túnica de franciscano e capelo doutoral, na Igreja da Venerável Ordem Secular de São Francisco, cidade de Lamego[34]. Relativamente a esta escultura, pode colocar-se a questão de saber se estamos em presença de um capelo doutoral ou canonical do século XVIII. A análise dos detalhes proporcionados pelo entalhador e pelo pintor indiciam um capelo doutoral de romeira dupla, cuja sobremurça ostenta cinco alamares de cada lado e não os clássicos três.
Complementa esta informação uma graciosa imagem de Santo Ovídio que detectámos em 2007 na Igreja do Colégio da Esperança, no Porto, de lavra setecentista. Santo Ovídio é apresentado com loba talar cerrada, chamarra sem mangas, ausência de capa, capelo deitado pelos ombros e barrete doutoral próximo das representações da Sala do Exame Privado e sobreportadas dos Gerais.
Na Igreja do Carmo, da cidade de Coimbra, existe um São Ivo, protector dos advogados e juristas, vestido com hábito franciscano e um raro exemplar completo da borla e capelo da antiga Faculdade de Cânones (modelo pombalino).
Anteriores a todas estas é imagem de São Tomás de Aquino sentado na cátedra, em pedra de Ançã, que se encontrava no portal do Colégio de São Tomás, à Rua da Sofia, edificado a partir de 1546. Este edifício foi adquirido pelo Estado para sede do Palácio da Justiça de Coimbra, em 1928, pelo que o portal foi desmontado e transportado para o Museu Nacional Machado de Castro. O apeamento desta escultura suscitou enorme interesse na década de 1930, em especial o barrete redondo com borla de tipo pompom.

As representações abrangem espaços e materiais diversificados. Da galeria dos reitores da UC à galeria dos reitores da Universidade de São Paulo, dos retratos da Reitoria da Universidade do Porto à galeria dos Bastonários da Ordem dos Advogados e galeria dos Bastonários da Ordem dos Médicos, da colecção da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa aos retratos a óleo dispersos pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, Diocese de Macau, Sé de Angra do Heroísmo, Torre do Tombo, acervos museológicos (Museu Bernardino Machado, Vila Nova de Famalicão)[35], foto-histórias[36], e roteiros político-diplomáticos.
Serve de exemplo o doutoramento honoris causa concedido pela Faculdade de Direito ao Presidente do Brasil, Café Filho, no dia 24 de Abril de 1955. Uma expressiva reportagem ilustrada, da autoria do fotógrafo Firmino Santos, foi estampada na obra Diário de uma Viagem de Amizade, Lisboa, Oficinas da Editorial Ultramar, 1955, num total de onze fotografias. A descrição do cerimonial, a páginas 167-181 revela algumas curiosas “heterodoxias” e um certo grau de desinformação. Citem-se o tratamento de “Cancelário” tributado ao Vice-Reitor e a confusão entre “ostentação” do laureado e presidência do paraninfo. Das imagens impressas na obra, duas respeitam ao acolhimento na Biblioteca Joanina, três ao préstito, quatro ao cerimonial na Sala dos Actos e duas ao cumprimento de formalidades na Sala do Senado.
Alguns dos roteiros patrimoniais e turísticos de Coimbra fixaram imagens escritas e ilustradas do cerimonial universitário, hábito talar e borla e capelo. Para a segunda metade do século XIX, pela riqueza e rigor do texto escrito, vale a pena revisitar as informações reportadas por António Borges de Figueiredo, Coimbra antiga e moderna, Lisboa, Livraria Ferreireira, 1886, mormente páginas 168-170 (actos doutorais), 183-184 (recebimento do Marquês de Pombal), 13-14 (capa e batina). Quanto ao meado do século XX, Frederic Marjay, Coimbra. A cidade universitária e a sua região, Lisboa, Livraria Bertrand, 1959, fixa na capa e no interior deste roteiro turístico imagens da serenata, Queima das Fitas, préstito universitário e doutoramento honoris causa do Cardeal Eugéne Tisserand (Letras, 19.10.1956).
Publicações abundantemente ilustradas são Doutoramento honoris causa de Gladstone Chaves de Melo e Vergílio Ferreira. Universidade de Coimbra. 24 de Outubro de 1993, Porto, Fundação Eng. António de Almeida, 1996, e Fernando Aguiar Branco Doutor Honoris Causa em Letras (sinopse dos factos relativos ao doutoramento), Porto, Fundação Eng. António de Almeida, 2002.
Numa dimensão mais modesta, A. Santos Martins, in João Paulo II em Coimbra, Coimbra, Edição do Autor, 2005, ilustra momentos da cerimónia de doutoramento honoris causa do Papa João Paulo II em 15 de Maio de 1982, naquele que foi um dos momentos protocolares menos conseguidos da UC no século XX[37].

No capítulo das memórias, a obra de maior vulto é protagonizada pelo antigo Reitor Maximino Correia, in Ao serviço da Universidade (1939-1960), Coimbra, Por Ordem da Universidade, 1960. Trata-se de um documentário imprescindível para se perceber as relações entre a instituição e o Estado Novo, bem como a evolução do projecto de construção da cidade universitária. As imagens mais significativas respeitam aos honoris causa do Generalíssimo Francisco Franco (25.10.1949), Júlio Dantas (6.03.1955), John Cockroft (17.10.1955), Cardeal Eugène Tisserant (19.10.1956), Gregório Marañon (21.10.1959), e a eventos como os vinte e cinco anos de Oliveira Salazar como estadista e a jubilação do Cardeal Cerejeira (1958).

Nesta recensão não faltam as fotobiografias reportadas a docentes de ensino superior, cientistas, estadistas e Chefes de Estado. Oliveira Salazar será o caso mais mediatizado. O Cardeal Cerejeira lidera a produção de representações fotográficas. Uma das mais antigas e sólidas foi elaborada pelo Padre Moreira das Neves com o título O Cardeal Cerejeira Patriarca de Lisboa, Lisboa, Edições Pro Domo, 1948, onde constam algumas das fotografias ulteriormente reproduzidas noutras obras. O catálogo ilustrado D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Cardeal-Patriarca de Lisboa. In Memoriam, Lisboa, Edição do Patriarcado de Lisboa, 1977, divulga uma fotografia de Cerejeira como jovem doutor de Letras com hábito talar e insígnias (p. 9), outra alusiva à última lição proferida em Coimbra na cátedra da Sala dos Actos Grandes no ano de 1958 (p. 36), e outra em que acompanha o Magnifico Reitor Maximino Correia na Sala de Armas (p. 37).
D. José Policarpo da Cruz, Patriarca de Lisboa, assinou a obra Cardeal Cerejeira. Fotobiografia, Lisboa, Notícias Editorial, 2002. Este trabalho inclui fotografias relativas a hábitos talares e borlas e capelos. Logo na abertura, Cerejeira aparece ladeado por fiéis, dignitários e lentes, reconhecendo-se Domingos Fezas Vital. Fotografias do prelado em hábito e insígnias doutorais ocorrem nas pp. 29 e 42. Outras presenças respeitam a António Carneiro Faria Pacheco como Vice-Reitor da Universidade de Lisboa (p. 30), comemorações do IV Centenário da transferência da Alma Mater para Coimbra em 1937 (p. 47). Cerejeira motivou ainda uma incursão de Irene Flunser Pimentel, Cardeal Cerejeira. Fotobiografias do século XX, Lisboa, Temas e Debates, 2008, profusamente ilustrada.
O álbum assinado por Fernando Dacosta, Salazar. Fotobiografia, Lisboa, Notícias Editorial, 2000, inclui algumas imagens expressamente reportadas a insígnias doutorais, nomeadamente o honoris causa concedido a Salazar pela Universidade de Oxford em 1941 (p. 136), um retrato a óleo e a estátua togada da lavra de Francisco Franco (p. 144), uma caricatura de Abel Manta (p. 147) e o velório (pp. 154-155). Júlia Leitão de Barros, em Afonso Costa. Fotobiografias do século XX, Lisboa, Círculo de Leitores, 2002, reproduz uma fotografia dos lentes da Faculdade de Direito nos Gerais e outra da abertura solene das aulas, ambas de 1899 (pp. 32-33).
O “in memoriam” Depoimentos. Guilherme Braga da Cruz (1916-1977), Coimbra, Tenacitas, 2006, reporta abundante iconografia sobre o tema: o próprio motivo de capa, e particularmente a “Memória fotográfica” onde constam o lente Francisco José de Sousa Gomes (p. 548), Braga da Cruz no dia da sua imposição de insígnias (p. 557), o pleiteamento no Tribunal Internacional de Haia em 1959 (p. 560), a presença na cerimónia honoris causa o Presidente do Brasil Kubitchec de Oliveira (p. 562), a tomada de posse como Reitor em 1961 (p. 563), a abertura solene de 1961 (p. 565) e a presença na cerimónia de trasladação dos restos mortais do Rei D. Miguel (p. 571).
Menos abundantes serão as abordagens cinematográficas. No filme português “Fátima, Terra de Fé”, de ca. 1943, consta uma reportagem sobre uma cerimónia de Abertura Solene da Universidade de Coimbra, cujo protagonista é o “Doutor António Silveira”, uma espécie de sósia do Fernando Bissaia Barreto convertido aos ideais do Estado Novo[38]. Haveria que cruzar estes dados com o arquivo audiovisual da RTP, cujos repórteres de imagem registaram desde 1957 diversos momentos da UC.

As comemorações dos 700 anos da fundação do Studium Generale em 1990 serviram de pretexto à edição de fontes e estudos de fundo onde as insígnias e o hábito talar ocorrem a título meramente ilustrativo. A maioria dos trabalhos comporta a assinatura do Director do AUC e membro da comissão Manuel Augusto Rodrigues: A Universidade de Coimbra e os seus reitores, Coimbra, AUC, 1990; A Universidade de Coimbra. Marcos da sua história, Coimbra, AUC, 1991[39]; Memoria professorum Universitatis Conimbrigensis (1772-1937), Coimbra, AUC, 1992[40], realizações a que não podem deixar de acrescentar-se as reedições de grandes clássicos de António de Vasconcelos como A Sé Velha de Coimbra. Volume I, Coimbra, AUC, 1993, Escritos vários relativos à Universidade Dionisiana. Volume I, Coimbra, AUC, 1997, e Real Capela da Universidade de Coimbra. Alguns apontamentos para a sua história, Coimbra, AUC/Livraria Minerva, 1990. A iconografia relativa ao hábito talar e insígnias doutorais é abundante e variada nas obras referidas supra, mas Manuel Augusto Rodrigues não chega a explorar as ricas potencialidades desta matéria-prima.

Nas obras de síntese do século XX, as insígnias doutorais não deixam de ocorrer, mesmo que episodicamente:
-Damião Peres (direcção), História de Portugal. Edição monumental, Barcelos. No Volume IV, de 1932, p. 268, a estátua de São Tomás de Aquino com o barrete doutoral quinhentista, e na p. 272 o retrato do reitor Frei Diogo de Murça. No Volume VI, de 1934, p. 519, uma gravura do Museu da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto intitulada “O Marquês de Pombal entrega em nome de el-rei D. José I os estatutos que reformam a Universidade (1772) e apresenta o novo reitor D. Francisco de Lemos”. No Volume VII, de 1935, Gomes Teixeira, na página 723. No Suplemento, de 1954, uma fotografia de 1899 relativa à abertura solene de Outubro de 1899, onde figuram jovens lentes recém-doutorados como Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (Matemática, 24.07.1898), e José Alberto dos Reis (Direito, 16.04.1899). Esta obra inclui ainda um retrato de Carolina Michaelis de Vasconcelos com as insígnias doutorais que lhe foram impostas em 1 de Julho de 1917 sobre vestido preto comprido e capa talar;
-Sousa Costa, Grandes Dramas Judiciários. Tribunais portugueses, Porto, Editorial O Primeiro de Janeiro, 1944, p. 329 (foto de António Augusto Rocha, de Medicina);
-Universidade, de autor não identificado na Grande Eciclopédia Portuguesa e Brasileira, Tomo 33, 1956, página 442 e seguintes, onde são referidas para Coimbra a borla e capelo (e, por erro ou desconhecimento, o hábito talar), para a Universidade de Lisboa/Medicina a toga de alamares e o barrete cilindriforme coroado de pompom, para as demais escolas da Universidade de Lisboa borla e capelo, para a Universidade Técnica de Lisboa a gorra e o epitógio, e para a Universidade do Porto a toga de alamares e o barrete octavado com pompom;
-a História da República, Lisboa, Editorial O Século, 1960, extensa publicação onde figuram reproduções de fotografias e caricaturas;
-Joaquim Veríssimo Serrão, Doutor, no Dicionário de História de Portugal, Volume II, Porto, Livraria Figueirinhas, s/d, pp. 338-339;
-António Reis (direcção), Portugal Contemporâneo (1820-1851), Volume I, Lisboa, Publicações Alfa, 1989, p. 299 (Adrião Pereira de Sampaio); idem, (1851-1910), Volume 2, Lisboa, Publicações Alfa, 1989, p. 259;
-José Mattoso (direcção), História de Portugal. Volume 5: O Liberalismo, Lisboa, Editorial Estampa, 1993, p. 654, busto em bronze do Doutor Gomes Teixeira, da autoria de Teixeira Lopes, existente no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra;
-Luís Reis Torgal, José Amado Mendes, Fernando Catroga, História da História em Portugal. Sécs. XIX-XX, Lisboa, Círculo de Leitores, 1996, p. 198 (retrato a óleo de António de Vasconcelos, na Faculdade de Letras), p. 201 (fotografia de Luciano Pereira da Silva), p. 232 (retrato a óleo de Mendes dos Remédios, na Faculdade de Letras), p. 237 (fotografia de Manuel Gonçalves Cerejeira), p. 261 (fotografia de Manuel Lopes de Almeida), p. 265 (fotografia de Damião Peres), p. 304 (fotografia de Joaquim de Carvalho), p. 345 (retrato de Carolina Michaelis), p. 360 (retrato de Albert Silbert).

As insígnias doutorais ocuparam lugar de destaque nas representações culturais da Sociedade Tradicional Académica. Até 1910 realizou-se frequentemente o ritual praxístico do grau, um rito iniciático que consistia em submeter os caloiros a um conjunto de provas que imitavam em tom burlesco os passos dos actos magnos ou doutoramento. Misturando elementos da cultura académica com símbolos e momentos da iniciação maçónica (ataúde, tocheiros, caveira, tíbias, venda), os caloiros eram introduzidos numa sala obscurecida, sentados num bacio, sujeitos a interrogatórios chocarreiros e punições e investidos com um bacio na cabeça.
O antigo estudante da década de 1860 Antão de Vasconcelos descreve nas suas Memórias do Mata-Carochas, 2ª edição, Porto, p. 51, com minúcia a realização do duro ritual, que terminava invariavelmente com a frase ritual “Et ego aucthoritate qua fungor, gradum tibi confero”.
Ao longo do século XX as insígnias doutorais foram parodiadas pelos estudantes em cortejos alegóricos e em convívios ralizados nas Repúblicas, como aconteceu em 23 de Janeiro de 1961 com a simulação de um doutoramento honoris causa na República Boa-Bay-Ela[41].
REFERÊNCIAS
[1] A casaca/capa para alunos, e o tailleur/capa para alunas, tinham sido usados no Liceu de Ponta Delgada até à década de 1960. Contudo, à data da minha matrícula na instituição, em Outubro de 1983, o traje caíra em desuso. A tradição de participação dos estudantes do liceu na procissão anual do Santo Cristo dos Milagres mantinha uma ligeira reminiscência, com alguns estudantes vestidos de fato preto (casaco curto) e uma capa.
[2] Dra. Madalena Brás Teixeira.
[3] A então estudante de Direito Ana Paula Barros, cabeça de lista da JSD.
[4] Eduardo Proença Mamede, aluno de História.
[5] Grande parte do riquíssmo guarda-roupa particular do Bispo jubilado de Aveiro D. Manuel de Almeida Trindade, então a residir no Seminário de Coimbra, fivelas de prata de sapatos ofertadas pelo Padre Doutor António Nogueira Gonçalves (que em 1991 ofereci ao Museu Académico), mantéu e cabeção emprestados pelo Padre Amílcar (professor de Religão e Moral no Colégio de São Teotónio), e um barrete cedido pelo Padre João Evangelista (Sé Velha).
[6] Dr. Joaquim Teixeira Santos e Dr. Artur Ribeiro.
[7] Dr. Carlos Serra.
[8] O estudante António Piedade, da lista JSD liderada pelo Presidente da AAC Emídio Guerreiro.
[9] Habitava uma casa do Patriarcado, na Rua Capitão Renato Baptista. Na altura colocou-se a hipótese de o Cónego Isaías da Rosa Pereira ofertar as peças mais representativas do seu guarda-roupa ao Museu Académico. Falecido em 1995, presume-se que estas tenham sido distribuídas pelos respectivos herdeiros.
[10] Mário Mendes Nunes, «Leocádia Machado: as mãos de ouro de Coimbra», in Nos caminhos do património. II, Coimbra, GAAC, 1995, pp. 112-116. O texto foi inicialmente publicado no periódico local Diário de Coimbra. Em Setembro de 1996 tentei entrevistar a artesã bordadeira da casa portuense Carvalho e Irmão, sem sucesso devido aos entraves que me foram colocados.
[11] Reproduções no catálogo Cabral Antunes. Escultor e medalhista, Coimbra, 1987.
[12] Data confirmada por Fernando Simões Ribeiro, da Medalhística Lusa-Atenas.
[13] Cf. “Capelli e Galeri”, http://dapppledphotos.blogspot.com/2005/11/capelli-e-galeri.html, confundindo o galero com o capelo romano ou saturno, à semelhança do que acontece com a maior parte das enciclopédias e dicionários. O “galeri rosso”, considerado a coroa dos cardeais romanos como príncipes da Igreja Católica, foi concedido pelo Papa Inocente IV em 1245 no Concílio de Lião e tornado facultativo pelo Paulo Paulo VI em 1969. Siga-se a informação presente na rubrica Galero, http://en.wikipedia.org/wiki.Galero.
[14] Prelado faustoso lhe chama Borges de Figueiredo, Coimbra antiga e moderna, 1886, p. 161.
[15] Na mesma conjuntura, antes e depois de 1910, circularam postais ilustrados relativos ao bedel, guarda-mor, archeiros e mestre-de-cerimónias.
[16] Reprodução em Sousa Figueiredo e António Vicente, A queda da Monarquia e a implantação da República través do bilhete-postal ilustrado, Lisboa, Ecosoluções, 1997.
[17] Seria o último prelado a residir habitualmente na Casa Reitoral, seguindo-se uma gradativa perda da capacidade de invenção/renovação simbólica específica da cultura palaciana reitoral.
[18] Existe um exemplar na Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra.
[19] Reprodução por Artur Ribeiro, Queima das Fitas. Os 100 anos do Centenário da Sebenta (1899-1999), Coimbra, Edição do Diário de Coimbra, 1999, p. 75.
[20] Reproduções em Cristina Henriques (e outras), Coimbra. Vida académica, Coimbra, Edição da Comissão Central da Queima das Fitas 1990, 1990, pp. 20-21.
[21] Reprodução na obra Rafael Bordalo Pinheiro. Álbum das Glórias. Edição comemorativa do centenário da morte de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), Lisboa, Expresso, 2005, p. 75.
[22] Primeira edição feita em Lisboa, O Jornal, 1978. Esta abordagem merece alguma reserva, dado o lugar comum que tem pretendido associar apenas os catedráticos da UC ao Estado Novo e à perpetuação de uma certa imagem de provincianismo. Muitos docentes da UC participaram activamente na construção e perpetuação do Estado Novo, como participaram os da UL, os da UP, os da Universidade Técnica de Lisboa e os das escolas de Belas Artes. No caso específico da Faculdade de Direito da UL, docentes do quadro da instituição como Carneiro Pacheco, Manuel Rodrigues ou Caeiro da Mata são frequentemente referidos como colegas de Salazar em Coimbra, mesmo quando se sabe que tinham sido transferidos para a escola lisboeta antes de 1926, ou nos anos seguintes. Outros, como Marcello Caetano, Manuel Cavaleiro de Ferreira, Inocêncio Galvão Telles ou Paulo Cunha não se haviam formado nem doutorado em Coimbra.
[23] Os CTT editaram outros selos alusivos à UC, como “Paisagens e Monumentos. Paço das Escolas” ($50, 1972); “Reforma Pombalina” (selo de 1$00, selo de 2$50 e selo de 8$00, 1972); “400 anos da morte de Pedro Nunes” (selo de 5$00, 1978); “Datas da História. 7º Centenário da Universidade de Coimbra” (selo de 70$00, 1990); “100 anos da morte do fadista Hilário” (selo de 80$00, 1996).
[24] Assunto relatado por Júlio Henriques, “O monumento a Brotero”, in O Instituto, Volume 37, 1889, p. 342 e ss; João Pereira Dias, A estátua de Brotero por Soares dos Reis, Porto, Círculo Dr. José de Figueiredo, 1944, com reprodução de esbocetos e fotografias de apoio.
[25] Enquadramento e fotografia em Joaquim Saial, Estatuária portuguesa dos anos 30 (1926-1940), Amadora, Bertrand Editora, 1991, pp. 155-157.
[26] Cf. Joaquim Ferreira Gomes, A Universidade de Coimbra durante a Primeira República, Lisboa, IIE, 1990, pp. 298-299; e confirmando esta realidade, mas tentando destacar Salazar dos seus colegas que também foram proclamados, siga-se Franco Nogueira, Salazar. A mocidade e os princípios (1889-1928), 2ª edição, Volume I, Porto, Livraria Civilização Editora, 1986, pp. 150-151, 164-165, 169-171, em particular pp. 189-190 e respectivas notas de fim de página.
[27] Reprodução na obra ilustrada Mundo Português. Imagens de uma exposição histórica. 1940, Lisboa, Edições SNI, 1956.
[28] João Medina, “As imagens de Salazar. Estudo de iconologia histórica sobre a representação do ditador português na caricatura, na escultura e na pintura”, capítulo IV da obra Salazar, Hitler e Franco, Lisboa, Livros Horizonte, 2000, p.185 e ss..
[29] Reprodução fotográfica em Nelson Veríssimo e José Sainz-Trueva, Esculturas da Região Autónoma da Madeira. Inventário, Funchal, Secretaria Regional do Turismo e Cultura, 1996, p. 20.
[30] As obras de arte existentes nos tribunais portugueses foram recenseadas até ao ano de 1999 na obra de AMN, Espaços e Imagens da Justiça no Estado Novo. Templos da Justiça e arte judiciária, Coimbra, Minerva, 2003.
[31] Repodução em AMN, Justiça e arte. Tribunais portugueses, Lisboa, SGMJ, 2003, p. 111.
[32] Reprodução no álbum colectivo assinado por Francisco Ribeiro da Silva/José Guilherme Abreu/José Pereira da Graça, O Tribunal da Relação do Porto. O Palácio da Justiça do Porto, Porto, Edição do TRP, 2008, p. 85.
[33] Fotografias de alguns dos bustos referidos foram reproduzidas em AMN, Justiça e Arte. Tribunais Portugueses, Lisboa, SGMJ, 2003. A UC é detentora de telas e bustos de antigos docentes, os quais se encontram dispersos pelos vários edifícios. Por exemplo, no átrio do Instituto Nacional de Medicina Legal/Faculdade de Medicina foram assentes os bustos do Prof. Doutor Almeida Ribeiro [1884-1959. Com capelo pelos ombros. Trabalho assinado por Álvaro Matos, 1960], e Prof. Duarte Santos [1911-1994. Com capelo pelos ombros. Trabalho assinado por Álvaro Matos, 1983]. Devo esta visita guiada ao Vice-Presidente do INML/Coimbra, Prof. Doutor Francisco Corte-Real (30.04.2009).
[34] Reprodução no catálogo Cristo fonte de esperança. Exposição do grande jubileu do ano 2000. 17 de Junho/17 de Setembro, Porto, Diocese do Porto, 2000, p. 520, peça nº 377.
[35] Elzira Machado Rosa, “Museu Bernardino Machado. Exposição permanente”, Vila Nova de Famalicão, Edição da Câmara Municipal de VNF, 2002 (capa, batina e insígnias de Bernardino Machado).
[36] Por exemplo, Fernanda Rollo, “Salazar através da fotografia”, in Salazar e o Salazarismo, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1989; Maria Filomena Mónica, A Queda da Monarquia. Portugal na viragem do século, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1987, p. 336.
[37] A recepção e a cerimónia não seguiram o protocolo tradicional, tendo sido praticado um honoris causa do tipo norte-americano. Não houve imposição de barrete nem de anel, nem falas rituais.
[38] Cf. Álvaro Garrido, “Coimbra nas imagens do cinema do Estado Novo”, in O Cinema sob o olhar de Salazar, Lisboa, Círculo de Leitores, 2000, pp. 274-303.
[39] Estas duas obras foram-me oferecidas logo em 1991 pelo Prof. Doutor Manuel Augusto Rodrigues, fruto de colaboração que prestei em matéria de traje académico.
[40] Oferta da Prof. Doutora Maria José Azevedo, Directora do AUC.
[41] Fotografias disponíveis em Cristina Henriques, Paula Rocha e Teresa Barbosa, Coimbra. Vida Académica, Coimbra, Edição da Comissão Central da Queima das Fitas 1990, 1990, pp. 107-108.

1 Comentários:

Blogger Secção Filatélica da AAC disse...

Gostaríamos de obter autorização para citar este excelente artigo, na parte correspondente aos selos postais onde aparecem as insignias doutorais, no nosso blog (http://sfaac-filatelia.blogspot.com/), com a devida citação da fonte, como é óbvio.

Saudações académicas
Secção Filatélica da AAC

14 de dezembro de 2010 às 03:18  

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