domingo, 18 de janeiro de 2009


GC & SC (2)
As fotografias GC & SC 1 e 2, do acervo do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, documentam a cerimónia de atribuição do grau de doutor honoris causa ao Contra-Almirante Carlos Viegas Gago Coutinho (1869-1959), e ao Capitão de Mar-e-Guerra Artur Sacadura Freire Cabral (1880-1924), pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa no dia 6 de Maio de 1922.
Um apontamento de reportagem foi publicado nas páginas da revista Ilustração Portuguesa, de 2/12/1922. A cerimónia parece ter decorrido no edifício da Academia Politécnica. Entre os convidados ilustres figura o Presidente António José de Almeida. O orador está identificado como sendo o Prof. Eduardo Ismael dos Santos Andréa (1879-1937), que enverga hábito talar e insígnias de matriz coimbrã. Parece advinhar-se uma adaptação simplificada do cerimonial conimbricense.
A sagração universitária dos heróis militares fora lançada no final da Grande Guerra pelas universidades Católica de Louvaina (Clemenceau, Foch, Wilson) e Paris (Wilson) nos anos de 1918-1919. Em 1922 celebrava-se o centenário da independência do Brasil, ano em que os aviadores GC e SC se afadigaram na proeza de ligação aérea Lisboa/Rio de Janeiro. A viagem, testada entre 30 de Março e 17 de Junho desse ano, foi acompanhada pela imprensa e alimentada pela propaganda política da época. Considerados heróis nacionais, celebrados na iconografia, toponímica e escultura um pouco por todo o Portugal, GC e SC foram proclamados doutores honoris causa em Ciências pela Universidade de Lisboa. Na segunda fotografia, captada após a cerimónia, entrevê-se um passo do cortejo, com dados bem curiosos: os dois laureados ostentam as insígnias de cor azul celeste, nacionalizadas em 1918, sobre os respectivos uniformes militares, em reprodução da situação protagnizada no ano anterior no Porto e em Coimbra pelos heróis das potências aliadas. Na vanguarda avistam-se dois docentes com a toga preta talar herdada da Médico-Cirúrgica, ambos com lacinho branco e fita peitoral. O passeio, aparentemente insólito, remete para o clássico triunfo dos generais romanos, que em Coimbra continua a constituir um momento alto do cerimonial.
Ainda no mesmo ano, a 24 de Outubro, a Faculdade Técnica da Universidade do Porto (=Engenharia) mimoseou GC e SC com idêntica cerimónia. Presume-se que ambos tenham comparecido com as respectivas fardas militares. Quanto às insígnias, é possível que tenham recebido borla e capelo naquilo que poderá ter sido um dos primeiros momentos de visibilidade cromática do castanho-tijolo de engenharia. A ter sido assim, valeria a pena descortinar as origens e fundamentação desta cor e, concomitantemente, averiguar se as insígnias foram confeccionadas localmente.

1 Comentários:

Blogger pinto disse...

Gosto

17 de abril de 2011 às 07:47  

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