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sábado, 31 de maio de 2008


Vara da Santa Casa de Coimbra
Parte superior da vara de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, vendo-se um apontamento da ornamentação: anel, brasão e pinha.
É indubitavelmente uma vara rica, quando comparada com as varas pretas usadas pelos oficiais de justiça e pelos vereadores municipais nas cerimónias solenes de quebra dos escudos régios, mas relativamente modesta quando comparada com a exuberância assinalada na maça da Santa Casa de Lisboa.


Vara da Santa Casa de Coimbra
A Santa Casa da Misericórdia de Coimbra preserva a antiga vara de provedor. Trata-se de uma vara conforme à tipologia dos vereadores, juizes e oficiais de justiça. Manufacturada em pau preto, esta vara tem a particularidade de ser constituída por módulos de madeira que encaixam uns nos outros (esquema ulteriormente adoptado nas bengalas destinadas a invisuais). Entre cada módulo foi aposto um anel de prata e a parte superior remata com empuhadura em forma de pinha.


Maça da Misericórdia de Lisboa (1)
Postal ilustrado, baseado em imagem captada em Fevereiro de 1908: a irmandada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa posiciona-se junto ao adro da igreja de São Vicente de Fora para receber os féretros do Rei D. Carlos e de D. Luís Filipe. Um dos irmãos, em função de porta-estandarte, segura a bandeira da Santa Casa, trazendo o capuz da opa deitado pela cabeça, tradição simbolizadora de "nojo" oficial, que se avista numa iluminura alusiva ao cortejo fúnebre de D. Manuel I. Outro elemento da irmandade, possivelmente o Provedor, figura em posição de destaque, veste opa e segura a maça de prata.
Fonte: Sousa Figueiredo e António Vicente, "A Queda da Monarquia e a implantação da República através do bilhete postal ilustrado", Museu da República e da Resistência, 1997, p. 59, postal 44.


Maça da Misericórdia de Lisboa (2)


Maça da Misericórdia de Lisboa (3)


Maça da Misericórdia de Lisboa (4)


Maça da Misericórdia de Lisboa (5)


Maça da Misericórdia de Lisboa (6)


Maça da Misericórdia de Lisboa (7)

sexta-feira, 30 de maio de 2008


Maça da Misericórdia de Lisboa (foto 8)
A maça de cerimónias da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é uma obra de arte artesanal rara e de exepcional valor, não se conhecendo outra igual no contexto europeu. Noutras instituições portuguesas congéneres o símbolo da autonomia da instituição é uma vara preta com ornatos de prata. Não se sabe ao certo quando foi fabricada. Tudo parece indicar que se trata de obra quinhentista pós-gótica. A não ser da época manuelina, exibe sobre a roca uma orgulhosa esfera armilar ptolomaica, como é sabido símbolo heráldico do Rei D. Manuel I.
Na sua extensão máxima, esta maça atinge 97cms, respeitando 15cms ao charolão, 2cms à base, 68cms ao fuste, 3cms ao capitel coríntio e 17,5cms aos módulos que vão de anel a anel. Ao todo, o fuste é demarcado por 5 aneis salientes. Fixado entre a base e o capitel existe um grilhão duplo de elos miudinhos. O fuste é todo trabalhado, com alguma rusticidade, exibindo quadrículas emolduradas e no seu interior flores de quatro pétalas abertas. A envolta nasce de um dupo capitel ornamentado com volutas e folhas de acanto, e apresenta quatro aletas interrompidas, que delimitam figurações incisas de quatro obras de misericórdia. As aletas são ornadas com pérolas e folhas abertas. A parte superior tem uma estrutura cupulada, munida de quatro nervuras. A partir desta espécie de tampa de vaso, alteia-se uma esfera armilar pré-coperniciana, a remeter para o geocentrismo ptolomaico.
Possivelmente do reinado de D. Manuel I, ou do mandato joanino, esta maça segue de perto os modelos em voga na casa real e na Universidade de Lisboa/Coimbra. Na última instituição, o bastão da Sapiência ainda hoje segue este tipo de representação. Admite-se que esta maça possa ter sido concedida a título excepcional pelo chefe de Estado à Misericórdia de Lisboa. Via de regra era usada nos principais momentos protocolares da vida da instituição, como o acto de investidura do provedor, procissões, cortejos reais, recepções a dignitários, e em cerimónias fúnebres. A Santa Casa estava estatutariamente obrigada a acompanhar ao cadafalso os sentenciados à morte e a recolher-lhes as respectivas ossadas, fossem execuções civis ou autos-de-fé. Nestes casos específicos, os irmãos envergavam as opas, levando a bandeira, a maça e o esquife (visualise-se o da santa Casa de Coimbra, em bom estado de conservação). O momento fúnebre de maior solenidade era o da inumação dos chefes de estado, tendo a Misericórdia de Lisboa o privilégio de receber o féretro e de conduzi-lo ao interior do templo onde se celebravam as exéquias. A Misericórdia aparece pela derradeira vez com a bandeira, os capuzes das opas deitados pelas cabeças dos irmãos e a maça de prata, no momento em que os ataúdes de D. Carlos I e o Princípie D. Luís Filipe foram retirados das carruagens fúnebres e transportados para o interior do templo de S. Vicente.
Esta maça, com o nº de inventário ORO625, integra o acervo do Museu de São Roque, e foi reproduzida a cores na revista TERES E HAVERES, Nº 14, de Agosto de 1998, p. 56. Ao Dr. António Meira se fica a dever a sua visualização e estudo.


Maça da Sé de Évora
Antiga maça de prata da Sé de Évora, existente no Museu de Arte Sacra daquela catedral. Datável de 1560, configura um modelo intermédio entre as antigas maças da corte e a solução ainda hoje apreciável na Universidade de Coimbra. O fuste ganhou aspecto de balaústre italiano, seguindo de perto o paradigma do ceptro de D. João III, e a roca perdeu a esfera armilar e ganhou quatro aletas que fazem lembrar as asas dos cântaros. Na base do fuste e no capitel existem duas argolas, próprias para aplicação de corrente dupla (perdida), tradição muito comum nas maças ibéricas dos séculos XVI e XVII.
Fonte: catálogo "Cristo fonte de esperança. 17 de Junho. 17 de Setembro. Exposição do Grande Jubileu do ano 2000", Porto, Diocese do Porto, 2000, p. 421.

terça-feira, 27 de maio de 2008


Rei de Armas de Navarra
Reis de Armas do antigo Reino de Navarra com tabardos e maças de prata ao ombro, precedidos por porta-estandarte, e trazendo na rectaguarda uma folia ou "música da corte".


Rei de Armas
Robin Blair, Lord Lyon King of Arms, com barrete renascentista, tabardo de gala, grande colar e bastão, num encontro realizado na Escócia.
A figura do Rei de Armas também existiu no protocolo de estado português até 1910, guardando-se no Museu Nacional dos Coches exemplares do grande colar, tabardo de brocado e maças de prata da época de D. José I (fotos no catálogo ilustrado "O Museu Nacional dos Coches", Lisboa, IPM, 1993, pp. 113-114).
[http://www.andrewcusack.com/blog/2006/09/]


Bastão reitoral
Momentos finais da cerimónia de investidura do Reitor Manuel Parras, na Universidad de Jaén, Espanha, Abril de 2007. O bastão dos reitores das universidades espanholas foi instituído por decreto governamental de 1850, baseado na "tradição" do Instituto de França, instituição onde a insígnia napoleónica original foi o bastão e não a espada.
O bastão, de tipo bengala sem empunhadura recurvada, é em madeira, remata com engaste superior de ouro e comporta cordão de borlas em preto e ouro. Em Portugal, este tipo de bastões teve usança em mestres de cerimónias (veja-se o bastão de prata da Universidade de Coimbra) e em porteiros (vejam-se silhares de azulejos no edifício da antiga Universidade de Évora).
[http://tunadejaen.blogspot.com/2007/09/investidura-como-rector-de-manuel.html]