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sábado, 5 de abril de 2008

Maças da Universidade de Viena
Recepção da Imperatriz Maria Teresa ao Magnífico Reitor da Universidade de Viena no ano de 1743. O Reitor, com capa talar, batina, capelo debruado a peles e barrete quadrangular, apresenta-se desbarretado e acompanhado por uma legação de lentes e pelo bedel com a maça reitoral alçada.


Maças da Universidade de Viena
Registo fotográfico de quatro maças da Universidade de Viena: Faculdade de Teologia Protestante (1859), Faculdade de Leis (1615, com figurinha da Ivstitia), Faculdade de Medicina (1615, figurinha de São Lucas e alusões a São Cosme e São Damião), e Faculdade de Filosofia (1666, figurinha de Santa Catarina de Alexandria).


Maças da Universidade de Viena
A Maça de prata da Faculdade de Teologia Católica data de 1601, apresenta um plinto com leões, grifos e cornucópias, e stenta uma figurinha de vulto de São João Evangelista.

Maças da Universidade de Viena
A Universidade de Viena de Áustria é detentora de pelo menos 6 maças de prata, 5 delas representando a autonomia científica das Faculdades de Teologia (Católica), Teologia Protestante, Leis, Medicina e Filosofia, e a que serve de insígnia reitoral.
A mais antiga, presente na fotografia, serve de insígnia ao Magnífico Reitor, e está datada de 1558. Possui fuste cilindriforme encimado por capitel hexagonal e charola em duplo florão e coroa imperial.
As mais antigas maças universitárias assinaladas na Europa datam do século XV e seguem a gramática gótica, pertencendo aos acervos das Universidades escocesas de Saint-Andrews e de Glasgow.
["An Historical tour of the University of Vienna", http://www.univie.ac.at/archive/tour/22.htm]


Huissier de la Chambre
(Gravura I)
Representação napoléonica modernizada do traje e maça dos antigos reis de armas, bedeis ou porta-maças.


Chefe dos Reis de Armas
(Gravura II)
Querendo insinuar-se como novidade no campo das representações protocolares, esta libré napoleónica nada mais é do que o antigo tabardo europeu de gala. O bastão, copiado do ceptro dos monarcas absolutistas franceses, apresenta o fuste revestido de veludo azul régio e sulcado de ornatos substitutivos da flor-de-lis. Hoje considerado insígnia dos marechais, este tipo de bastão também poderia ocorrer no cerimonial de algumas catedrais europeias, servindo de exemplo os exemplares da Sé de Lisboa.


Aide des Céremonies
(Gravura III)

Ajudante de mestre de cerimónias, traje desenhado para a coroação de Bonaparte. A casaca bordada, o bicórnio à francesa e a espada conheceriam imparável sucesso em toda a Europa e em países da América Latina (Brasil), nas escolas politécnicas, academias de ciências, academias de história e corpos diplomáticos ocidentais. Em Portugal, o tipo de bastão aqui apresentado era específico do oficialato menor dos tribunais superiores, paços episcopais, universidades e casas senhoriais. Um exemplo da sua figuração pode visualizar-se em painéis de azulejos do edifício da antiga Universidade de Évora, especificamente associado à figura do Porteiro.
[As gravuras I, II, III, referentes a trajes popularizados na época de Bonaparte, foram extraídas do endereço http://www.costumes.org/history/100pages/NAPOLEON.HTM]

sexta-feira, 4 de abril de 2008


Maceros Reales (a)


Maceros Reales (b)
As fotos a) e b) foram captadas durante o transcurso da Procissão de São Firmino, na cidade de Pamplona, em Julho de 2006. Os maceiros envergam pelotes quinhentistas, chapéus "à espanhola" segundo o modelo lançado na Europa pelo Rei Filipe II (I de Portugal) e maças de prata rematadas por charolões de tipo lanterna. Entre a voluta e o anel delimitador do meio do fuste foi fixada corrente dupla, dispositivo que aproxima as maças de cerimónia do Município de Pamplona das usadas desde o século XVI pelos bedéis da Universidade de Coimbra, Catedral de Beja (vide exemplar do Museu de Arte Sacra, de ca. 1560, já sem os antigos grilhões de prata) e Maça do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O modelo mais recuado desta genealogia que se conhece na Pensínsula Ibérica será o da Misericórdia de Lisboa (Museu de São Roque), com o charolão rematado pela Esfera Armilar ptolomaica que fora assumida pelo Rei D. Manuel I, elemento comum ao bastão da Sapiência que desde esse tempo serve de matriz sigilar à Universidade de Coimbra.
[http://flicker.com/photos/caravinagre/page10; http://flicker.com/photos/caravinagre/1sets/721579535488670/-36k]

Vergers, Texas



Vergers, Texas

Vergers ou porta-maças da Episcopal Church of Texas
Diversas imagens captadas no âmbito de actividades desenvolvidas na Episcopal Church of Texas entre 2003 e 2005. Se a sotaina mantém o modelo-base, que é o da batina talar anglicana, já a chimere ou garnacha evidencia duas variantes, uma à base de mangões fendidos, estolas e cabeção, e outra conforme à tipologia conimbricense, despojada de mangas, como que a constituir uma versão talar do mantellete.
[http://www.theblissranch.com/maceverger/vergers.htm; http://www.theblissranch.com/maceverger/images/gallery_Tomball004jpg]


Porta-Maças da Catedral de Peterborough
Colégio dos vergers ou porta-maças da Peterborough Cathedral, aqui com as suas maças e lobas quinhentistas. Esta veste, de origem medieval, conheceu larga expressão nos meios eclesiásticos e universitários de Itália, Espanha, Grã-Bretanha e Portugal. Nesta variante, de que se conhecem usos em Itália, Espanha (Univ. de Salamanca), e Portugal (Univ. de Coimbra), a loba apresenta-se como uma veste de dois corpos sobrepostos, muito próxima da tipologia configurada pela antiga beca judiciária portuguesa. A sotaina interna, ou veste talar de baixo, comporta mangas e sistema de abotoadura dianteiro em trespasse. A veste exterior, também conhecida por chamarra, chimere, zimarra, garnacha, é uma toga de mangões fendidos, estolas frontais e cabeção dorsal alongado, podendo comportar debruns variados. Desaparecida de Coimbra e de Salamanca na primeira metade do século XIX, a antiga "loba dos doutores" chegaria ao século XX apenas em catedrais britânicas, como veste de gala de seminaristas de alguns colégios católicos de Roma e em casos pontuais na Univ. de Oxford. No caso de Portugal, é ainda possível assinalar vestígios da loba dos letrados na beca judiciária de dois corpos que ainda se confecciona em Coimbra.
[http://www.peterborough-cathedral.org/uk/images/Vergers]

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Huissier du Palais
Fruto da reciclagem de figuras protocolares como o bedel e os reis de armas, este "huissier" foi desenhado por Jean-Baptiste Isabey para a coroação de Napoleão (colecção de gravuras do Louvre).


Rei de Armas
Gravura de Jean-Baptiste Isabey para a cerimónia da coroação imperial de Napoleão Bonaparte, colecção de gravuras do Louvre.


Robe de Bedeau
França, anos da 2ª Guerra Mundial: desaparecido do protocolo de Estado, o bedeau, ainda sobrevivia nalgumas universidades históricas, catedrais e sinagogas. Neste caso, a tradicional maça metálica foi substituída pelo "batôn" com empunhadura de prata, insígnia comum aos reitores das universidades espanholas (desde a década de 1850), algumas catedrais europeias (exemplares conhecidos em Itália, Sé de Lisboa) e cerimónia de investidura dos membros da Académie no período anterior às campanhas napoleónicas do Egipto. Podemos integrar nesta tipologia uns bastões curtos, encastoados, que os bedéis da Universidade de Coimbra usavam em certos actos de graduação de Teologia, bem como o bastão de marechal (este mais curto e normalmente revestido de veludo).