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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Raízes da Frock Coat
Em finais do século XVII, por volta de 1690, apareceu em França uma casaca de três panos, com a bainha recortada pela linha do joelho e aberta verticalmente a meio dos dois quartos dianteiros com carcela e caseamento que imitavam a abotoadura das vestes talares eclesiásticas seculares. No fundo da parte posterior, os machos estavam apenas insinuados (cerca de um palmo de altura). As mangas não chegavam a cobrir integralmente os braços, rematando com canhões de aparato, guarnecidos com bordados manuais, botões e rendas.
O último dispositivo estava em vias de iniciar uma viagem de garantido sucesso nas mangas das batinas episcopais e das togas espanholas (juristas e docentes universitários). A vaidade e a necessidade requeriam que a escassez da manga fosse suprida com luvas e regalo. O plastron de duas línguas, o mantéu curto e o chapeirão completavam o conjunto, muito prático para uso rural. Conhecida em França por "soutanelle", na verdade, esta veste nem era uma meia-sotaina, nem sequer uma batina, mas uma casaca civil adaptada. É possível que seja este o traje desenhado num dos painéis de azulejo do antigo Paço Episcopal de Braga (associado aos colegiais de São Paulo) mas tal não ousamos afirmar, dado que se encontra grandemente tapado com capa. Mas já podemos garantir que esta casaca, sem colarinho na sua versão clássica, não é o "viatório", amplo e talar sobretudo que vingou no Ocidente entre finais do século XVIII e o declinar do século XX
(gravura de John Peacock, 1991, baseado num desenho de Racinet)