Virtual Memories

sábado, 8 de setembro de 2007

Asklepios, Asclepius, Aesculapius, Esculápio, deus da Medicina


Galenus
Disputa virtual entre três médicos reputados: Claudius Galenus (129-200), Avicena e o grego Hipócrates. Gravura renascentista, estando os retratados com capelos doutorais italianos de arminhos.
Na época em que o Infante D. Henrique foi proclamado Protector oficial do Studium Generale Olissiponensis, Galeno foi pintado numa das paredes da sala de aula de Medicina do Paço das Escolas. No período de institucionalização das universidades medievais ocidentais registou-se alguma oscilação entre a adopção dos símbolos greco-romanos dos saberes (que não estavam de modo algum esquecidos no interior da cultura letrada católica, palaciana e monástica) e a consagração de imagens substitutivas apoiadas em individualidades como Gregório Magno, Imperador Justiniano, Claudio Galeno, Aristóteles, etc..
Nos territórios ocupados pelos invasores germânicos, a lenta cristianização do mundo campesino iletrado rapidamente substituiu Esculápio, Higyeia ou Iustitia pela variada panóplia de madonas e santos devocionais protectores dos achaques e moléstias. Pernas, braços, seios e falos outrora ofertados a Esculápio passaram a ser vistos nas mãos de Santa Luzia (olhos), Santa Águeda (seios), Santo Ovídio (orelhas). Entidades devocionais como Nossa Senhora do Ó (gravidez), Nossa Senhora do Leite (amamentação), Nossa Senhora das Dores ou Nossa Senhora da Saúde eram concebidas como suprema representação de práticas devocionais dispersas, concentrando nas suas pessoas poderes acrescidos de cura associados à intervenção divina


O Médico Galenus num fresco medieval

Estátua de Hipócrates


Hipócrates
Busto-retrato do médico helénico Hipócrates de Cós (ca. 460-380 A.C.), considerado o "pai da Medicina" e ainda hoje rememorado pelo famoso juramento deontológico de iniciação às artes médicas convencionais


Asclépio e sua filha Higyeia
[mais iconografia clássica em "Statues and Temples of Asclepius", http://catholic-resources.org/AncientRome/Asclepius.htm]


Esculápio, deus da Medicina
Estátua de mármore do período clássico, Copenhaga


Asclépio
Estatueta grega em mármore, ca. 400-20 AC


Raízes
Apolo com a serpente da cura. Antes da expansão do culto de Asclépio no mundo helénico, o deus protector das artes médicas era Apolo. Idêntico culto foi prestado a Apolo nos primeiros séculos de expansão da Civilização Romana.
Estátua truncada do Louvre. Cópia romana de original grego


Raízes
O deus egípcio IMHOTEP é considerado um dos antecedentes mais directos na genealogia do grego Asclépio


Apolo, o Centauro Quíron e Asclépio
Fresco oriundo das ruinas de Pompeia, actualmente no Museu Arqueológico de Nápoles


Testemunhos coríntios
Ex-votos ofertados pelos crentes a Asclépio em Corinto. Ocupam lugar destacado braços, pernas e seios

Planta reconstitutiva do Asclepion de Pérgamo


Relevo dedicado a Asclépio
Ornamentação de um pilar de mármore no antigo Santuário de Pérgamo: uma coroa de folhagem de oliveira delimita um círculo onde se contorcem duas serpentes que sorvem o líquido da taça da vida. A serpente desempenhava a dupla função de curar (lamber os ferimentos) e renovar/ressuscitar (mudança anual da pele)


Representação do jovem Asclépio

sexta-feira, 7 de setembro de 2007


Esculápio
Desenho efectuado com base numa estátua de mármore existente no Museu do Louvre.
O Deus da Medicina, filho de Apolo e de Corónis, recebeu de seu pai o dom de curar. Criado e instruído pelo Centauro Quíron, aprendeu as secretas artes médicas, numa época em que Medicina, magia, superstição e curandeirismo uniam as mãos.
Apolo e Atena intervieram na sua formação. A padroeira de Atenas ofereceu ao seu protegido duas taças com o sangue da terrífica Górgona. Uma continha sangue envenenado, a outra revelava-se capaz de ressuscitar os mortos. As curas operadas e as ressurreições enfureceram Zeus que, enciumado, fulminou Esculápio com um raio.
O símbolo clássico da Medicina no Velho Mundo é constituído pelo bastão e serpente de Esculápio.
Na Idade Média, certas universidades como Lisboa/Coimbra adoptaram a figura de Galeno na representatividade da Faculdade de Medicina. Posteriormente, a UC evoluiria para uma figura feminina erecta, adornada com o bastão de Esculápio e acompanhada por uma cegonha


Esculápio
Estátua de mármore em vulto redondo, associada ao Santuário de Epidauro


Esculápio e suas filhas
Da representativa prole de Esculápio, merecem destaque Higieia/Salus e Panaceia, a última em rara representação e praticamente confundida com sua irmã no tocante à matéria icónica. O deus da Medicina faz-se rodear da serpente e de Telésforo


Museu do Epidauro
Artefactos médicos em metal e cerâmica encontrados nas escavações realizadas no recinto do Santuário de Esculápio. Acervo do Museu de Medicina do Epidauro

Planta do Santuário de Epidauro
Reconstituição dos espaços destinados ao culto religioso de Esculápio, acolhimento de devotos, peregrinos e doentes, atletas de alta competição e actores que de 4 em 4 anos animavam as asclepeias


Ruinas do Santuário asclepiano de Epidauro


Santuário de Pérgamo
Ruinas do antigo complexo religioso e medicinal de Pérgamo, dedicado ao culto de Esculápio, cuja estrutura conglobava templo, teatro e "enfermarias". Neste espaço terá Galeno feita a sua iniciação nas "artes médicas"



Ex-Voto de Epidauro

Testemunho de cura alcançada e de louvor a Esculápio. Lápide alusiva a membro inferior e pés, encontrada nas ruinas do Santuário [de Esculápio] de Epidauro

Ex-Voto
Lápide votiva gravada em sinal de respeito e agradecimento a Esculápio. A figuração da perna, cuja cura se terá obtido, vem acompanhada da legenda grega "Dedico este voto a Asclépio e a Higieia em sinal de agradecimento".
Testemunho escultórico-epigráfico do século II, encontrado em 1821 num santuário da Ilha de Milos, perto do Mar Egeu. As semelhanças entre este espécime grego e os ex-votos de cera (figurando ouvidos, mãos, pernas, braços, seios e narizes) que os cristãos ocidentais depositam em capelas e santuários católicos são de tal maneira flagrantes que quase se torna dispiciendo anotar a continuidade das crenças



Lápide Votiva

Ara romana dedicada ao deus da Medicina, Asclepio, existente nas colecções do Vaticano, com a seguinte inscrição epigráfica: "T Flavius Antyllus Ex Viso Asclepio Aram Consecravit"