quarta-feira, 21 de novembro de 2007


Projecto da Cidade Universitária da Universidade do Brasil
Maquete de Marcello Piacentini/Vittorio Morpurgo (1937) encomendada pelo Ministro da Educação do Estado Novo de Getúlio Vargas, Gustavo Capanema.
Capanema anunciou em 22 de Julho de 1935 a intenção de edificar a Cidade Universitária do Brasil. Em Maio e Junho de 1935 foram estabelecidos contactos entre o governo brasileiro e Piacentini através da Embaixada do Brasil em Roma. A 13 de Agosto de 1935 Marcello Piacentini deslocou-se ao Brasil e estudou o local destinado à implantação do projecto. Retornado a Roma em 24 de Agosto desse ano, comprometia-se o técnico italiano a elaborar os anteprojectos e maquetes solicitados pelo governo brasileiro. Entretanto, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitectura do Rio de Janeiro exarava o seu descontentamento pela opção ministerial.
O Ministro fez nomear uma comissão brasileira destinada a apoiar Piacentini, mas a equipa exigiu endereçar convite a Le Corbusier. Por seu turno, uma facção pró-hitleriana insistia na necessidade de estabelecer contactos com os técnicos a serviço do Reich Jansen e Mach. Le Corbusier chegou ao Rio a 13 de Julho de 1936 e nesse mesmo ano elaborou um projecto de Campus Univsersitário assente na ideia de um parque/jardim com pavilhões e infra-estruturas dispersas assentes em estacaria de betão.
Capanema não estava nada interessado na proposta esboçada por Le Corbusier. Em 1937 declarou extinta a comissão brasileira de apoio a Piacentini e voltou a contactar o arquitecto de Mussolini. Em Setembro desse ano, Piacentini enviou ao Brasil como seu representante o arquitecto Vittorio Morpurgo com vista a aprofundar os estudos. Concluídos os esbocetos e a maquete, esteve esta exposta na Embaixada do Brasil em Roma, após o que foi remetida ao Brasil.
O projecto mereceu grande destaque por parte da imprensa fascista da época. Piacentini/Morpurgo seguiam de perto o projecto da Cidade Universitária de Roma, oscilando entre o biologismo e o urbanismo monumental do antigo Império Romano. A masterpiece da maquete era a Reitoria, espécie de cérebro e torre de comando centralizada, disposta no topo da alameda. Da Reitoria nasciam alas simétricas destinadas a albergar a Faculdade de Ciências, Letras e Filosofia, Direito e Ciências Sociais, além de um Hospital, Estádio desportivo, Museu e outras infra-estruturas. O acesso ao recinto far-se-ia através de um pórtico monumental destinado a enfatizar o pavilhão reitoral. Evidenciando traços comuns a Roma e a Coimbra, o projecto São Paulo remete para um universo omnisciente, fechado sobre si próprio, menos tributário do forum romano imperial e proventura mais próximo da organização interna dos templos faraónicos do antigo Egipto.
Apesar dos esforços de Capanema e dos honorários pagos à dupla italiana, a empreitada da Cidade Universitária do Brasil nunca saiu do papel.
[mais informação em Simon Schwartzman, Helena Maria Bomeny e Vanda Costa, "Tempos de Capanema", http://www.schwartzman.org.br/simon/capanema/capit3.htm]

1 Comentários:

Blogger Renata Zampieri disse...

Olá,

A respeito das informações publicadas em seu blog no dia 21 de novembro de 2007, sobre o "Projecto da Cidade Universitária de São Paulo", gostaria de salientar que você comenteu um equívoco bastante grande. Na realidade toda a história que tu estás contando, refere-se à Cidade Universitária da Universidade do Brasil, que seria situada no Rio de Janeiro, não tendo nada a ver com São Paulo. Tome muito cuidado no que irá publicar, tenha atenção em suas fontes bibliográficas, pois você está repassando informações para muitas outras pessoas, que as admitem como corretas. Procure na própria internet informação sobre o Projeto para a Cidade Universitária do Brasil, que encontrarás diversos artigos escritos por teóricos da arquitetura brasileira, que certamente esclarecerá este seu equívoco.

Fica o alerta e a sugestão para correção!

1 de julho de 2011 às 07:56  

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