segunda-feira, 22 de outubro de 2007


Exéquias municipais
Em Portugal, o falecimento de um Chefe de Estado implicava a dinamização de um importante conjunto de rituais e cerimónias. Na memória oral ainda substiste lembrança da Quebra dos Escudos, uma autêntica peça de teatro de rua, encenada e representada pelos presidentes de câmaras e vereadores municipais, cujas palavras rituais ficariam para sempre associadas à letra do primitivo "Fado da Severa".
A gravura representa dois vereadores da Câmara Municipal do Funchal, aquando das exéquias solenes (ou Quebra dos Escudos?) realizadas em Outubro de 1816 após o falecimento da Rainha D. Maria I no Rio de Janeiro.
Um dos vereadores, de pé, enverga traje tradicional português comum aos edis, oficiais da Universidade de Coimbra e oficiais de Justiça (bem como deputados), merecendo destaque a vara, o espadim, e conjunto casaca/calção complementado por tricórnio emplumado, arcaica peruca de cachos, plastron e mantéu de estolas brancas. Um segundo vereador, sentado, ostenta traje de dó, marcado pelas meias altas pretas e colete de mesma cor. O chapéu será um abeiro de feltro ou de tela revestida de tecido, do qual pende longa faixa de pano preto, confirmando a antiga tradição que mandava desabar os chapéus e "arrastar" panos em sinal de pesar. As varas da vereação - que eram douradas em certos municípios, como Coimbra -, parecem-nos integralmente pintadas de preto, em conformidade com o protocolo observado nas Quebras de Escudos.
[gravura editada na obra "Official Drefs of Members of the Camara or Senate on the Death of the King and acession of his Sucessor", London, At R. Ackermann's, 1821, on line no endereço http://www.arquipélagos.pt/. Agradeço ao Prof. Doutor Nelson Veríssimo a notícia relativa a este documento]

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