quarta-feira, 19 de setembro de 2007


Corpo da Guarda dos Archeiros da Universidade de Coimbra
Grande Uniforme oitocentista, adoptado na década de 1830, após o triunfo do regime liberal. Originalmente, este conjunto vestimentário (que procurava seguir de perto o protocolo da Casa Real Portuguesa), era constituído por casaca militar em azul escuro, de aba de grilo, com ornatos no colarinho e bocas de mangas, fechando frontalmente com botões dourados e decorados com as armas de Portugal; sapato preto de cerimónia, apetrechado com fivela de prata; meia branca alta; calções de alçapão, em azul escuro, apertando abaixo do joelho, com fivela; colete branco de cerimónia; camisa branca lisa; plastron branco; tabalarte guarnecido com as cores da Monarquia Constitucional (azul e branco); espadim; luvas brancas; bicórnio napoleónico de feltro negro, com presilha e galão singelo; alabarda.
O Corpo de Archeiros da UC participava em todas as solenidades festivas e funerárias atinentes à vida da Alma Mater Conimbrigensis, cabendo-lhe ordinariamente a ronda diurna e nocturna do Paço das Escolas e Bairro Latino. A suas raízes mais recuadas mergulham na criação do foro académico pelo Rei D. Dinis, aquando da primeira transferência do Studium para a cidade de Coimbra.
Com a Revolução Republicana de 1910, a função cerimonializante dos Archeiros caíu em desuso. Retomada a tradição nos anos da Primeira Guerra Mundial, o uniforme consagrou as cores republicanas e o bicórnio deixou de ver-se sem justificação credível.
Ridicularizada no século XIX e no primeiro quarto do século XX, a farda de gala dos archeiros/alabardeiros ganha finalmente o devido lugar no campo do património cerimonial e vestimentário europeu. A sua singularidade, raridade e originalidade no contexto português, colocam o Corpo de Archeiros da UC ao nível da famosa Guarda Suiça Pontifical do Vaticano e da guarda da Casa Real Britânica (os Beefeater's ou Yeoman Warder).
A fotografia documenta seis archeiros em grande uniforme no dia da Abertura Solene da Universidade de Coimbra, alinhados junto à porta do fundo da Sala dos Actos Grandes, traduzindo o conjunto oitocentista alguma erosão. Falta na imagem o Guarda Mor das Escolas Gerais.
Reportagem fotográfica de Rui Lopes

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